DESABAFOS DE MOMENTOS SOFRIDOS

Adeus... 30 de Abril de 2012

Partiste para outro mundo, sem me dizer... anos se passaram e a dor de impotência, de culpa de não ter acordado mais cedo é a mesma. Partiste para outro mundo, sem me dizer... Um mês.... Um mês se passou, que tu me deixaste, nesta solidão horrível, nesta dor sem fim....um mês e ainda hoje pego no telefone e ligo-te....silêncio do outro lado da linha e choro compulsivamente, porque tu partiste meu marido, meu companheiro, meu confidente. 

Porque partiste sem me dizer adeus? Porque não me disseste que te sentias doente? porque me deixaste acordar e tocar na tua pele já gelada, e eu ainda pensando que não estavas morto, mas sim em coma....mas foi breve esse pensamento, porque quando fui fazer-te a respiração boca a boca, já tinhas a língua roxa, a tua cor amarela e tão gelada....não queria, não quero aceitar meu querido, que me deixaste nessa madrugada, sem me dizer adeus.

A raiva, a dor tomou por completo conta do meu ser, ainda não refeita da partida nossa filha e já tu partiste também...porquê a mim? Porquê? Serei um monstro que mereça tamanho sofrimento? 

Será que fui condenada a sofrer para o resto da minha vida? Grito novamente no silêncio da minha solidão, da minha dor, e sinto que já não estou cá, nossa filha levou metade de minha alma, agora levaste contigo a outra metade, que me resta? 

Nada....raiva, rancor, dor, solidão, pesadelos... Choro ao escrever-te estas palavras...só hoje consegui escrever-te, e espero que com esta carta, saia da fase da não aceitação da tua partida, e me convença de vez, que não mais te vou ver, não mais vou desabafar contigo, não mais te vou tocar ou beijar....porque tu....partiste deste mundo, nessa maldita madrugada, ao meu lado e eu sem saber nada, escondida no meu sono da noite. Para ti esta música, para ti, estas rosas, para ti o meu beijo de ADEUS..Até eu me juntar a ti e à nossa filha.

Só por ti... meu amor-302 

Vou ser forte de novo, vou encontrar aquela mulher, que um dia fugiu dentro de mim, vou procurá-la por entre os sítios mais recônditos, vou encontrá-la, sim, só tu me irias fazer procurá-la.

 Quando a encontrar de novo, vou-te proteger de teus medos, de tuas angústias, dessas noites de solidão, vou deitar teu rosto em meu colo e com carinho faço-te adormecer, mexendo em teus cabelos, acariciando teu rosto. Vou-te mostrar o quanto foste feliz em tempos passados, não vou deixar que caias, não vou permitir, que a escuridão tome conta de teu ser. 

Vou ser a luz de teus olhos, vou ser a calma, que tua alma precisa, vou ser tuas mãos, para te agarrares à vida, com a força dum leão, com a ternura duma libelinha, com a sinceridade duma criança, com a alegria da primavera. Essa mulher que se perdeu por entre os anos, não pode estar muito longe, porque ainda sinto o seu cordão umbilical tocando em minha alma.

Vou encontrá-la de novo, vou ser forte, corajosa, feliz, vou aprender a sorrir de novo, vou aprender, como se olha com amor, sem nada pedir em troca e tudo isso, só por ti.......Por ti....tudo farei, para que te veja feliz. 

Um rasgo na carne-303 

Senti um rasgo na carne, olhei e nada vi, voltei a olhar, então que vejo eu? Uma poça de sangue, vermelho, como a rosa mais vermelha que existe neste universo. Colei a mão no lugar onde o rasgo, foi sentido, e não havia feridas, não havia nada que justificasse, esse sangue........Aterrorizada voltei a olhar à minha volta e que vejo?

Nada. Nada de nada, mas o sangue continuava a escorrer, por esse rasgo...Então olhei para dentro de mim.... E vi meu coração dividido entre a raiva, o amor, a dor e a indiferença e por ele corria um fio de sangue cor-de-rosa, um rosa pálido. 

Meu Deus, pensei eu, devo estar a enlouquecer, o sangue é vermelho, o coração está inteiro, donde vem esse rasgo? Porque o vejo? Porque o sinto? Novamente outro rasgo na carne, debrucei-me, coloquei de novo minha mão.... Por ela corria sangue de novo, um sangue lindo, com pétalas, então sorri.....O sangue já não era vermelho, era amarelo, transformara-se numa rosa linda, encantadora, que me fez sentir e olhar de novo meu coração e nele já não vi raiva, dor, indiferença....vi paz, sossego, vi nele um sorriso brilhante....... És meu mar...

Meu tudo...304

 És meu mar.... Rebentando em minhas rochas

 Minhas ondas... Acariciando minhas costas 

Minhas algas.... Massajando meus pés 

Minha noite de nevoeiro 

Minha noite de luar 

Beijando minhas marés 

És o sal .... Que minha alma, vai temperar 

És a areia Onde meu corpo vai deitar

 És a água.... Que meus lábios vão beber 

Saciando minha sede 

De amar, de viver 

Para todos os companheiros(as) do Facebook-305 

Neste dia, em que o por do sol espreita envergonhado, neste dia, em que ele aparece ao fundo do horizonte, como um raio de luz, sumido, mas sempre luminoso e sorridente eu desejo :- Que sorrias - Mesmo que esse sorriso seja triste 

Que sorrias - porque teu sorriso é a alma de meu universo Que sorrias - Porque sem teu sorriso, meu dia fica cinzento 

Que sorrias - Mesmo que uma chaga, queira se abrir em teu coração 

Que sorrias - Para que num amanhã, me possa lembrar, que um dia sorriste para mim 

Que sorrias - Para que teu sorriso, tire minhas dores, minhas mágoas, meus fantasmas Neste dia que é hoje - Eu quero tudo de ti, o teu bem, o teu mal, a tua alegria, a tua tristeza, as tuas dores, mas.......Acima de tudo - O teu belo sorriso Boa Páscoa meus companheiros deste universo tão pequeno, mas com ta força, com tanta união....

Deus....quem és tu?.. 306 

Deus....quem és tu? Porque me persegues como um castigador? Porque te oiço um dia e no dia seguinte, Castigas-me e deixo de te ouvir? Que mal te fiz eu? Conta-me, mas conta-me a verdade toda Porque me tiras tudo o que eu quero? Porque matas meus sonhos? Porque me espezinhas? 

Deus....Quem és tu afinal? Deus.... Porque me tiraste minha filha? Diz-me onde ela está... preciso dela comigo Porque roubaste parte de minha alma? A outra parte não a encontro, não sei dela Sinto-me desprotegida....... porque me tiras tudo afinal? Deus.........diz-me por favor, quem és tu? Deixa-me ouvir a resposta, preciso dela Para aguentar esta carga, esta selva........... 

Quero-te hoje meu pai...307 

Hoje...dia do pai, o meu está longe, e sinto-me tão só. Já nem a escrita me preenche, olho à minha volta e só vejo os meus dois canitos, que me observam em silêncio, que falam comigo no silêncio das minhas palavras. 

Estou farta desta vida cruel, desta vida, que me trás a solidão de tempos a tempos. Quero respirar e não consigo, tenho um poço de ar no peito, que não me deixa nem tão pouco gritar. 

Quero gritar alto e bom som, nem que seja para estas quatro paredes :- Afasta-te de mim solidão....Afasta-te de mim dor maldita, abre-me estas grades, porque já não tenho forças para falar contigo, com o teu silêncio. Sinto tua falta meu pai, hoje mais do que nunca, porque estou só. 

Voa para junto de mim, deixa teus pensamentos atrofiarem os meus, que estão tão confusos. 

Na procura....308 

Vagueava por aí, na procura de algo, mas o que? Nunca cheguei a saber, duma palavra? Dum texto? Dum tudo? Dum nada? Fiz-me essa pergunta tantas vezes e jamais obtive a resposta, a essa minha dúvida. Talvez tivesse encontrado, talvez não, mas a minha busca continua....

Na procura desse Deus, que o vejo, no menino que joga a bola e na bola também Em todo o universo e nas suas partículas também. No mar que me acompanha, e nas suas ondas que se vão .Num sorriso luminoso, e num olhar triste também.

Na procura da paz, e nas minhas revoltas também No pássaro que voa, e naquele, que poisa em meus ombros também No aproximar duma criança, e no adulto que desaparece também Afinal que procuro? Não sei....mas meu sonho continua...E minha vida também 

Poesia é.....309 

Poesia é amor Não é cultura 

É o libertar duma lágrima 

É um crescer de ternura 

É um canteiro em flor Não é só dor 

É o viver duma aurora 

É o sabor duma cereja 

É o cheiro duma amora 

Poesia é um sorriso 

É alegria Um grito de liberdade 

É paixão É um corpo em explosão 

Poesia és tu... sou eu... 

É o universo em movimento 

É uma estrela cadente 

É o brotar dum sentimento 

É a lua em quarto crescente 

Minha mãe...310

Minha mãe... Minha amiga, minha querida Tua presença está em mim Todos os dias... Quando me telefonas Quando sinto a tua alegria Quando sinto tuas lágrimas Umas com sabor a mel Outras com sabor a maresia Quando me vens visitar Teus carinhos, teu amor 

Sinto na alma, sinto na pele Tanto te sacrificas Para me ajudar... Como gostaria de ser como tu Ter esse olhar brilhante Com esse sorriso a cada instante E quando te chamam tagarela? Muito me consola... Porque tua voz... É um conjunto de cores.

Pintada numa tela Linda...melodiosa Amo-te tanto minha mãe Somos três... Eu...Tu...Nós.. 

Da cor do sangue...312 

Agarrei no livro em branco que me deste, para lá colocar minha poesia, mas não cheguei a faze-lo, coloquei lá tua foto, que a olho neste momento, com um olhar tão profundo, tão dorido, que me faz doer as fibras mais sensíveis de meu ser. 

Desfolhei-o pagina a página, e por essas folhas corria o teu sangue, o meu sangue, numa mistura mística de amor/raiva, de presença/ausência, de dor/alegria...tudo o que nós vivemos em tão curto espaço de tempo. 

A meio do livro, encontro aquela rosa que me deste no dia que nos conhecemos, tão murchinha, mas sua cor ainda permanecia intacta, como se fosse a testemunha ocular da nossa dor, do nosso amor, esse proibido, que me afastou de ti, nas horas amargas que teu coração falhou. 

Fecho os olhos, recuso-me ver de novo tua foto, recuso-me ver essas folhas que me falam de ti, que me contam tua vida, nossos amores, tua partida... Mas porquê? Porque tinha que ser esse amor proibido? Porque esse livro que nada tinha escrito, agora está cheio de linhas escritas à mão, da cor de sangue? Se essa letra não é minha, não é tua?

Porque?.... Porque serás eternamente o meu amor proibido? Que deixou-me uma réstia de si...este livro em branco...uma rosa e uma foto... 

Um dia...313 

Mais uma vez nos desentendemos 

Falamos a mesma língua 

Uma, sai em chinês, a outra, em italiano 

Tu dizes amaste-me, eu digo...te amo 

Tu foges, escondes a verdade 

Eu sinto tua falta, a dor da saudade 

Tento sorrir, brincar, para não te magoar 

Tu... vez em mim, a egoísta, a mimada 

Que não sabe te compreender 

Que não sabe amar 

Um dia vamo-nos entender 

Não vou mais chorar 

Não vais mais sofrer

Um dia...313

 Mais uma vez nos desentendemos 

Falamos a mesma língua 

Uma, sai em chinês, a outra, em italiano 

Tu dizes amaste-me, eu digo...te amo 

Tu foges, escondes a verdade 

Eu sinto tua falta, a dor da saudade 

Tento sorrir, brincar, para não te magoar 

Tu... vez em mim, a egoísta, a mimada 

Que não sabe te compreender 

Que não sabe amar 

Um dia vamo-nos entender 

Não vou mais chorar 

Não vais mais sofrer

Mamã...314 

Mamã........vês esta lágrima ao canto de meu olho? Estou emocionada e ao mesmo tempo bateu uma saudade louca de ti, quando o nosso menino mandou-me escrever aquelas coisas para a mãe. 

Também eu, há bem pouco tempo dizia que íamos ser felizes, para sempre e hoje? que resta de mim? um peso enorme, chamado dor, saudade, sofrimento...porque esse sempre.... foi tão breve, apenas durou dois anos. 

Quando te voltarei a ver? Esta vida já não tem sentido algum para mim e tu sabes disso mamã querida, tudo ao meu redor é negativo, é dor, é raiva e revolta...porquê? Pequenos momentos de alegria, quando nosso menino está aqui comigo, e depois? Tudo se vai....tudo fica na escuridão da solidão, do silêncio, porque já não há a tua voz .....mamã querida. 

Bom dia mulher...315 

Bom dia mulher, tu.....que carregas todas as tuas cruzes em silêncio, que desdobras-te para que teu corpo e tua alma se divida em duas, três, as necessárias que a vida e o momento exige. 

Tu.... que te chamam um ser débil e frágil, mas dentro de ti, tens a força dum leão, esse leão sem juba, mas com garras para enfrentar o mundo, nas horas amargas, nas horas que sua família e amigos de ti precisam. 

Mas...também digo BOM DIA HOMEM - que és a outra metade da mulher, que a ajudas a criar seus filhos, tu.. que no silêncio do quarto, sentes e limpas as lágrimas da mulher, dando-lhe o ombro, para que no dia seguinte esse ser chamado mulher, ganhe de novo vitalidade, para enfrentar o mundo, dando forças, soltando forças, sorrindo para o mundo, mesmo que esse a traia e dizer: - Bom dia vida, sou feliz, porque sou mulher. 

O amor e a esperança....316 

Azafama no hospital.......ele estava de serviço naquela noite, Noite de tormentas, em que as memórias, lhe vinham à mente e que seu intimo se recusava aceitá-las, porque era um dia de muita gente nas urgências e precisava de se entregar de corpo e alma, àquelas pessoas que vinham ali, para ele as curar. 

Barulho duma sirene, estava auscultando um doente, parou, e com essa paragem, seu coração disparou a uma velocidade vertiginosa, mas... depressa se refez, não podia pensar em nada naquela noite, naquele momento. Saiu o doente, entrou outro, e mais outro e assim chegou as duas da manhã.

 A sala estava vazia, veio cá fora. Com passos lentos, e o pensamento longe, agarrou num cigarro, já tinha deixado de fumar, mas quando os tormentos o vinham perturbar, recorria aquele cigarro, que todos os dias, o colocava no bolso.

Olhou para ele, deu um sorrio de escárnio, como se ele o enojasse, mas deu por si a acendê-lo. Deu uma passa nesse cigarro, e através do fumo viu vultos correndo dum lado para outro, ouviu sussurros e como estava num estado de letargia, continuou com seu cigarro, que naquele momento era sua companhia. 

Estava uma noite boa, uma temperatura agradável, para aquela altura do ano, mas .....sentiu um frio entrando-lhe pelo corpo a dentro. Parou, olhou à volta e viu um colega seu, que o acompanhava desde a sua meninice. 

Era o irmão que nunca teve. Olharam-se... um... não sabia o que outro pensava, mas seus olhos demonstravam agonia, o médico pelos pensamentos que o atormentaram o dia todo e o colega, porque tinha algo a dizer-lhe e não tinha coragem .Foram entrando, seu colega pegou-lhe no braço, ele estranhou, mas como mais uma vez estava ausente, não deu importância. 

João.... Disse o colega muito sério, tremendo das mãos, .......vamos à minha sala, precisamos de falar. Ele segui-o, sempre com o espírito longe, vagueando pelo passado, esse passado que mal esse sonhava, estava ali tão perto de si. 

A caminho da sala do colega, uma enfermeira tropeçou nele e com a respiração ofegante disse .- Depressa, Dr., está ali uma doente muito mal. Ele largou o colega e foi a correr, nesse momento nada lhe veio à ideia, do que um ser humano precisava de si, com todas as suas capacidades em pleno. Entrou na sala.....olhou a doente, olhou a enfermeira e perguntou com um olhar:- Que se passa? 

A enfermeira levantou o lençol e diante de seus olhos estava uma mulher ensanguentada, precisa duma intervenção cirúrgica com urgência, ele não fez mais nada, mandou preparar a sala de intervenções e em segundos estava tudo a postos, para ele salvar aquela mulher, cuja vida estava em suas mãos. Como sempre.... Antes das operações erguia os olhos para cima e ficava com seus olhos húmidos, todo o hospital, sabia dessa característica, mas nesse dia essa humidade no olhar, transformou-se em lágrimas que corriam por seus rosto. 

Os colegas, as enfermeiras, perguntaram se ele estava bem, seu amigo de infância ainda o empurrou e disse-lhe: - sai, eu opero essa doente. Seus olhos pareciam faíscas, e suspirando, limpou as lágrimas, e disse alto e bom som :- esta doente é minha e eu vou salvá-la, jamais deixarei ela morrer, nem que para isso eu tenha que estar aqui dias inteiros. Ela é minha.......

Toda a sala estranhou, mas um silêncio se fez ouvir e o medico começou a operação, com uma calma, que nunca ninguém lhe tinha visto, uns olhos de ferro, com uma mistura de carinho, uma voz dura, mas tão doce ao mesmo tempo. 

Alguém comentou baixinho, que ele tinha endoidecido, mas ninguém teve coragem de articular qualquer som àquele comentário. Passaram-se cinco horas, o sol já raiava e a operação tinha terminado com êxito .O pessoal que tinha estado na sala de operações, comentavam que só um milagre poderia

salvar aquela mulher, mas o Dr. João tinha-a salvo e indagaram o porquê daquela reacção dele, mas só alguém sabia desse porquê e esse alguém afastou-se, comovido e ao mesmo tempo feliz, por saber que seu amigo tinha salvo o amor de sua vida, aquela jovem ,que os dois tinham conhecido há 30 anos atrás, aquela jovem, que foi o amor de seu colega por esses anos todos, sendo sempre fiel a esse amor, que a vida lho tinha tirado, porque nessa altura, a um filho dum pobre jamais lhe era permitido casar com a filha dum rico. 

O médico ficou à sua cabeceira, o tempo todo até ela recuperar a consciência. Assim que isso aconteceu, ele tremia só de a olhar, com medo da sua reacção, com medo que a viessem tirar-lhe de novo, mas manteve uma calma aparente.

Ela acordou, olhou à sua volta e seus olhos deram com os olhos do médico, ela ficou a olhá-lo fixamente e meio a balbuciar perguntou:- Onde estou? Quem é o senhor? Dizendo isso, pegou-lhe na mão trémula dele e ao fixar os olhos em sua mão, gritou ainda sem forças não... não.... Não pode ser.... João...és tu? João és tu? 

Ele calmamente foi-lhe contando como ela ali tinha ido parar e como a reconheceu na sala de operações, pelo sinal que ela tinha no peito em forma de coração, sinal esse, que ele tantas vezes tinha beijado. 

Ela ouvia em silêncio e só lhe pegava na mão, chorando devagarinho e baixinho disse, e eu só te reconheci por causa dessa queimadura que tens na tua mão, quando me tentaste salvar daquele fogo. Juntos de mãos dadas, ficam uns minutos em silêncio, mas... ele queria saber algo mais e com coragem perguntou :- A quem devo avisar que estás neste hospital?

 Ela olhou-o e respondeu muito calma .... A ninguém, meus pais morreram. Ele... ainda sem forças e cansado daquelas horas de luta contra a morte, ainda balbuciou Teu marido? Teus filhos? 

Não me casei..... amei alguém há 30 anos atrás e só essa pessoa me poderia levar ao altar. Ele sorriu e sem se conter beijou-a docemente, deitou a cabeça junto à almofada dela e adormeceu, com um ar doce, meigo, feliz, essa felicidade, que um dia pediu a Deus e hoje a tinha encontrado. 

Nos ventos do mar....317 

Nos ventos do mar, deixo-me ir, à deriva, algum sítio eles hão-de me levar. Pedi aos ventos que me levassem a viajar, eles sorriram, pegaram em mim, suavemente, colocaram-me em seus lençóis e aí partimos sem destino. 

Viajei por mares desconhecidos, por terras de sua majestade, pelas ondas e seus navios gigantescos. Nessa viagem sorri, chorei, tive coragem, mas também tive medos, mas enfrentei o mundo, nas asas dos ventos.

Vi coisas que jamais imaginaria ver, sorri aos céus, falei com o mar, brinquei na neve, subi montanhas, percorri vales, mergulhei em charcos de águas, umas sujas, outras límpidas, como a alma duma criança .

Nessa viagem vi o filme de minha vida e tive vergonha da minha cobardia, das minhas fugas, dos meus devaneios, das minhas neuras, das minhas lágrimas, dos meus medos. Voltei...os ventos, trouxeram de volta à terra e estou aqui agora, segura que o meu manhã, vai ser tão diferente do meu ontem, do meu hoje.

Não sou ninguém....318 

Aprendi hoje, que não posso ser dona do mundo, que por muito que lute, por muito que sofra, para salvar as pessoas, não tenho capacidades para tal. Um dia sonhei, que era uma mulher grande, que ia enfrentar o mundo, para que não houvesse injustiças, que ia ser uma mulher rica, que construiria lares para idosos, orfanatos para crianças necessitadas, mas.... que sonho tão infantil.... a realidade é tão diferente, 

hoje vejo que nada tenho, que nada posso fazer monetariamente por todos eles, apenas abrir meu coração, meus braços, para os apoiar, apenas entregar meus ombros, para neles, suas cabeças deitarem e puderem dar vazão às suas lágrimas. 

Sonhei que iria ser sempre forte, que jamais iria cair nas horas amargas, mas, mais uma vez me enganei, sou tão fraca, tão sensível, que cheguei à conclusão que não sou ninguém. 

Adeus meu cunhado, meu amigo....319 

Foste embora...meu cunhado, meu amigo, meu ídolo. Sinto saudades de ti, não há direito, Deus ter-te levado assim aos 44 anos, Tu...que eras o apoio da família, que tinhas sempre um sorriso para todos nós. Como vai a família viver, daqui por diante, sem esse sorriso diário e constante? 

Não sei, meu amigo, meu irmão querido, como isso acontece, mas fecho os olhos e vejo-te sobrevoar, sobre nós, irradiando uma luz forte, muito intensa, com um calor incrível, que nos conforta, nos protege, limpando nossas lágrimas, aquelas, provocadas pela tua saída tão bruta de junto de nós. 

Se estiveres a ler-me....por favor apoia-nos a todos como sempre fizeste, não nos abandones. Não quero me lembrar, como te vi ontem.... Mas sim, aquele meu amigo, que irradiava paz à sua volta, que mimava sua mãe, como se mima um bebé, que sempre estava presente, quando dele se precisava. 

Quero me lembrar do rosto, do pai, do marido, do filho, do irmão, do cunhado amigo. Aquele rosto calmo e sereno. Recebe uma rosa amarela, a rosa que adoro, para te acompanhar nessa tua nova jornada.

Destino meu...322 

Destino meu...Se a vida tem um destino 

O meu, comigo nasceu 

Comigo vive Comigo cresceu 

Mundo feio, cruel 

Esqueceram-se de adoça-lo 

Com amor, com carinho 

Só com vinagre 

Nunca vi um doce ou mel 

Um dia de paz 

Dois de esperança 

Vinte e sete de dor 

Um dia de cor 

Trinta de escuridão 

Não vejo o verde 

Não vejo o amarelo 

Sinto tanta sede 

Não vejo um poço 

Só vejo solidão 

Vejo a forca 

Vejo a desilusão 

Já não tenho forças 

Para continuar 

Neste destino meu 

Que não consegui fugir 

Que comigo nasceu 

Renascer num clarão....323 

Caminho pela praia 

Olho o rebentar das ondas 

E vejo um clarão, que me ofusca 

Desse clarão sais tu, radiante 

Olhos brilhantes, rosto calmo 

Sorrindo, dizes - Voltei 

Sou teu rei, teu amor, teu amante 

E eu? ....... Nada dizia, só te olhava 

Mas algo, dentro de mim se partiu 

Olhei-te, fixei teu sorriso, teu olhar 

E deixei de ser "eu", numa nuvem 

Me transformei 

Numa pluma de gotas e trovões 

Voei....... Tão só me sentia, tão completa 

Depois fiquei.... Quem és tu? 

Que me deixou Esse borbulhar de emoções?

Meu senhor? Meu Rei? 

Meu amor? 

Ou uma ilusão perdida? 

Que nem lhe conheci o sabor? 

Corri feita louca...324 

Corri feita louca 

Para te encontrar 

Tropecei em pedras 

Tropecei em ervas 

Andei por selvas 

E nada encontrei 

Mas não desisti 

Fui ver o mar 

Fui ver a neve 

Falei com Deus 

Hummm Deus? 

Ele não me ouviu 

Supliquei....Chorei....Gritei.....

Mas ele me fugiu 

Falei com as rosas 

Falei com seus espinhos 

Mas...Sempre te encontrei 

Nunca digas adeus....325

 Senti......... Senti que eras importante 

Senti que eras algo precioso 

Senti que eras meu amante 

Senti que te perdi 

Senti um aperto doloroso 

Mas......... Nunca digas adeus 

Não suporto essa palavra 

Sai da minha vida 

Mas sai sem deixar rastos 

Mesmo que eu sangre uns dias 

Mesmo que eu chore 

Mas sai sem dizer nada 

Viveste para mim 

Viveste o nosso momento 

Deste-me o que de bom eu senti 

Deste-me o mais lindo sentimento 

Nada, Nada quero mais Mas...... Nunca digas adeus

Lua....326 

Tu és a lua que carrego dentro de mim 

Sonho a dormir, sonho acordada 

Não paro de pensar em ti 

Fecho teus olhos, para tuas pálpebras beijar 

Nesta fria e longa madrugada 

Com carinhos e com fervor 

Preparo teu corpo para poder amar, 

Com carícias, com beijos, 

Com amor Libertas todo o stress 

Dum dia de trabalho, te amo, te delicio 

Tua loucura se liberta, 

Nossos anseios se conjugam 

Nossos olhos se encontram 

Nossos corpos se rodopiam 

De paixão, de prazer 

De sentidos que arrepiam 

Um grito de Liberdade... 327 

Se eu soubesse dizer 

A palavra certa, na hora certa 

Não te ia perder 

Tu és a minha meta 

Disseste que esperavas 

Disseste que não fugias 

Tu foste a minha seta 

Tu feriste quem te amava 

Feriste meu coração 

Renegaste o que sentias 

Renegaste tudo, mas tudo 

O que eu te dava 

Tu foste a minha ilusão 

Como gostava de te esquecer 

Como gostava de arranhar teu rosto 

Mas.... Mas...Nada disso... sinto 

Apenas e apenas....... 

Um grito, mudo, um grito solto 

Um grito de amor 

Um grito de paixão 

Um grito de dor 

Um grito de Liberdade 

Um grito de solidão 

Uma lágrima de saudade 

Vou ...sim...328 

Vou por estes caminhos fora

Caindo aqui, caindo ali 

Mas vou-me levantar 

Vou deixar de pensar em ti 

Vou sorrir, Vou amar 

Vou conhecer a verdade 

Vou por estes caminhos fora 

Vou esquecer a saudade 

Saltitando, cantarolando 

Caminhando, e voando 

Nas asas do amor

Não vou mais sentir esta dor 

Que me está massacrando 

Liberta-te dizes tu....329 

Como é difícil, como custa, 

Se ao libertar-me fosse feliz, ficasse realizada 

Mas não, estou a presa um passado, 

A um presente, a um futuro 

Um futuro sem esperanças, 

Um futuro carregado de recordações, 

Deixa-me só 

Liberta-te de mim, 

Voa, sonha com algo real 

Sonha com alguém capaz de te fazer feliz 

Deixa-me.....deixa-me só, liberta-me de ti, 

Magoa-me, fere-me par eu te odiar 

Mas não me ames, não me queiras 

Não faças do teu futuro o meu futuro 

Para nós não há futuro, há apenas um presente fraco 

Um presente sem forças Um presente sofredor 

Eu estou fraca, com muita dor 

Eu quero-te mas não te posso ter 

Eu amo-te mas tenho que te desprezar

E tu pedes para eu me libertar? 

Sabes o que estas a pedir?

Alma vadia..330 

Sinto-me inquieta, ansiosa, mas estou bem....Mas dentro de mim, algo se mexe como um remoinho, fecho os olhos, aperto as mãos, ando dum lado para outro, sento-me neste PC, escrevo um bocado, saio dele, vou brincar com meu canitos e volto aqui, escrevo mais um bocado, mas sinto que algo me falta, algo que me faça vibrar, algo que faça meu coração saltar, algo que mexa minha alma vadia. 

Está a chover, irei para a varanda, molhar meu rosto com as gotas dessa chuva, que me faz viva, que me dá inspiração, que me lembra tanta coisa linda, em minha vida, tanta coisa triste, nessa mesma vida...., mas é uma das minhas paixões, tal como o mar.

Vou estender minhas mãos e que quando elas estiveram cheias de água, levá-las-ei a meu rosto, esfregando-o com suavidade, como fazia com tuas lágrimas. 

Vou-me lembrar das chuvadas que apanhei, sem as sentir em meu corpo, quando por ti esperava. Vou-me lembrar do meu primeiro beijo, que foi debaixo duma chuva torrencial, e fria, num dia de Inverno rigoroso. 

Vou-me lembrar-me do último beijo que te dei, que foi também num dia de chuva. Vou-me lembrar de tanta coisa, vou tentar, me esquecer doutras tantas, mas não posso esquecer que estou viva, que estou inquieta e que se assim continuar, antes de me deitar, vou pegar no carro e vou ver meu mar, meu amigo, meu confidente. 

A árvore do amor...331 

Era uma árvore seca, sem vida, muito mirradinha, completamente desfolhada, quem a olhava, sentia desdém por ela, e quantos comentavam, que fazes aqui, no meio dessas árvores gigantescas, belas, cheias de flores e de folhas verdes, luzidias? 

A árvore não respondia e cada vez que o lenhador ia para cortá-la, ela chorava, tremia, como um dia de vendaval e pedia-lhe: -dá-me mais uns meses, um dia, quando acordares, irás me ver crescida, forte, irei brilhar no meio dessa floresta, ser tua sombra, para te adormecer, quando cansado, te encostares a mim. 

O Lenhador, olhava para a árvore mirradinha, sorria e pensava - nunca passarás disso, mas não tenho coragem de te cortar, ficas por aí, até o dia que outro lenhador, não tenha sentimentos para te ouvir. 

Passaram-se uns dois meses, certo dia, um pinheiro forte, belo, cheiroso, olhou para a árvore que ali penava, sozinha, sem vida e sentiu que algo dentro dele se mexeu, não deixando de a olhar, falou-lhe carinhosamente, dizendo que ela era linda, elegante. 

Ela, muito tímida, sorriu-lhe, sem conseguir articular qualquer som, de tão emocionada que estava, por sentir que aquele belo pinheiro a olhou de maneira diferente, sem desprezo, sem piedade. 

Certo dia, o lenhador foi dar a sua volta por aquela floresta, lembrando-se da árvore mirradinha, aproximou-se do local onde ela estava, mas não a encontrou, sem dar por isso sentiu dor, por saber que alguém já a tinha abatido, sem dó, sem sentimentos, sentindo uma lágrima correr. 

Parado, pensativo, escutou uma voz doce, melodiosa, dizendo: - meu amigo, olha para mim, deixa-me limpar com minhas folhas, as lágrimas que estão caindo por teu rosto, encosta-te a mim e adormece em paz, porque um dia não me cortaste e hoje estou aqui linda, florida, pronta para te dar a sombra prometida. 

O lenhador reconheceu a árvore que um dia quis cortar e a seu pedido não o fez. Olhando para ela perguntou: - Como é possível que te tenhas tornado nessa árvore bela, cheia de folhas, duma cor viva?

Ela, olhando o pinheiro, que em silêncio escutava, apontou para ele, respondendo ao lenhador: - Foi ele, meu amigo, foi seu amor, seu carinho, sua atenção, que fez de mim a árvore que sou hoje - Deita-te debaixo de minha sombra, adormece à fresquinha, sente e assiste ao milagre do amor, esse amor que fez de mim o que sou hoje....Bela, forte e saudável. 

Felicidade... essa coisa tão grande e tão pequenina...332 

Um dia conheci uma menina chamada "FELICIDADE"...era tão pequenina, tão frágil, que me apaixonei por ela, tentando agarrá-la só para mim .

Ela... como ser indefeso que era, deixou-se agarrar e vivia comigo, dias e dias a fio, sem reclamar, sempre feliz. Mas certo dia... viu que era demais para mim, e tentou me avisar que se ia embora, eu não percebi e continuei iludida, que ela iria viver para sempre comigo. 

Mas... como estava enganada, não tinha sido feita, para estar junto a mim, e aos poucos, foi-se afastando, com mentiras, com falsas ilusões, com a palavra " hoje...não posso estar contigo". Não quis aceitar, que a felicidade um dia, se ia para sempre e comecei a pressioná-la, mas que tolice a minha, ela já não vivia dentro de meu ser, ela aos poucos já se tinha desligado de mim .

Hoje... encarei a realidade e vi que quis aquilo que não me estava destinado, quis ser feliz, quis sorrir, quis pular, quis voar, mas quem voou foi essa menina " a felicidade" que um dia pensei, fosse parte integral de meu ser .

Fugiu.... E nesse dia que ela fugiu, lutei, gritei de desespero, procurei-a no mar, nas pedras, na neve, no sol, entre as selvas, entre o universo e a realidade. Nessa busca ansiosa, em vez de encontrar essa menina, que baptizei de felicidade, encontrei outra em seu lugar, não tão linda, não tão luminosa, mas que me implorou que a aceitasse, que a deixasse viver dentro de mim. 

Não a quis, empurrei-a, mandei-a embora, mas ela, teimosa, se instalou e não mais saiu de mim, um dia ela pediu-me para eu lhe dar um nome, e nesse dia a baptizei, tal como tinha feito com a pequena felicidade e dei-lhe o nome de "TRISTEZA" 

Hoje, vive comigo, na esperança que nunca mais encontre, a menina frágil, sensível, procurando, que nunca venha a conhecer outra menina, com o nome de felicidade. 

Não tenho título para isso....333 

Fardos pesados, cargas dolorosas, cansaço, nostalgias, saudades, lágrimas, sorrisos forçados, tudo isso pesavam em meus ombros, e fui obrigada a tirar férias. Descansei muito, dormi, como não dormia há anos, muito, muito, fui ver meu mar, com ele falei, com ele sorri, dele ouvi seus conselhos, e foi nele, que durante estes 20 dias, larguei toda a minha carga negativa, mas.... Ficou algo em meus ombros, que não me pesa, mas que vive comigo no dia-a-dia, as saudades que tenho de ti. 

Deito-me.... Fecho os olhos e baixinho, sem ninguém me ouvir, grito, grito.... Dá-me teu rosto....para afagar o meu.... Dá-me teus ouvidos.... Para ouvir tua respiração Dá-me

teus lábios...para te poder beijar Dá-me tua alma...para comigo viver.... E tanta coisa mais peço.... Mas tu não me dás, só me deixaste teu cheiro, teu sabor e essas saudades incríveis de ti. Levanto-me vou até à varanda, olho o céu, as estrelas, as nuvens e dentro delas todas, vejo-te sorridente, me acenando, me dizendo...boa noite mamã, dorme bem, que eu olho por ti aqui.... 

É Lindo..334 

Vou citar algo, vou aqui colocar uma frase, que não é minha, mas que me deixou um sorriso nos lábios" Faz o que te deixar mais protegida, contra tudo que roube teu sorriso...."Porque sorri? Porque os meus melhores sorrisos, foram provocados pela pessoa que disse essa frase, e porque.... 

Foi essa pessoa, que me tirou de novo o sorriso. Ironia.... Como posso me proteger de algo que já não existe em mim? Como posso proteger-me, contra um roubo, que já me foi feito? É lindo.... Quando se fala poeticamente, e essa poesia não se sente na alma É lindo.... 

Quando se ama alguém, que nos tira o melhor que temos dentro de nós...o sorriso...o encanto pela vida É lindo....quando nos levantamos de manhã e sentimos, que mais um dia vai sobrecarregar nosso corpo, nossa alma, sem vida, sem gosto pelo sol, que espreita por nossa janela, à espera desse sorriso roubado, que já não vem. É lindo... quando vemos esse sol se transformando em chuva, porque nossos olhos estão enublados, estão rasos de água. É lindo....

 Quando a saudade nos bate à porta e sentimos raiva de nós, porque ela existe dentro de nosso íntimo. É horrível.... Ser irónica, como acabei de ser neste texto. 

Bom dia meu doce...335 

Acordei hoje de manhã, a pensar em ti, abri a janela e vi um sol radioso., brilhava tal teus olhos, quando me olhas com amor, com desejos. Olhei esse sol e vi-te lá no horizonte dormindo, aproximei-me de ti, dei-te um beijo doce e disse bom dia meu doce. Olhaste-me, sorriste-me e voltaste a adormecer. 

Fiquei a teu lado, velando teu sono. Acariciando teu rosto, brincado com teus cabelos, pegando em tuas mãos, beijando-as com carinho, com ternura. Enquanto dormias, ia pensando como tinha sido bom conhecer-te, sentir tua meiguice, tuas palavras de amor, sentir em meu olhar o calor do teu.

Esse olhar que me beija, sem me tocar, que me faz vibrar de felicidade, esse olhar que me leva até à eternidade, que me faz ver a chuva, que faz um espinho, se tornar na rosa amarela, a mais bonita em meu jardim. 

Por tudo isso só posso dizer: - Bom dia amor, como é bom saber que existes, em minha vida, em meu ser, em meu pensamento. 

Hoje...dia dos namorados...amei-te.....336 

Cheguei à tua sala, não estavas, sentei-me no sofá à tua espera, não vens, deitei-me nesse sofá, com se fosse um colchão de plumas, cor de mel, comecei a sonhar que voei para bem longe, que vi coisas belas, que passei rios, vales e montanhas, que sobrevoei o mar, que nele mergulhei, nas suas águas frias, que me trouxeram o sabor de teu beijo, que me deixaram o sabor de teu peito. 

Naveguei nas ondas de teu mar, que adormeci em teu barco e que poisei em teu leme. Acordei, com um toque suave nos lábios, eras tu, sorrindo para mim, aproximaste-te de mim, ajoelhaste-te e pediste-me um beijo. 

Dei-to... suavemente, para sentir o toque de tua pele, depois com minha língua, abri teus lábios ardentes de desejo e comecei a beijar-te profundamente, apaixonadamente, minhas mãos roçaram por tuas costas, numa carícia, que te fez tremer de desejos. 

Abraçaste-me com força, pedindo-me para te amar hoje, sem limites, sem tabus, com amor, com carinho, com delícia. Amei-te, como se nunca tivesse amado ninguém na minha vida, como se tivesse sido a minha primeira vez. 

Com suavidade, com desejos, com ânsias de ti. Senti teu cheiro, provei teu sabor, suei contigo, suguei teu peito, senti teu sexo dentro de minhas entranhas, tuas mãos percorrendo meu corpo...amei-te.... Como sei amar quem desejo, e a ti.... Desejo-te e amo-te, como nunca.

Nasci hoje....337 

Nasci hoje 

Cresci hoje

Aprendi hoje 

Que.... Não posso acreditar 

Não posso viver 

Na ilusão 

Não posso dar 

O que mais belo, tenho em mim 

Minha alma, meu coração 

Aprendi hoje 

Que a vida é uma ironia 

Aprendi hoje 

Que amanha 

Vou-me sentir vazia 

Cresci Aprendi 

E amanha, vou dizer 

Chorei, mas também, sorri

Folhas no chão...338 

Folhas no chão Caídas ao desencanto 

Minha mente está turva 

Meus olhos num pranto 

Lembro o tempo perdido,

Que não soube te prender 

Meus ciúmes uma doença 

Que torturou nossa relação 

Meu silêncio, uma facada 

Que feriu teus pensamentos 

Desse silêncio fiz uma estrada 

Que me levou à solidão 

Dos ciúmes uma curva 

Que destruiu teus sentimentos 

Folhas no chão 

Amarrotadas e vazias 

Meus dedos curvos e secos 

Incapaz de escrever 

O que vai dentro do meu ser

Para ti Tiago-339 

Para ti que escolheste vir a este mundo 

Cheio de podridão, falsidade e egoísmo 

Para ti que hoje és a inocência em matéria 

Para ti dedico este poema 

Cheio de calor, amor e repleto de conselhos 

Para quando teu rosto coberto de barbas 

Possa aparentar e nele reflectir, a tua alma pura 

Isenta de qualquer negatividade do teu "Eu" 

Para que possas um dia mais tarde 

Ser um grande entre os grandes 

Um humilde entre os humildes 

Um ser puro entre os puros 

No caminho da verdade 

Para que tu próprio te afastes 

Do mundo da maldade--- 

Para ti criança 

Só tenho a esperança em teu futuro 

Que tantas vezes te irá atraiçoar 

Deixo-te este poema e.... 

Nesse momento vais-te recordar 

Que, onde existe traição 

Tem que haver um pensamento teu 

Com um fundo de designação 

Verás os que te querem mal 

Verás os que te querem bem 

Iras saber com precisão 

Que neste mundo mau e feio 

Há sempre alguém.... 

Querendo bem a outro alguém 

Apetece-me dizer: - AMO-TE..340

Apetece-me dizer: - AMO-TE mas não posso, nossos corações tocaram-se, num toque de faísca ardente, num toque suave, de magia, de descobertas, de carinho, de liberdade.

Amo-te...como posso amar-te, sem te tocar? Como posso sorrir, sem ver teus olhos? Como posso sentir tuas mãos, num tocar crescente, de calor, de emoção, de paz?Mas tudo isso sinto, fecho meus olhos e abraço-te forte, beijo-te com ardor, aninho-me em teus braços e sinto-me uma criança/mulher, amada, acarinhada.

Amo-te tanto, mas não te posso ter, não posso fazer nossos corpos e nossa alma num só, não posso olhar-te com carinho e paixão, restando-me esse amor, calmo sereno, sem sofrimento, sem mágoas de ciúmes, porque não amo teu corpo, amo teu coração, tua alma.

Voa....341

A um presente, a um futuro

 Um futuro sem esperanças, 

Um futuro carregado de recordações, 

Liberta-te de mim, voa, sonha com algo real

Sonha com alguém capaz de te fazer feliz 

Deixa-me.....deixa-me só, liberta-me de ti, 

Magoa-me, fere-me par eu te odiar 

Mas não me ames, não me queiras 

Não faças do teu futuro o meu futuro 

Para nós não há futuro, há apenas um presente fraco 

Um presente sem forças 

Um presente sofredor 

Eu estou fraca, com muita dor 

Eu quero-te mas não te posso ter 

Eu amo-te mas tenho que te desprezar 

E tu pedes para eu me libertar? 

Sabes o que estas a pedir? 

Quando...342 

Quando penso que vou desfalecer, vem um lufada de ar fresco e reajo, quando penso que estou na mó de cima, vem um vendaval e me derruba...raio.....contradições de vida. Sou a balança da vida 

Sou a contradição em pessoa 

Sou um barco à deriva 

Vida curta...vida comprida 

Raios...que sou eu afinal? 

Uma maré por aqui perdida? 

Ou....... Um coração em tamanho temporal? 

A ti...343 

A ti, que estiveste ao meu lado nas horas que chorei e nas horas que sorri , nas horas que me lamentei e nas horas que, de uma forma ou de outra demonstrei total alegria............Agradecer pelo sorriso diário , sem mágoas, nem rancores , agradecer de peito aberto , de alma explosiva........

Hoje quero parar e agradecer, porque tudo o que fizeste e me deste em todos estes anos de minha vida, a Pipinha, a Mimi e o Xikinho, o teu amor, as tuas revoltas, as tuas dores, o teu sorriso, as tuas lágrimas e por tudo isso, te amo, não por seres quem és, mas por me deixares ser quem eu sou..........

Fazes e farás sempre parte de minha história, uma história a dois, de amor, amizade e acima de tudo de cumplicidade. 

Chuva...minha amiga...minha companheira..344 

Quando voltar a chover, vou por aí, soltar minha alma, vou correr, dizer ao mundo que ela me deixa uma paz, que poucas coisas nesta vida, o conseguem.

Em cada gota dela, vejo um pouco de meus olhos, que deita um fio de água corrente, que limpa meu coração. Em cada gota dela, vejo-me a entrar por vossa casa dentro, molhando vosso rosto, com um beijo meu, de carinho de amizade. 

Em cada gota dela, vejo meus dias de infância, que estudava com o corpo molhado, porque antes de ir para as aulas, andava à chuva. Em cada gota, vejo meu anjinho a correr pela praia, sorridente, feliz, com a alegria na alma e um brilho especial em seus olhos. Vou sair por aí, molhando meu corpo, dessa chuva milagrosa, que me dá inspiração, que me deixa leve, com uma pluma. 

Ò chuva, volta, por favor, sei que estou a ser egoísta, porque o sol faz tão bem, mas tu és a minha companheira, nas horas que vou visitar o meu mar, esse, que banhas também, com tuas gotas. 

Consigo penetrar em cada partícula tua e sentir-me um ser especial, que rega os prados, que dá água aos animais, que limpa a atmosfera, que alivia as almas, do fardo do dia a dia. 

Fazes tanta gente deprimida, mas a mim.... Minha amiga, és algo especial, libertas como disse à pouco, essa veia tola, deixando correr no papel, meus sentimentos, minhas ânsias, meus medos, meus sonhos. Tu e meu mar, são os seres especiais que a natureza fez o favor de me oferecer.

Bom dia vida....345 

Hoje acordei com a sensação de que não estou só, dentro de meu peito vibra uma calma incrível, que já não a sentia à muito tempo. O céu está cheio de sol, olho para ele com um sorriso e peço-lhe, dá-me essa chuva, que me dá paz, que me acalma, que me faz sentir jovem .

Adormeci com uma mão agarrada à minha, essa mão, não a via, mas sentia-a, apertava meus dedos, para afugentar meus medos, minhas revoltas, minhas dúvidas, minhas incertezas. 

Acordei a pensar no meu passado/presente e já não senti essa dor, que amargurava meu peito, provocando uma dor, sem sentido, mas que a sentia, como uma chaga aberta, que me tirava as forças, a vontade de viver. 

Falei contigo e mentalmente disse: - Obrigada por existires, obrigada porque apareceste na minha vida, mesmo na hora, que eu estava para desistir dela, sem medir as consequências, só pensando no meu egoísmo, na minha dor .

Bom dia vida.... Que voltaste a viver dentro do meu ser. 

As ondas gritavam meu nome....346 

As ondas gritavam meu nome, várias vezes, cada vez que batiam nas rochas, como um chamamento, como um hino à paz, ao amor, à calma, à beleza e, nesse estado de espírito, como num ritual, descalcei-me e fiquei parada a olhar o mar.

Estava obcecada com tantos sentimentos contraditórios, deixando-me ali estar por momentos, a olhar o infinito do mar. Em silêncio gritei-lhe: -- Disseste-me um dia, que eras meu amigo, que te podia confidenciar os meus segredos, tenho sempre feito isso, que tens feito tu? Tens-me ajudado? 

Porque me deixas ter este conflito de personalidade? Porque me deixas entre a espada e a parede, não conseguindo me identificar? Quem sou eu? Responde ó mar..........Pela primeira vez revoltei-me contra o mar, como se ele fosse um Deus, que pudesse fazer com que me encontrasse. 

Será que existe? Não sei....347 

Não sei descrever o que se sente, quando temos alguém a quem gostamos muito, alguém a quem amamos, que sentimos uma grande paixão, alguém que pomos num pedestal de vidro e temos que levantar o pescoço para olhar para ela., nos desilude e vemos esse pedestal se destruir, numa fracção de segundos. 

Um dia, sem saber porquê sentes.......... Que nunca foste ouvida, ouviste sempre........Que nunca foste compreendida, compreendeste sempre......Que nunca foste amada, amaste sempre.....

Que nunca foste esperada, esperaste sempre..... Mas, nesse dia, sentes-te culpada por ter esse pensamento e entregas-te mais, por sentimento de culpa e vai-se passando os dias, os meses e certo dia, volta esse sentimento até ti, só que com mais intensidade, porque aí sentes, que só servias, quando não havia mais ninguém, mas mais uma vez te culpas e mais uma vez, dás o beneficio da dúvida .

Até que um dia, uma frase forte, faz cair esse pedestal ao chão, tornando-o em cacos, e tu muito aflita porque pensaste mal, julgaste que percebeste mal, baixas-te e começas a colar todos os cacos. 

Mas....... Há uma parte do pedestal que desapareceu e tentas ansiosamente procurá-lo, mas nunca chegas a encontrá-lo e constróis esse pedestal, mesmo com os cacos que restaram e pões lá essa pessoa de novo. 

Olhas orgulhosa para esse pedestal, mas reparas que está mais baixo e sentes um aperto no coração. E pensas: - Porquê? Porque não sinto a mesma altura? Que se passa comigo? Então vês que essa pessoa, não era a mesma que amaste, a mesma a quem deste um amor incondicional, essa pessoa te tinha desiludido. 

Sentes uma grande dor dentro de ti, uma dor que fere o mais íntimo de teu ser, mas mesmo assim, ainda tentas pensar que a errada és tu, mas mais tarde, começas a ver que a pessoa só vem ter contigo, sempre com uma má disposição, sempre com pressa, que só veio dizer um olá, porque tinha que sair rápido, aí olhas para dentro de ti e respondes laconicamente - olá, sentindo uma indiferença 

Nessa altura, reparas que essa pessoa nunca te amou e essa dor que sentias, tornou-se num sentimento de desprezo, de indiferença, que dói mais que a própria dor.

Afinal o que é a amor? Não sei....porque, amo, ou não amo, entrego-me ou não me entrego, falo, mas também escuto, gosto que me compreendam, mas também compreendo, gosto que me esperem, mas também sei esperar.... 

Nunca...mas nunca...348 

Nunca...mas nunca, caia chuva, caia pedras, eu vou-me afastar daqui, vou ver as pessoas a correrem, a sentir o seu stress, vou ver olhos tristes, andando por essas ruas, caras crispadas, pela dor da vida, vou sentir o choro de cada criança que não têm um pai, um mãe, vou sentir o gelo da noite, meu corpo enregelando, porque deixei o casaco em casa, deixei o abafo que me ia aquecer nesta noite de espera...... 

Foi aqui que te perdi, foi aqui que te vi pela última vez, foi aqui que ouvi tua voz sumida pelo vento do adeus....mas sei que voltarás um dia... e nesse dia, estarei aqui, talvez já sem vida, mas minha alma te esperando, para te dizer, que nunca acreditei no teu adeus, porque sabia que um dia voltavas, tarde.... 

Sim...tarde..., porque já cá não estou para te abraçar, teus lábios beijar, teu pescoço afagar, porque a morte me levou com ela, nesta espera longa, dorida, nesta espera sem fim. 

Foi aqui que senti teus passos, lentos, pesados, cabeça virando para trás, teu olhar de desprezo. E....será aqui, que te vou esperar, será aqui, que irei te encontrar, porque já não consigo estar longe de ti e aqui... estou contigo, com teu rosto, com teu olhar de adeus...até sempre.

Nunca....mas nunca alguém me irá arrastará deste canto, desta rua, onde... um dia te vi partir, onde um dia, verei te chegar, cansado, arrasado, pelo abandono, mas... eu aqui estarei, para te receber, para te proteger. 

Se adormecer...349 

Hoje sinto-me diferente, como senão estivesse aqui, sinto um sono profundo, um sono que nada me deixa ver, nada me deixa sentir, vou dormir, vou entrar nesse sono profundo, e se acordar, quero voltar a ser "eu" de novo, senão acordar, posso dizer "obrigado", por tudo o que me deste, por tudo, que por mim fizeste, obrigado por saber que existes, obrigado pela tua amizade, pelas tuas palavras. 

Percorro o mundo, percorro rios, percorro montanhas, percorro prados, jardins e cada dia, me sinto mais longe desta vida....não sei se meu fim, está a chegar, mas......se assim for, que chova nesse dia, que em meu peito, veja uma rosa amarela, que à minha volta, haja sorrisos, que haja paz, porque só assim partirei, sorrindo também.... Se meu sono profundo, for a forma dum adeus.... 

Não vou chorar, porque te amei, senti teu sorriso, senti em teu coração o carinho que ele me mostrou, porque sei, que nesse dia, mesmo que longe, teu pensamento estará comigo, me dizendo um adeus de saudade, um adeus de amizade

Se acordar desse sono, quero ver à minha volta, um jardim de rosas, essas tuas rosas, verdes, vermelhas, amarelas, quero ser a terra de teu jardim, quero ser o espinho que me espeta, para que ele nunca possa atingir a ti. Se meu sono for tão profundo, o sono do até um dia.... 

Quero que nesse dia, leias em tom baixinho, os teus poemas, para minha alma acalmar, para que possa partir com tuas palavras, com tua voz, com teus olhos me olhando. Se adormecer......será para sorrir, para te lembrar, para te ouvir, para sempre... TE AMAR... 

A pedra pequenina....350 

Eras uma pedra tão pequenina quando te conheci..........Ainda me lembro, como se fosse hoje.... Brincava contigo, com a alegria no coração, era aquela peste risonha, como me chamavas.......

Quando essa peste, começou a amar-te, a pedra minúscula, transformou-se numa pedra gigantesca, com a força de meu amor. Hoje estás aí grande, risonha, luminosa, transformando-me numa partícula de ti, sem forças para me afastar e te poder transformar de novo, nessa pedra pequenina que conheci, meiga, silenciosa. 

A força de meu amor, te tornou numa pedra brilhante, como as estrelas no céu, que sabe que pode sempre contar comigo, nas horas boas e nas más também, deixa-me te mudar de novo, para seres a pedrinha que conheci, mas de maneira, que não me esqueça, que eu também quero me tornar linda, luminosa, cor do sésamo, cor da paz. 

Quero me tornar na tua pedra preciosa, que guardas em teu coração. Não quero ser uma pedra que salta de mão em mão, que brincas com ela, como se não existisse, mas sim aquela pedra, que guardas numa caixinha de veludo e nas horas tristes, a tiras de lá, olhas para ela e te tornas forte de novo, como sempre foste. 

Dá-me essa mão forte e juntos, vamo-nos tornar nessa pedra, que um dia nos fez sorrir. 

Andorinha ...351

 Sonhei, ser uma andorinha 

Ter asas e voar 

Em direcção ao teu cantinho 

Não sei o que aconteceu 

Perdi-me no caminho 

Não te encontrei no lar 

Nem tão pouco no paredão 

Fiquei triste e cansada 

Sem saber o que fazer 

Olhei o rio preocupada 

Perguntando-lhe qual a razão 

Precisavas de meus carinhos 

Sabia-te a sofrer 

Queria meu amor te dar

Meus lábios te oferecer 

Com teus cabelos brincar 

Em meus braços te aconchegar 

Por favor... Deixem-me ser eu 

O bicho dormente Que aqui vagueia 

Sem nada Com tudo Na mente

 A cor de meus pensamentos...352 

Se eu pusesse uma cor 

Em cada pensamento meu 

Minha aura ficava um arco-íris 

O branco da minha paz 

Hoje sim, amanhã tanto faz 

O preto dos meus tormentos 

Meu rumo, meus segmentos 

O azul do meu mar 

Meu confidente, 

Meu acordar 

O verde de meus sonhos 

Não sei onde estão 

Onde os ponho 

O rosa de minhas alegrias 

Poucas, mas sentidas 

O amarelo de minhas rosas 

Meu coração vibra 

Com seu cheiro 

Com suas batidas 

O cinzento da minha tristeza 

Tão feia, sem beleza 

O vermelho do meu sangue 

Que corre em meu corpo 

Em minha alma 

O que me dá amor 

O que me dá calma 

Quero ser.....353 

Quero ser um pássaro e voar 

Uma mosca e em ti....poisar 

Quero ser um peixe e nadar 

Quero saber...tanto de ti... 

Mas tenho medo 

Medo do presente 

Medo da verdade 

Quero viver dentro de ti

Mas....tenho medo 

Medo da minha mente 

Medo de ti..... 

Medo do que tua alma sente 

Quero ser o teu mar 

Quero ser teu "ser" Mas....tenho medo 

Medo... de te perder 

O que contigo aprendi....354 

Já viste?.......... O que contigo aprendi? 

A sentir, sem te tocar 

A beijar-te com amor 

A sentir a saudades 

A ser feliz, a sentir a dor 

Da espera sem fim 

Contigo aprendi 

De tudo abdicar 

Ver-te ir embora 

E não chorar... 

Dizer-te adeus a sorrir 

Com meus gritos mudos 

Que deliceravam o coração 

Mas consegui...ver-te partir 

Com a alma em chaga 

Com meu corpo em desejo 

Porque não consigo 

Olhar para mais ninguém 

Porque só a ti eu vejo 

Um dia partirei também 

Nas asas do amor 

Nas asas de teu beijo 

Um dia me vou.... 

E vou-te dizer a verdade 

Não sou ninguém... 

Sem ti, não quero liberdade 

O Cristal bruto...355 

Lapidei o cristal bruto 

Que havia dentro de meu ser 

Tornei-o num cristal leve, sensível

Não sei porquê... 

Antes era feliz... sorria 

E agora? Choro.... até adormecer 

Nada, que não fosse previsível

 Se o arrependimento matasse

Agora estaria morta 

Se o sonho me salvasse 

Mas.... nem esse já resulta 

Em cristal bruto.... 

Vivia a sorrir, era bronca 

Era sincera, era tonta, era bruta

Mas nem uma lágrima deitava 

Já não tem volta afinal 

O cristal depois de lapidado 

Já não volta ao seu normal 

Não preciso....356 

Não preciso.... 

De minha pele rasgar 

Finjo que está tudo bem 

Nas voltas que a vida tem 

Numa de não voltar 

Num grito abafado 

Num sorriso molhado 

Não preciso.... 

De rasgar minha alma

 Finjo que está tudo bem 

Não vou esquecer 

Que sou humana também 

Que vou ter calma 

Que estas lágrimas rebeldes 

Um dia vão desaparecer 

Por entre um oceano 

Por entre o universo 

Não vou mais chorar 

Nada mais que eu, tem valor 

Canto minha poesia em verso 

Minha escrita, em prosa vou cantar 

Nada tenho....357 

O grito da minha verdade.....358 

Não vou ter medo de te perder...359

Nada mudou...360

A FORÇA DE VONTADE DE VIVER...361

Estava sentada à beira mar e vi uma criança que não podia andar, mas a sua força de vontade de viver era tanta, que se rebolava pela areia, sorrindo, olhando para seus pais e nos olhos daqueles pais, via-se uma mistura de alegria sombreada por uma luz de tristeza, olhei para eles e sorri, aproximando-me da criança e com o olhar pedi aos mesmos, se poderia brincar um pouco com ela.

Eles consentiram, então peguei nele ao colo, deitei-o em cima de meu corpo e começamos os dois a rebolar pela areia, rindo, deitando areia, um para cima do outro, fui buscar meu telemóvel e fingimos que estávamos a telefonar para os pais, como a criança estava feliz ao telefone, falando com sua voz meia espanholada, pois só tinha 2 anos e meio. A alegria daquela criança, contagiou-me e aos pais, que olhando para mim com lágrimas nos olhos, agradeceram-me, por aqueles minutos, que conseguiram se esquecer que seu filho não andava.

Como a criança estava cansada, peguei nela ao colo e adormecia-a, deitei sua cabeça em meu peito, cantei-lhe uma canção (canto mal), mas a criança adormeceu. Com ela em meu colo, fiquei a pensar: Se temos forças para lutar, porque deixamos nos enfraquecer? Se podemos sorrir, porque choramos? Se podemos trabalhar? Porque muitas vezes, acordamos com a preguiça de o fazer? Se podemos ter amigos, porque nos entregamos à solidão?

Se podemos amar? Porque odiamos? Se podemos perdoar, porque nos entregamos ao egoísmo de não querer perdoar? Ainda a dormir e com meu coração leve, entreguei a criança a sua mãe e fui-me embora, pensando que aquela criança tinha-me dado uma grande lição - A FORÇA DE VONTADE DE VIVER

A barca dos sentimentos...362

As pancadas da vida, não conseguem me derrubar. Hoje, construí uma barca, idêntica à de Noé, não irei lá por animais, irei sim, colocar todas as minhas dúvidas, todos os meus desgostos, todas as mentiras que me foram ditas, todas as falsidades que me bateram à porta, as lágrimas, que por meu rosto correram e as que ficaram dentro de meu coração.

Lá irei colocar também, as vozes que me gritaram, os sorrisos cínicos, que me dirigiram, os olhares de pena e acima de tudo.... Os olhares de desdém que caíram em cima dos meus.

Essa barca, foi feita de lágrimas, de raiva, de rancor, todos esses sentimentos que me metem medo, mas para abandoná-los, coloquei uma vela, que irá levá-los para bem longe, nesse meu mar, que os receberá de braços abertos, para minha alma aliviar, minha boca sorrir, meu olhar amaciar.

Adormecer...363

Como queria esta noite, adormecer e sentir que me libertava de tudo, que meu espírito vagueasse por esse mundo fora, que sentisse a paz das pombas, o coração alegre, como o sorriso duma criança, a rebeldia dos adolescentes, a inocência das flores, o carinho das ondas, batendo em seu mar.

Cansada deste mundo, me vou afundando, num poço que não vejo mais fim, mas que também, não vejo sua saída, a luz da claridade do dia. Como me revolta, ver as pessoas que amo, sofrerem, como me dói ver a maldade que me rodeia, como me sinto triste, de ver que perdi as forças para lutar, contra tudo isso, e pergunto-me - Onde está a mulher de forças? Aquela que anos a fio, nada a derrubava, que fazia sorrir, quem estava triste, que estava sempre com forças, para dar a quem delas precisasse!

Quero de novo ser a mulher que se perdeu e que perdeu o pouco de bonito que tinha dentro de si, a força de vontade de lutar, de dar um pouco de si a cada momento de sua vida.

Vou ter que procurá-la no mais profundo de meu recôndito, vou ter que procura-la, no fundo do inferno, na rua, no mar, no universo, no horizonte..........Não sei, mas tenho que encontrá-la urgentemente, porque não sei viver sem ela, porque as forças estão-me faltando, e um dia fico-me sem ter o prazer de dizer - te encontrei de novo Sabor_a_Jasmim, voltaste a mim, voltei a sentir-te, és minha e jamais vou-te deixar fugir.

O pilar....364

Quando acordei de manhã, fiquei sem nada ver, ou alias comecei o ver o mundo negro, não deixei lugar no meu pote, a hipótese de nele, lá colocar algo, mais nada, que o desespero, a raiva, e vim ao PC e só escrevi disparates.

Mas o dia foi passando, comecei a olhar o céu e ao fundo do horizonte vi uma luz, linda luminosa, que conforme olhava para ela, se ia aproximando e quando perto de mim já se encontrava, foi-me falando - Um dia mau, uma noticia má, não é o fim do mundo, hoje há escuridão, amanhã haverá uma luz radiosa e eu não deixei que chegasse esse amanhã, vim hoje, para dizer que a vida é linda, a vida tem a suavidade do mar que adoras, tem a força das tempestades, que te deixam em paz, tem a beleza das rosas amarelas e só consegues ver o negro? O lado mau da vida?

Olhei para essa luz radiosa e comecei a chorar, senti-me fraca, impotente, e senti que afinal a fortaleza que dizia ter, aquela que dou aos outros, hoje se tinha ido por terra e senti-me envergonhada, mas.... levantei a cabeça, suspirei fundo e prometi a mesma, não mais fraquejar, não desistir de ser o pilar que sempre fui, não desistir, de estender mais, minha mão, quando de mim precisarem, mesmo que minhas forças estejam de rastos. Sou forte, sou vida e sou o tal pilar, que todos vêm em mim e jamais poderei deixar de o ser.

Sem ti..365

Sem ti, não sei viver, a vida perdeu o encanto, Já não vejo o sol em meus olhos, já nada vejo belo.

Peguei em tua foto, olhei para ela, e nada vi...olhei para dentro de meu coração e vejo este amor, que me dói, que me faz sangrar e fecho os olhos, não posso olhar mais para ti.

Projeto-me para uns tempos atrás, e sinto que estás aqui junto a mim, olhando-me fixamente, esse teu olhar que eu tanto amava. Esse olhar que me beijava, que me abraçava, não sentia medo de nada, bastava ter teu olhar, e já me sentia especial.

Volto a olhar tua foto, que está aqui à minha frente e sinto um arrepio, por momentos pensei que estava a sonhar, que nunca me abandonaste, mas a realidade é outra, estou só, sem a tua presença, sem tuas mãos que me acariciavam, sem teu corpo, que me aquecia nas noites geladas de Inverno.

Sem ti ... não sou nada, não vejo mais ninguém à minha frente, bloqueei-me perante a vida, não sei viver, não sei sorrir, não sei como dizer a palavra - amo-te, porque esqueci-me como se a pronuncia. Só tu fazias com que essa palavra soasse a uma música linda, calma, daquelas que preenche o corpo e aquece a alma, dando-lhe paz

Por favor diz que me odeias, mesmo que não seja verdade, para eu te esquecer, já não sei viver com este sofrimento, de saber que fugiste e me procuras por coisas sem importância.

Por favor não me procures mais.... Embora, seja um ninguém nesta vida... sem ti....

O sabor do amor duma criança...366

Estive num orfanato....Meu Deus, como é possível, haver pais que abandonam, aquelas coisas lindas, fofas, meigas. Com tanto carinho para darem e com tanta falta de carinhos.

Olhava uma a uma e só me apetecia traze-las todas para casa. Perdi-me no tempo, ali não havia horas, não havia pressas, porque cada criança que peguei ao colo, foi um nascer para um mundo novo.

Sentia-me na lua, brinquei com elas, como se criança fosse também, cheguei toda suja a casa, mas tinha minha alma tão limpa, tão leve, que me esqueci a importância duma roupa lavada.

Mas... houve uma menina de 4 anos que não me largava, tão linda, com seus caracóis pretos e pedia-me colo a toda a hora, até que chegada a altura me perguntou: " Vais ser minha mamã"? Meu Deus, que dor senti em minha alma, fiquei a olhar para ela com lágrimas nos olhos, sem saber como lhe explicar que não poderia ser a mamã dela.

Ergui os olhos ao céu e num grito mudo perguntei a esse Deus castigador porque me fazia passar por esse momento, quando ele, melhor que ninguém, sabe que jamais a poderia levar para casa comigo. Como eu adoraria levá-la comigo, como aquela menina, mexeu com tudo o que era sentimentos, com tudo de bom e de mau que eu tenho dentro de mim.

Olhei para ela, com as lágrimas a correrem pelo rosto e respondi: - Meu amor, não te vou mentir, porque tu mereces todo o amor desta vida e toda a verdade dela também, mas.... Eu não vou ser tua mamã, não posso, estou velha, em minha casa a saúde não é o pão do dia a dia, e para te ter como filha, eu teria que te dar tudo o é bom nesta vida.

Olhou para mim muito seria e respondeu-me: - Tu não és velha, tu vais ser minha mamã na brincadeira, porque eu sei o que é saúde, minha mamã morreu com isso.

Não aguentei mais, abracei-me a ela e baixinho com a voz cortada pelos soluços respondi-lhe - Minha filha, meu amor, tu vais ter uma mamã a sério, mas até lá.... Todas as semanas, te venho dar um beijo.

Ela sorriu, que inocência, e que inteligência essa menina linda tinha. Queria uma mamã, mas a palavra saúde, fez-lhe ver que não seria eu, mas mesmo assim, abraçou-se a mim, deu-me tantos beijos que não me apetecia lavar mais o rosto para não limpar aquela ternura

Saí de lá, com o coração leve, cheio de amor, mas também revoltada com a vida. Aquelas crianças não mereciam passar por isso tudo. Agora pergunto eu, porque Deus dá nozes a quem não tem dentes?

Voltaste....367

Voltaste e a alegria voltou ao meu coração, não sei de que fui feita, não sei de que massa, esta minha alma foi construída, mas não tenho culpa, sinto-te em mim cravado, como uma chaga, não consigo me desprender de ti. Que me importa se amanhã voltarei a sofrer? Hoje sorri, hoje não vou chorar, não vou deambular por aí, feita fantasma.

Sinto-me nas nuvens, falámo-nos como dois estranhos, mas ambos soubemos que estivemos juntos, que basta uma palavra minha e tudo voltará a ser como antes.... Mas tenho medo de a pronunciar. Sei que se insistires, a irei pronunciar, como um grito, vindo de minha alma, como um pássaro fechado em uma gaiola, com necessidade de se expressar, com necessidade de voar.

Sinto-me num deserto, onde quero procurar um caminho e tudo é igual, e nesse deserto, dê as voltas que der, vou sempre ter a ti, não vejo mais nada à minha volta, nem esse pó que ontem me sujava, hoje me limpa as lágrimas, me solta para o universo. Estarei louca? Se estou louca, por favor não me internem, porque hoje .... Sinto-me bem com esta loucura, deixem-me viver este momento, esta loucura, esta insanidade.

Uma procura, sem resposta..368

Sinto-me perdida, não consigo encontrar-me, procuro-me no recôndito do meu ser, das minhas ideias, mas nada, nada me faz encontrar, nada me faz ver o que quero, o que sinto, onde ando, onde quero andar, o que quero sentir, o que quero perder, o que quero ganhar, sinto-me velha, mas ao mesmo tempo uma miúda, sem ideais, sem sonhos, mas em contrapartida desejando esses sonhos, desejando encontrar esses ideais.

Quem sou eu afinal? Tantas vezes pergunto-me e nunca a resposta encontro, tem dias que penso "sou a mulher mais feliz deste planeta", mas no dia seguinte, essa felicidade como por encanto se desfaz em fumo invisível, um fumo que não o vejo, mas o sinto como uma chaga, que me dói, que me fere, que me faz ver que a vida não tem sentido, sem um objetivo, volto a ganhar forças e procuro incessantemente esse objetivo, uma luta constante, sem fim, uma luta que quero dar tréguas, mas que o meu íntimo se recusa a dar.

Quero-te muito, mas não consigo encontrar-te dentro de mim, não consigo identificar-te comigo, Quero estar em sintonia contigo, mas em vez de melodia eu ouço um ruído dorido, sofredor.

Quero estar em paz, mas sinto uma corrente muito forte, dura, capaz de mover uma rocha, sinto-te como as ondas do mar, que me acariciam, e quando tocam em minha pele, sinto um afastamento como se um remoinho se tratasse.

Toco numa alga, mas sinto-a fria como uma rocha, toco na areia macia e sinto-a áspera, como se uma lixa se tratasse .Sinto tudo aquilo que não quero sentir, sonho com tudo, que não consigo sonhar.

Que insensatez estou para aqui a dizer? Será insensatez? Será uma realidade? Ou eu sou uma inconstante, uma insatisfeita que quero tudo hoje e recuso tudo amanhã? Tantas perguntas sem resposta........tantas respostas sem perguntas..... Compreendes-me? Espero que sim......porque, eu, não me consigo compreender, não consigo me encontrar.

Nostalgia....369

Senti-me nostálgica, peguei no carro e fui ver o mar, sempre olhando de frente, vendo como o dia se punha triste e com ele, a tristeza começava a se instalar dentro de mim. Senti tantas saudades tuas, que duas lágrimas grossas, correram por meu rosto, não me deixando ver o caminho.

Mas... segui em frente, minha alma conduzia sozinha, já sabia onde se encontrava meu confidente, meu amigo, meu mar.

Cheguei lá, molhei os pés e, ao sentir a água em minha pele, um arrepio se apoderou de mim e com esse arrepio, teu rosto veio-me à memória, esqueci-me que à minha volta havia gente, gritei bem alto, chorei, libertei todo este amor que me sufocava, deixei meus pensamentos voarem para bem longe, para onde acaba o mar e começa a eternidade.

Senti nessa altura, que só te voltaria a ver nessa eternidade, já não acredito que algum dia possa me cruzar contigo, que algum dia possa olhar em teus olhos e dizer-te baixinho ao ouvido - Amo-te! Olhei para o nosso mar e sonhei como seria bom estar nele, sozinha contigo.

Sentir a tua presença, sentir tuas carícias, partilhar cumplicidades contigo, viver só para ti, viver nesse mar, o mar que ambos construímos com carinho, amor, partilha, com desabafos, carícias e com poemas lidos a viva voz.

Um mar construído com o sonho da emoção. Uma emoção só nossa, onde ninguém poderá penetrar, porque ninguém poderá compreender o amor puro, sem máculas, sem ciúmes.

Um mundo que não se vê....sente-se...370

Tem-se falado tanto no mundo virtual, ouve-se tantas opiniões, que me deixa a pensar e obriga-me a fazer uma retrospectiva, do que aqui tenho vivido, das experiências que passei, das histórias que ouvi e cheguei a uma conclusão: -Que se nós quisermos, podemos fazer deste mundo, um ponto de encontro, um ponto de paz, onde poderemos descansar, onde poderemos libertarmo-nos, sem termos que ser ingénuos, como já disse a alguém, a ingenuidade não é um sentimento, um fator psicológico, a ingenuidade é uma arte, para uns, de enganar, para outros, a possibilidade separar o trigo do joio.

Aqui conseguimos libertar nossos sentimentos, sem freios, sem preconceitos, quem já não sentiu uma grande amizade? Um sentimento mais forte, por outra pessoa que esta do outro lado do ecrã?

Quantas vezes já sentimos vontade de trespassar essa parede, e abraçar alguém que esta do outro lado? Secar suas lágrimas, encostar nossa cabeça em seus ombros, para que possamos sentir um pouco de paz?

Quantas vezes nosso coração já acelerou por palavras meigas, com sentimentos, por sentirmos, que existe alguém, que nos compreende, que nos apoia, que está aqui na hora certa, no momento certo?

Quantas vezes tivemos vontade de trespassar este mundo virtual, para um mundo real, de sentir as mãos do outro, entrelaçadas nas nossas, de dizermos não vás, fica comigo, fala comigo, dá-me um pouco de carinho, de paz!

Não creio que alguém, já não tenha passado por isso, não creio que alguém, já não tenha vertido lágrimas de dor, de emoção, já não tenha rido com gosto, já não tenha sentido uma paixão, uma grande amizade, neste mundo virtual.

Há coisas más, concerteza, mas há coisas maravilhosas neste mundo, há pessoas, que nos fazem sentir especiais, nos fazem sentir gente, com alma e coração.

Não gosto de ouvir dizer que isto é um mundo porco, porque a porcaria, a maldade, está na cabeça de cada um, e não neste mundo dos chat, neste mundo virtual.

Novamente a chuva cai...371

Estou ausente....372

Hoje... quero chorar...373

As flores e a sua sensibilidade...374

Aprendi a respeitar-te....Dinesh.....375

Adormeci......376

Meu amor...377

Meu mano...Minha águia doida...378

Conquista...379

Dia dos namorados...380

Sonho...381

Sonhei que era uma menina, que corria com as minhas tranças, batendo pelo rosto, tudo era limpo, puro, o verde à minha volta, fascinava-me e fazia-me correr mais, parecendo que ia à procura de algo, mas sentia-me feliz, nada turvava meus pensamentos, tudo enchia minha alma de cor rosa, o cantar dos pássaros, o fio de água, que corria por aquele canal, minha roupa suja de rebolar-me pelo chão, meus cabelos imundos de sujidade e suor, mas eu sentia-me limpa, pura, estava feliz, era uma criança que tinha tudo o que qualquer criança poderia desejar, tinha aquele espaço imenso, tinha amor, carinho.

Sonho lindo, que não sei se durou horas, minutos ou segundos, mas para a minha alma, durou uma eternidade, mas, até mesmo na eternidade se acorda e eu acordei desse maravilhoso sonho de criança, olhei em volta e vi em mim uma mulher já feita, onde as tranças tinha desaparecido e dado lugar a um cabelo curto, lavado, mas sem vida, baço, onde o brilho dos olhos tinha dado lugar a umas olheiras profundas, negras, como negra estava a alma que carregava esse corpo.

Sentei-me na cama ainda meio acordada, meio a dormir, esfreguei os olhos, olhei em volta e vi o meu quarto, então algo dentro de mim falou " não sonhaste não, tu és aquela criança que viveste no sonho, aquela criança que está adormecida dentro de ti, mas acorda e verás essa criança na mulher que és hoje, porque o baço dos cabelos, o negro das olheiras são produto da tua imaginação, porque tu és uma mulher feliz, és a paz, o sossego. Tu és Mulher/ Criança

Entre o sonho e a realidade...382

Quando era criança, adolescente, sonhei com um mundo tão lindo, falava com o mar, ele me contava coisas tão lindas do mundo que me era desconhecido, falava-me do amor, da amizade, do carinho, de como tudo era belo, de como seria lindo crescer e um dia vir a conhecer essa beleza, de cores fortes, que iluminava meu coração, minha alma.

Sonhei anos sem fim, fui rebelde, errei muito, mas era tão feliz, porque acreditava no que o mar me contava, porque olhava à minha volta e nada via negro, nada era escuro, era tudo um arco-íris repleto de beleza, de sinceridade, de tudo que se pudesse chamar e sentir beleza.

Cresci....Tão depressa, porquê? Deixem-me ser criança de novo, deixem-me apagar o negro que vejo à minha volta, deixem-me desenhar o mundo de cor de rosa, com o cheiro a jasmim, a alecrim.

Deixem-me de novo, deitar a cabeça no regaço de minha mãe e dizer a sorrir - como é tão bom ser feliz.......e sentir meus cabelos a serem acariciados com suas mãos carinhosas, suaves, com o seu cheiro de amor, de carinho, de beleza.

O mundo é feio....Como eu sonhei em vão....... Como a realidade é tão diferente da que me pintaram.

Revolta..383

Apetece-me escrever, mas nem sei que dizer, sinto que estou a flutuar, no mundo que não combinada comigo,

Porquê todos os dias as pessoas nos desiludem? Os pseudo-amigos já não me afretam, se me desiludem, ou não.

Em meu coração, já tenho os eleitos, aqueles, que não é preciso falar todos os dias, mas que estão presentes na hora certa, no momento certo.

Às vezes pergunto de que matéria sou feita, se tudo me sensibiliza, se tudo me magoa, serei de outro mundo, que não consigo ficar indiferente a certas situações?

Como gostava de ser cruel, de ser dura, para que nada me afectasse, para que visse um mundo rosa à minha volta, mesmo que ele fosse negro, cinzento.

Havia de ser proibido existir gente sensível, gente, que sofre por qualquer coisa.

Deveríamos só viver para nós, não olhando à volta para miséria que existe, as falsidades, as ingratidões.

Deus....tenho 51 anos, ainda estou a tempo de me modificar, por favor, chega de sofrimento, dá-me uma alma nova, um coração duro, insensível.

Por favor, há tanta gente assim, porque tenho que ser diferente dessas pessoas? Porque não posso igual a elas?

Que nada sentem, que vivem no seu mundo, felizes, sem lágrimas, sem dores no coração, que de tão fortes, conseguem passar para o corpo, deixando-me, sem forças, sem vontade de viver

.Há alturas que me apetece não sair de casa, ficar neste meu cantinho, para não sofrer, para não ver os outros sofrerem, mas depois penso.......senão saio, abro o PC e vejo sofrimentos maiores dos que vejo lá fora.

Não sei separar o virtual, do real, porque quem escreve, não é uma máquina, são corações doridos, sofredores, que me transmitem isso tudo e de novo volto a sentir essa dor, que é dos outros, mas a transporto para mim.

Nunca disse uma asneira aqui..........Mas hoje digo.......PORRA....... porque nasci assim? Não tenho o direito de mudar?

Súplica....384

Deixa-me dizer tudo o que sinto, de mau, de bom, só assim sei viver, só assim sei amar, só assim sei ser amiga.

Não me tapes a boca com a frase - és tolinha ou fazes-te - Não me tranques o coração de maneira, a ele não saber distinguir, o que quer, e o que não quer.

Não me faças mendigar tua presença, porque eu dou-te aquilo, que melhor tenho em mim.

Deixa minha alma gritar, num som mudo, de dor, de desgosto, de ciúmes, de sentimentos que mostram o que sinto por ti.

Despreza-me... mas responde às minhas perguntas, por mais idiotas, por mais infantis que sejam.

Não fujas aos pouco, porque assim ando numa busca constante de tua presença, foge de vez, diz adeus e assim paro essa busca, que me fere, que me magoa, que me deixa sem forças.

Mais uma vez... deixa-me dizer o que sinto, o que vai dentro de mim, deixa-me mostrar-te esse fio de sangue, que corre por meu coração, que o sinto nas mãos, no olhar.

Ouve a voz do meu silêncio, escuta-o e compreende-o, não quero que o aceites, quero que o sintas, o compreendas.

Deixa-me ser aquela que passou noites contigo, numa forma harmoniosa, numa dança de sorrisos, de música, de boa disposição. Não quero teu amor....porque nunca o tive.

Não quero teus beijos, porque os senti, sem me beijares

Só quero tuas mãos, para me proteger dos meus sentimentos negativos, para não me perder nesta vida, que não é minha, mas uma passagem para me evoluir.

A pedra Preciosa - AMIZADE....385

Há quem não goste de chorar....Eu também não, quando essas lágrimas vêm duma profunda tristeza, quando essas lágrimas nos dizem que alguém nos magoou, mas ontem e hoje vieram-me as lágrimas aos olhos, mas lágrimas de emoção, de carinho, de felicidade.

Por saber que tenho amigos, que não os vejo, que não os abraço, que não lhes aconchego o rosto, com um beijinho de quem sente pura amizade, puro sentimento, que sai de meu coração, que é tão pequenino, mas que consegue albergar tantos sentimentos ao mesmo tempo.

Se um dia sentirem uma mão quente em vosso rosto e não conseguirem vê-la - sou eu.

Se um dia sentirem afagar vossos cabelos, quando estiverem num dia menos bom, não se assustem - sou eu.

Se um dia ouvirem uma voz baixinho, vos dando carinho, vos falando com meiguice, não se perturbem - sou eu.

Se um dia forem na rua e sentirem que alguém vos sorriu e não estiver ninguém ao pé de vocês - sorriem também, porque quem vos sorriu - fui eu.

Se um dia alguém vos disser obrigada meus amigos (as). Esse alguém - sou eu. Mas hoje, vos abraço e deixo convosco uma lágrima, que ao cair em vossas mãos, se transforma numa pedra, guardem-na, porque é uma pedra preciosa, que eu lhe dei o título de - AMIZADE.

Pó......386

Para que estou a sofrer? Se a vida é tão curta! Um dia tudo se acaba e voltamos ao nosso princípio "Pó", esse pó que nos incomoda, esse pó que nos suja, mas que se existe é porque faz falta

Se ele faz falta, também nos faz falta sofrer, chorar, faz-nos falta, as pancadas que a vida nos dá, só assim poderemos dar valor às coisas lindas da vida.

Que importa um amor perdido? Que importa uma chaga no coração? Que importa chorar porque perdemos algo? Nada... quando há coisas tão importantes na nossa vida.

Hoje fui ver o mar, olhei para ele, tão silenciosa, como silencioso, estava tudo à minha volta, nada se ouvia, a não ser as suas ondas, que iam e vinham, que olhavam para mim como a interrogar-me, o porquê daquele silêncio.

Olhei fixamente para ele e as lágrimas começaram a correr-me pelo rosto, lágrimas essas, que nem as soube definir, porque a confusão em minha mente, era tremenda.

Não sei para que lado me virar, não sei o que procurar, não sei onde vou arranjar forças, não sei onde colocar meus medos, minhas fobias, meus horizontes.

O mar escutou meus pensamentos e em silêncio comigo falou, ouvi tanta coisa linda, tanta coisa triste, tanta verdade, que cheguei a essa simples conclusão - do pó vim, para o pó vou voltar - O chão será meu companheiro, nas próximas aventuras, por isso hoje tomei a decisão.......... Vou lutar por mim, por aquilo que creio, que me faça sofrer ou não, mas vou viver, porque só assim, afasto meus fantasmas, meus medos, minhas ruínas.

Dúvidas... só dúvidas ...387

Quantas vezes por dia, nos contam coisas e olhamos para a pessoa que está à nossa frente e o primeiro pensamento é este " será verdade"? Quantas vezes, estamos a dizer a verdade mais crua e olham-nos nos olhos e respondem-nos: - Porque estás a mentir?

Quantas vezes, vemos algo e surge-nos a dúvida, será que estamos a ver bem?

Quantas vezes, nos dão algo e a primeira coisa que pensamos é esta: - Com que intenções nos estão a dar isso?

Depois dessas interrogações todas, faço outra - Já viram que 90% da nossa vida do dia a dia, são passadas com dúvidas?

Quantas certezas temos? Quantas? Que confusão que isso me faz, será que isso se passa com a maioria das pessoas?

Quantas vezes abrimos nosso coração à verdade? Quantas vezes abrimos nossa alma para aceitar os outros, tal como eles são, sem recorrermos à dúvida?

Saudade... como a sinto....388

Saudade....... É aquele pontinho negro ao canto do coração, que quando os ventos fortes o tocam, ele se abre, deixando um vazio, que dói, que fere, que faz uma lágrima correr pelo rosto

.Saudade...... É esse aperto em meu peito, um aperto tão forte que me deixa pálida, quando penso em minha juventude, em minha infância.

Saudade.... É aquele vulcão, que entra por minhas entranhas, deixando tudo por dentro queimado, uma chaga aberta, um olhar de tristeza, quando penso em ti... quando sinto teus beijos, mesmo que teus lábios, não estejam aqui, para tocar os meus.

Saudade.... Foi aquela ventania forte que fez esvoaçar meus cabelos, quando senti teu abraço, estando teu corpo, tão longe do meu.

Saudade.... É o que sinto, quando chega a noite e me sinto só, sem teu carinho, sem teu sorriso, quando penso nos nossos passeios à beira-mar, naquelas pequenas paragens, em que nos olhávamos e sorrindo beijávamo-nos com fervor, com alegria, com carinho, com amor.

Saudade....És tu... que te chamo e não me ouves.... És tu.... que sorrio e não me vês...És tu.....que te falo carinhosamente e não me respondes.

Formação de meu ser...389

Partículas do meu ser

Estilhaços de minha alma

Lascas de minha pele

Espalhados pelo universo

Numa forma de interrogação

Numa forma de procura

Procurei nos escombros

Procurei em sítios certos

Sem correrias

Sempre com calma

Sem dores, sem gritarias

Com muita emoção

Juntei cada estilhaço

Num sabor de doçura

Num pouco de mel

Formando um pouco de mim

Um pouco de carinho

Um pouco de ternura

Sem raivas, sem fel

Sem lágrimas, sem amarguras

Saudades...essas 7 letras...390

Saudades, esse aperto no peito que deixa os músculos sem forças.... A alma fraca, os pensamentos desfeitos....Saudades....

Esse remoinho, que se vê ao longe, que num fracção de segundos, penetra dentro de nós, como um furacão, deixando aberta aquela chaga, que só volta a se fechar, quando essa saudade, muda de nome - presença.

Saudade.... Essa palavra odiosa, que sinto cravada dentro de mim, como um dia de tempestade, como raios e faíscas que queimam meu ser.......Saudade.... São essas sete letras, que formam meu corpo neste momento, são essas sete letras que teimam em não sair, quando eu quero expulsá-las. Saudades.... É o que tenho de ti....da tua alma, de teu carinho, de um todo, que te forma nessa pessoa especial.....

Minhas lágrimas...minha alma...391

Lágrimas... que são a limpeza de minha alma, se chorar, não vou secá-las, porque, enquanto sinto cada gota, caindo por meu rosto, sinal, que minha alma ainda está viva. Lágrimas sagradas, num rasgar de alma, desenharei com elas, as feridas de meu corpo, colocarei as cores do arco-íris, transformando-as em pérolas valiosas. No dia que deixar chorar... por favor, chorem por mim, para não me deixarem secar, para que meu coração, não se transforme numa pedra, que irá pesar em meu peito. Hoje restam-me essas lágrimas, da alma que um dia sorriu, e pior que perder um sorriso, é perder a sensibilidade de saber chorar

Chorarei se sentir em minhas mãos um ser pequenino, chorarei, se alguém me ferir, chorarei se encontrar o carinho à minha volta.... Sem lágrimas...não sou gente, não sou aquela pessoa que vive em mim, aquela que se emociona por pequeninas coisas, por um poema, por uma rosa em minha mão, por um por do sol maravilhoso.

Não tenho medo de chorar, não me envergonho de sentir as lágrimas caírem por meu rosto, esteja só, esteja no meio duma multidão. Chorarei por amor, por raiva, por solidão, por emoção, por amizade, mas chorarei sempre, até que me doa a alma e fira meus olhos

Dá-me tua mão...392

Se algum dia me procurares, não te aflijas, se não me vires, estende a mão, e logo sentes a minha, que está bem perto de ti. Dou-te a mão, dou um passo em frente, mas paro, tu não andaste, puxei por tua mão e seguiste-me, até ficares lado a lado comigo.

Fomos caminhando, sempre falando até que de longe vimos o mar. Paramos, olhamos um para o outro e sorrimos, um adivinhou o que outro queria, outra coisa, senão ir em direcção a ele

.Chegamos lá, ainda mãos dadas, mas soltei-me de tuas mãos, descalcei-me e corri para molhar os pés, sentir aquelas massagens, que só esse mar me dava

.Estava de costas, senti, teus braços me rodearem, não me virei, sentia-me tão bem assim, protegida por ti, e deixei-me estar assim, a olhar o mar em silêncio

O fim dum longo silêncio, viraste-me para ti, olhaste-me fixamente e sempre nesse silêncio que falava tão alto, nesse silêncio que ambos compreendíamos, pegaste em meu rosto, juntaste teus lábios aos meus e beijaste-me docemente, perguntando-me: - Onde estava, que não vi tua mão? Sorri, e apontado para meu peito respondi: - Aqui dentro....que é onde passaste a morar, desde que deixei de te ver, peguei em tua mão e coloquei-a no peito e pedi para o sentires bater loucamente, de emoção, por te ter a meu lado.

Ficamos assim um certo tempo, entreolhando-nos, alterando o nosso olhar com o mar, que era a testemunha visível da minha felicidade, a felicidade que sentia, de ter encontrado tua mão.

Meu coração de menina/mulher...393

Meu coração de menina/mulher.... Esse coração que ama com a inocência dos quinze anos, com a loucura dos vinte e cinco, com a paixão dos trinta e cinco, com a serenidade dos cinquenta.

Esse coração de menina/mulher que não sabe dizer não, que apela à serenidade dos seus cinquenta anos, já vividos, já sofridos, já esmagados pela vida, mas.... Ele não reconhece essa serenidade, ele teima sempre, em ser um coração de menina, que sonha com uma rosa amarela, com uma palavra de carinho, com um sorriso, esse coração de menina/mulher e que de mulher nada tem...Não cresceu, não amadureceu, não soube tirar lições à vida, esse coração que se recusa parar, porque é rebelde, ama, chora, sonha, mas sempre com a inocência de menina.

Não me largues a mão.......394

Não me largues a mão.......Não quero voltar de novo a cair .Tenho medo desse poço donde saí, por favor dá-me tua mão, aperta-me com força, diz-me que não estou só e que bem longe de mim, está esse poço de horrores, negro, que foi meu leito, durante tanto tempo.

Abro a janela, vejo um raio de luz por uma fresta, mas logo de seguida, a esse raio de luz se sobrepõe esse poço, essa escuridão...Dá-me tua mão, e na falta dela, deixa-me sentir um dedo, a me proteger de meus medos, de minhas escravidões.

Não me largues a mão.... Estou a cambalear, sinto uma tontura, vou cair...dá-me tua mão.

O silêncio de minhas palavras...395

Dizer tudo o que sinto, esta tela, não tinha espaço. Se fosse descrever o que vai dentro de mim, cairia no risco, de estar a suplicar.

Então, guardo minhas palavras, no silêncio de meus dedos, quem sabe, um dia eles se soltam e nesse dia poderei gritar bem alto :- Não me deixes mendigar tua presença.

Deixa-me soltar esse fio de sangue, que corre por meu coração, que o sinto nas mãos, no olhar .Ouve a voz do meu silêncio, escuta-o e compreende-o, não quero que o aceites, quero que o sintas, que o compreendas.

Não quero te prender, só quero tuas mãos, para me proteger dos meus sentimentos negativos .Por fim poderei dizer: - Fizeste-me bem..... Fui feliz....

Se....396

Se algum dia chegassem ao pé de mim e me dissessem " Hoje é o última dia de tua vida " Que farias? Não sei que faria, não sei se sorria, se chorava, se gritava de desespero, ou talvez baixinho dissesse sim...se tem que ser, que remédio.

Uma coisa é certa, não iria fazer coisas disparatadas, não iria por aí, fazer tudo o que desejei nesta vida, porque senão o consegui em meio século de vida, como iria conseguir em 24 horas?

Mas iria sim.........pedir perdão a quem magoei, mesmo que esse perdão não fosse concebido, iria dizer pela última vez a meus amigos, o quanto gosto deles, agradecer, tudo o que fizeram por mim.

Dir-lhes-ia que cada momento que passei com eles - foi único, onde juntei um bouquet de flores, feitos de lágrimas de emoção, de tristeza, outros de sorrisos, de felicidade, de carinho e compreensão

.Iria ao mar dizer adeus e pedir forças para não ir embora, com pena, do que nunca consegui na vida, talvez por cobardia, talvez, por revolta, talvez por vergonha, ou talvez... porque nunca lutei por aquilo que realmente quis.

Pediria que me desse coragem, para não me revoltar do que abdiquei, a favor dos outros, em prol de minhas lágrimas, de dias de solidão, de dias, sem forças, nem para gritar a palavra - LIBERTA-ME -Iria ter com alguém e diria... vou-me....

Mas teus olhos, tua alma, teus sentimentos, o amor que sinto por ti...irá comigo até à eternidade .Iria isolar-me num sítio lindo, olhando à minha volta, e pensar, onde tinha errado nesta vida, para levar esse fardo tão grande comigo.

Como iria restar-me pouco tempo, depois disso tudo, iria lembrar-me das pessoas que gosto, e em pensamento beijá-las-ia, com amizade, com amor, com carinho e junto com esse beijo o meu abraço forte, bem apertadinho, com uma lágrima nos olhos, que se iria transformar numa palavra - ADEUS......

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Estilhaços de alma....397

A vida muda num minuto..... Neste momento temos a felicidade nas mãos e daqui a segundos, menos de sessenta, o mundo desabada diante de nós.

Como podem as pessoas viverem da mentira? Como podem mostrar sentimentos que não existem dentro de si?

Como podemos acreditar numa pessoa, colocá-la num pedestal e numa fracção de segundos, esse pedestal partir-se em mil bocados, ficando em cacos?

Cacos....(Sorriso de ironia) cacos, estilhaços de alma, estrume, é no que nos tornamos, quando chegamos a uma certa altura da vida e não sabemos distinguir o verdadeiro, do falso.

Estilhaços de alma é quereres ser falsa e teu intimo se recusar, é queres calar-te e teu coração te obrigar a falar.

Estrume....é dizeres a verdade, aquela que viste, e sentiste e te intitularem de possessiva.

A carta que nunca escrevi....398

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Está tudo guardado dentro de meu peito, desde o dia da tua partida, quis escrever-te uma carta de adeus..mas, não creio nesse adeus, prefiro dizer até um dia, mesmo que ele nunca venha.Foram difíceis os primeiros dias, em que procurava teu olhar em tudo que se mexia e em tudo o que se encontrava parado.

Quantas vezes no delírio de meu sofrimento, encontrei esse olhar, mas ilusões apenas, dum coração apaixonado e amargurado, porque teu olhar sumiu-se contigo, deixando apenas a lembrança desse verde, que parecia musgo, erva, e outras vezes terra, carvão...vês a confusão que ia dentro de meu cérebro?

Hoje, passados tempos, já consigo me lembrar da cor de teus olhos, esse cor que me ofuscava de tão bela que era.Via umas mãos mexerem-se e logo via as tuas, doces, sensíveis, que apertavam as minhas com calor, com carinho, como se quisessem me proteger de todo o mal, mas...esse mal...afinal estava tão perto de mim, não me poderias proteger dele, porque ele estava dentro de teu ser.

Procurei-te, dias, meses a fio, com a certeza, que jamais te iria encontrar, porque partiste, com a mesma certeza, de eu não mais te ver.tantas vezes comecei esta carta, mas nunca tive coragem de a continuar, hoje, mais liberta de ti, vou acabá-la para te dizer....Amei-te tanto, mas tanto, não sei como esse amor coube em meu peito, tal sua grandeza, tal sua intensidade.

Hoje posso dizer..foste uma passagem em minha vida, linda, deliciosa, triste, amarga, mas foste tu...sempre tu.......

A chuva veio me visitar....399

Hoje choveu tanto e não escrevi, como o faço sempre olhando a chuva, em vez disso, saí para o quintal, abri os braços, como quem vai orar, ergui os olhos aos céus e senti essas gotas molhando meus olhos, caiam devagar por meu rosto abaixo, mas eu.... Não chorava, estava sorrindo, estava sentindo a seiva da vida, molhando-me, dando-me paz.

Olhei para todos os lados a ver se haveria algum vizinho...mas não, todos dormiam... em seus lençóis de seda de algodão, de cetim, mas dormiam e eu...ali sentindo a suavidade da chuva, dançando, sorrindo, dizendo: - Minha chuva...quanta saudade tinha de ti, abraça-me, aperta-me forte, não me deixes de novo.

Não deixes que o calor atrofie meus pensamentos, meus sentimentos.

Não deixes que o sol, massacre minha cabeça, dando-me pesadelos à noite.

Não deixes que meus sentimentos se transformem, com a força do calor.

Não deixes que a revolta tome conta de mim, porque sinto tanto a tua falta, minha querida chuva.

Orei, minutos, segundos? Não sei....olhei para meu corpo encharcado, o cabelo caindo e senti-me uma louca..........mas uma louca feliz, porque hoje...a chuva veio me visitar.

Não me levem meus fantasmas....400

Quem me leva meus fantasmas? Ouvi isso em algum lado, e logo me apeteceu escrever, mas eu não quero que levem meus fantasmas, eles fazem parte dum todo de mim, sem eles, não daria valor à alegria, à luta pela felicidade, sem eles, não saberia quem fui um dia, quem sou hoje, e que quero ser num futuro próximo, longínquo, não importa....

Nos meus fantasmas eu vejo as lágrimas, que correram por meu rosto, as alegrias que fizeram brilhar meu olhos, os momentos em que gritei. ate ficar rouca e também aqueles momentos, em que o grito era tão mudo, que me fazia doer as cordas vocais

.Não me levem meus fantasmas.... Eu sou um fantasma, que luta para ser humana, ser real, palpável, sentida.

Nos meus fantasmas, vejo um céu lindo luminoso, iluminado pela luz das estrelas, uma montanha linda, branquinha, pela neve que nela cai, um mar maravilhoso, que é frágil e tão forte ao mesmo tempo. Um mar que tem a força dum elefante, que mata uns, mas dá tanta vida a outros.

Que faz lágrimas a uns, mas que dá tantos sorrisos a outros.Com os meus fantasmas, aprendi a escrever, aprendi a soltar as palavras, que em som vivo, não saem, e só por isso...pelo prazer que ele me deu, ao me ensinar a escrever... Não me levem meus fantasmas.......

Este vulcão...401

Digo que não vou escrever mais, mas as palavras saem-me como um vulcão, que arranca minha pele, escarnecia meu ser.

Fecho os olhos e digo - chega - não escrevas mais disparates, mas esta alma rebelde quer escrever, quer dizer o que sente, estremece, diante do teclado, com a ânsia de por umas linhas a mais neste blog.

Quero renunciar à escrita, mas não sou capaz, preciso dela, para me alimentar, para saciar esta sede de amor, de carinho. Este vulcão, em que se transformou o meu coração, que me dói, que me incendeia

.Quando dou por mim, estou longe daqui e quando acordo, já está mais um texto escrito, mais um poema, mas... como queria saber escrever lindo, sensível, coisas alegres, como queria, dizer nas minhas simples palavras, que sou aquele pássaro que voa sem destino, mas livre da dor, dos tormentos. Creio que um dia, quando for velhinha, irei escrever algo feliz, algo alegre, algo que não magoe as pessoas que me lêm.

Esta brutalidade que lhe chamo de escrita, me faz recuar no tempo e penso que deveria novamente deixar de escrever, porque assim não lia minha alma, essa, que choca toda a gente. Essa malvada que um dia disse não, à felicidade.

O véu da saudade....402

Levantei o véu da saudade, olhei para dentro dele e vi uma luz, muito forte, uma luz que me ofuscou, que me deixou calma serena, e com um sorriso ao canto dos lábios. Então...reparei que debaixo desse véu, já não existia a dor da saudade, o desespero dum adeus, no lugar dela, vi uma indiferença que me deixou feliz.

Tanta vez pensei, que a indiferença era dolorosa, que era dura, mas hoje vejo que não, a indiferença liberta a alma, e quando essa indiferença nos dá liberdade, deixando-nos sem dor, sem amarguras, sem aquela tristeza no olhar, então...ela não é bem vinda, é maravilhosa.

A saudade é linda, quando sabemos que existe um amanhã, que nos alivia dessa saudade, deixando uma presença dentro de nós, agora, quando sabemos, que essa saudade, provem dum adeus, sentimos uma ferida, que corrói, que marca, deixando uma nódoa em nossa alma, uma pedra em nosso coração.

Mas.... Felizmente que entre esse adeus e a saudade, se vê tanta coisa que nos magoa, que acabamos por ficar indiferentes, já não existindo, dor, raiva, ou mágoa, mas um puro desprezo, que lhe prefiro chamar de - INDIFERENÇA - ou simplesmente---O VÉU DA SAUDADE... que esvoaçou pelo espaço, com a fúria dos ventos.

Hoje...queria tanto, mas tanto..403

Hoje.... Queria tanto estar contigo e dizer-te: - Estou feliz, mas não posso sabes? Não, porque não estás aqui, mas porque estou muito triste Hoje .... Queria tanto estar contigo, para ti olhar e poder sorrir, mas não posso sabes? Não, porque não estás aqui, mas porque só me apetece chorar

Hoje.... Queria tanto estar contigo, para ti olhar e poder dizer-te: - Não te amo, mas não posso sabes? Não, porque não estás aqui, mas porque eu jamais deixarei de te amar .Hoje.... Queria tanto estar contigo, para ti olhar e poder dizer-te:- Estou bem comigo, mas não posso sabes? Não, porque não estas aqui, mas porque estou zangada comigo.

Hoje... queria tanto, mas tanto, olhar-te, beijar-te sorrir-te, acariciar-te, mas não posso sabes? Não, porque alguém me impeça, mas porque não estás aqui.......

Como gostava de ser pássaro e voar.....404

Como gostava de ser pássaro e voar para outro planeta, viver outras vidas e depois das festas, regressar livre, liberta, olhar de novo o mundo e dizer bem alto...gritar ao mar: voltei. Sou "eu" de novo, toma-me, faz de mim o que quiseres, desde que não me tires a alma..

.Quando acordar, quero pensar que há um mundo lindo à minha volta, quero crer, que voltei duma viagem longa, onde o cansaço, o desânimo, foram a minha bagagem.

Quero sentar-me na cama, erguer os olhos e dizer para "DEUS", ... obrigada porque existes. Olhar para dentro de mim e dizer: - obrigada, porque lutaste, obrigada por me tirares essa carga pesada, que levavas na tua viagem.

Quero beber o néctar da vida, acordar com o apetite de outrora, o apetite da vida

Quero ler....ler.... o que tens para me dizer

Quero sentir os pés no chão e sorrir.......Quero viver... quero ver o mar, quero correr, quero sair............Quero ser eu de novo.......

0 Sol e a Lua....405

Era dia de lua cheia, como vai sendo um hábito meu há anos, vou sempre à janela olhar para ela, falo com ela, sorrio para ela, choro para ela, tento em cada dia em que ela está cheia, descobrir algo de novo e como consigo descobrir.... Cada dia, ela me diz uma coisa nova, me mostra algo que nunca vi, que nunca senti.

Nesse dia, voltei à janela à noite e não a vi, tentei virar a cabeça em todos os sentidos para ver se a via, pensando que era fruto da minha cabeça, que ela estava lá e eu não a conseguia ver..........mas....... não estava mesmo.

Preocupada, saltei essa varanda, deixei minha alma voar por esses céus fora à sua procura, algo me dizia que tinha acontecido alguma coisa à minha amiga Lua.

Encontrei-a finalmente em seu quarto, chorando, desolada, sem brilho, sem aquela força que move as noites lindas dos enamorados.

Fiquei então a saber que ela estava cheia de saudades de seu Sol, e que as saudades a estavam matando, a estavam destruindo

Saí de mansinho desse quarto, fui ter com as estrelas que brilhavam muito devagarinho, porque não tinham a força da Lua e falei come elas. Quando elas me contaram que ela andava assim á dias e nada a fazia reagir, nesse momento só pensei que tinha que fazer algo... e fiz.......Fui ter com Deus, ajoelhando-me diante Dele e pedi-lhe chorando - Meus Deus, nunca te pedi nada para mim, mas por favor, faz esse milagre, deixa a Lua e o Sol se encontrarem pelo menos uma noite, dá-lhe só uma noite, mas não a deixes morrer de desgosto.

Deus olhou para mim, estendeu suas mãos, fez-me levantar e levou-me até ao sol. Como ele estava lindo, tão laranja, mas com uma sombra em eu olhar, porque ele sentia que sua Lua não estava bem.

Vestimos o sol com um manto azul cinzento, para que ninguém na terra desse por ele, pegamos em sua mão e levámo-lo até sua Lua.... Meu Deus, nunca tinha visto tamanha felicidade entre dois seres, tão lindos.

Fechamos a porta do quarto, e lá ficaram os dois sozinhos se amando a noite toda, cada beijo era uma promessa, dum dia voltarem a se encontrarem de novo, cada carícia, era um sonho que demorou a realizar-se. Foi uma noite de loucura total.

A terra estremeceu perante tanto amor que eles irradiavam de seus corpos e eu... nessa noite fiquei a acompanhar as estrelas, para que elas não se sentissem sozinhas sem sua mãe, a D. Lua.

No dia seguinte o dia acordou com um sol radioso, todo o mundo estranhou a cor do sol mas ninguém sabia porquê e eu... sorrindo dei um beijo aos dois, e fui-me deitar. Minha missão estava cumprida.

Bom fim de semana...

Bom fim de semana a todos da minha lista, a todos os meus amigos e a todos que têm-me vindo visitar, ao longo deste tempo todo, que tenho a pagina aberta

Bgd pela vossa passagem por aqui

Meu sonho virtual........406

Quantas vezes, já não li poemas de tristeza, já ouvi desabafos, quantas vezes senti no silêncio das palavras, de cada um, a solidão que se instalou dentro de si. Nessas alturas senti-me impotente, por não conseguir penetrar dentro de seus corações e lhes dar um pouco de carinho, de amor, uma palavra de conforto.

Quantas vezes me deu uma vontade louca de ultrapassar este monitor e chegar a casa de cada um e poder dizer... Não chores, ou melhor...grita até que a voz te doa, mas depois fica calmo(a) porque vou sempre te ajudar, vou sempre estar contigo nas horas boas, mas principalmente nas horas más.

Vou sempre estar contigo, quando me chamares, mas principalmente quando não me chamares, porque, senão me chamaste, o teu silêncio me disse, que estavas mal. Mundo ingrato, que não temos poderes para aliviar os outros, para os fazer sentir que são seres especiais.

Mundo ingrato, que não nos deixa estar junto às pessoas que gostamos, que precisam de nós, em certas alturas e nós tão longe....Mas há algo que este mundo ingrato não me conseguiu tirar, o poder de sonhar que estou lá, junto a quem de mim precisa, junto de quem está a sofrer, e nessa altura... consigo senti-los como se fosse real, nessas alturas sinto as pessoas deitarem a cabeça em meu ombro, sinto sua respiração ofegante de quem está nervoso, mal, na solidão profunda.

O sonho, comanda a minha vida, me deixando liberdade, para ir para onde quero...E nessa liberdade, eu aproveito e vou para junto de vocês, que são meus amigos, meus irmãos virtuais.

Na procura de algo...407

Vagueava por aí, na procura de algo, mas o que? Nunca cheguei a saber, duma palavra?

Dum tudo? Dum nada? Fiz-me essa pergunta tantas vezes e jamais obtive a resposta, a essa minha dúvida. Talvez tivesse encontrado, talvez não, mas a minha busca continua....Na procura desse Deus, que o vejo, no menino que joga a bola e na bola também Em todo o universo e nas suas partículas também .No mar que me acompanha, e nas suas ondas que se vão. Num sorriso luminoso, e num olhar triste também. Na procura da paz, e nas minhas revoltas também

No pássaro que voa, e naquele, que poisa em meus ombros também No aproximar duma criança, e no adulto que desaparece também Afinal que procuro? Não sei....mas meu sonho continua...E minha vida também.

A onda que te trouxe...408

O tempo estava tão escuro, a chamar a chuva, sorri, fui para a praia, na esperança de não haver ninguém, ter um cantinho só para mim, mas estava muita gente, ia desistir e voltar para casa, quando começou a chover muito, sorri de novo, o tempo ajudou meus desejos, percorri aquela avenida toda debaixo de chuva, quando ao longe, fixei um ponto de areia, com mar tão perto, olhei fixamente e segui naquela direção.

Cheguei lá, não havia ninguém, os deuses dos mares tinham-me guardado aquele cantinho para mim, para com o mar falar, para sonhar, para contigo estar, nem que fosse nas profundezas de meus pensamentos.

Estendi-me na areia, e sem retirar os olhos daquele mar, senti um arrepio de frio, tinha o corpo molhado e minha alma quente, levantei-me, aproximei-me mais do mar, muito calmamente, sempre olhando para ele, lindo, com suas ondas que vinham e iam de novo.

Deixei-me estar de pé, pensativa, como se esperasse algo, nessas ondas que banhavam meus pés, me faziam cócegas e me faziam sorrir, como uma adolescente, como uma mulher/menina que ainda sonha.

Ouvi meu nome, olhei para todo o lado e só vi uma onda, mas nessa onda escondido, vinhas tu, em resposta aos meus apelos. Como vinhas lindo, cabelo revolto, como essa onda que te trouxe, saíste da agua, me olhando sorridente, corri para ti, abracei-te, e como se o mundo fosse acabar ali, beijei teu corpo, teus olhos, tua boca, sempre no silêncio de nosso olhar.

Pegaste minha mão. Sentamo-nos na areia e ali mesmo, construímos um sonho, há muito por concretizar, o conseguirmos ser dois em um, sem ninguém à nossa volta, só tu, eu, nosso mar e nosso amor.

Esta noite reflecti .....409

Esta noite reflecti sobre o que era bom e o que era ruim, sobre o que eu gostava que fosse e a real e crua verdade, imaginei-me a sorrir a toda a hora e pensei :- porque hei-de chorar, se aprendi a sorrir? Imaginei-me no ano que passou, vi minhas lágrimas, minhas revoltas, meus amigos a desaparecerem, sempre sonhando com um amanhã melhor, mas refleti....

Esse amanhã vem sim, se eu olhar e sentir as pessoas por outro prisma. Se souber encarar as derrotas como algo que faz parte da vida, se aceitar um não, na esperança do sim, do amanhã.

Se me aceitar como sou, com todos os meus defeitos e todas as minhas qualidades, se pensar meu amigo errou e porque não? Não erro eu tantas vezes? Refleti sobre a dureza do meu olhar, quando meu íntimo esconde tanta meiguice, tanto amor e amizade para dar.

Esta noite refleti. ...Vou mudar... ou não vou mudar.... Vou ser eu, que adora a vida, que adora seus amigos, que adora sorrir, mas que aceitas as lágrimas também, que adora uma vitória, mas que aceita também as derrotas, para evolução de seu espírito.

Esta noite juntei todos os meus amigos que se cruzaram comigo no ano de 2007 e pedi-lhes perdão, pela minha rebeldia, por todas as minhas revoltas, por não os aceitar como são, quando eu...quero ser o eu sempre fui.

TU, meu rei.....410

Encontrei-te, com esse olhar brilhante, ausente, na procura de alguém que o fizesse sonhar.

Olhei esse olhar, que me bateu forte, me fez vacilar, mas recuei, não quis acreditar que estavas aí, mas algo cá dentro, se partiu e voltei de novo, à procura desse olhar forte, penetrante e encontrei-o de novo, luminoso, chamando por mim. Entrei de mansinho em tua vida, não queria te perturbar, senti-me a mais, e tentei mais uma vez fugir, mas essa ausência, me deixou uma saudade longa de tuas palavras, sentia-me tão longe de ti, mas tão perto ao mesmo tempo e voltei de novo, bati à tua porta, abriste-a, sorridente, com saudades minhas também.

Entrei a tremer, com medo desta sensação única, que estava a sentir, mas não resisti ao teu olhar, ao teu toque sensual, ao som de tua voz em silêncio, esse silêncio, que o ouço em minha alma, que faz acelerar meu coração, que toca em meu corpo como um raio forte, luminoso. Foi um explodir de emoções contidas, foi um sonhar de outrora, foi um medo que se foi, foi um encontrar de almas, um reencontro de sentidos. Tudo isso resume-se numa só palavra - TU, meu rei.....

Um ser chamado Amor.....411

Andava por aí distraída, nada me importava, a nada ligava, mas sentia-me bem.... Bem? Não sei, mas a indiferença faz secar os sentimentos e faz de nós seres amorfos e por isso nem sei se andava bem, se andava mal, mas andava livre. Voava por aqui, por ali, e tudo era igual, nada era mais bonito, nada era mais feio. Um dia encontrei-o, achei-o interessante, mas voltei a não ligar, passei a vista por ele e desapareci de novo, por esse mundo fora, mas algo tinha mexido cá dentro, meus sentimentos eram nada mais, nada menos, que uma salada russa, mas nem disso me apercebi, que já havia dentro de mim, essa mistura.

Outro dia, voltei a vê-lo e fixei meus olhos nele e senti raiva, coisa que me estranhou, porque iria sentir raiva, se nada me importava, mas... mais uma vez a salada se foi enrolando dentro de meu coração. Parei para pensar e vi-o tão pequenino, tão frágil, tal como o já sentia dentro de mim, e esse ser frágil, foi crescendo cada dia que se passava, ia aumentando a uma velocidade vertiginosa, e meu coração já não aguentava tamanho volume, dentro dele.

Mais uma vez parei para pensar e foi com espanto que procurei a indiferença, procurei o nada e não encontrei dentro de mim. Comecei a olhar à minha volta e vi flores lindas, tais, como se elas se apresentam na primavera, com cores maravilhosas, fui ver o mar e vi-o tão azul, que me espantei com sua cor, porque eu via-o sempre era cinzento.

Deixei-me ali estar a olha-lo, a ver suas ondas no vai e vem. Deitei-me com as mãos debaixo da cabeça e senti que estava a adormecer, mas.......Uma voz se fez ouvir, olhei à minha volta e nada vi, mas o som cada vez era mais forte e perguntou-me: -Não vês cores? Vejo, respondi eu, não te sentes leve? Sinto-me, mais uma vez respondi. Não sentes dentro de ti algo a mexer-se? Sim, respondi timidamente, mas muito baralhada, estupefacta, como aquela voz sabia o que estava sentindo.

Olhei de novo à minha volta e mais uma vez não vi ninguém, a não ser uma onda a meus pés e som vinha de lá. Já não conheces minha voz? Olhei, tremendo, aquela era a voz do meu amigo, o Mar. Parei de olhar e coloquei uma das mãos em meu rosto e senti uma lágrima a cair, limpei-a, respondendo: -És tu? O meu amigo? O meu mar? - Sim sou eu, aquele, que abandonaste há tempos, e hoje chamei-te aqui, para te tirar as dúvidas que estão em teu coração .

Sabes o que encontraste à uns dias atrás? Não, não sei, mas estou estranha, não me sinto eu, respondi a com voz trémula. Minha linda esse pequeno ser que viste, que foi aumentando de volume dentro de ti, se chama amor, foi esse ser pequenino que tomou conta de ti. Não: - gritei eu, eu não conheço esse ser, não o sinto

Sim minha amiga, tu encontraste o amor, agora vai-te embora e procura-o, porque ele espera-te para contigo viver, para não mais te deixar, para viver o resto dos teus dias, dentro de teu coração. Encontraste o AMOR, e olha bem, nem toda a gente tem essa sorte de o sentir, por isso vive-o, alimenta-o com carinho, com paz, com paciência e acima de tudo com muita tolerância.

Um desenho sem pincel.....412

Foi dali que tudo partiu.......fiz um retrato e desse retrato, saiu uma boca, um olho, depois um nariz, tudo esfumado, como estava confuso esse desenho, porque não conseguia desenhar melhor? Sorrisos....pois não sou desenhadora, porque não me pediram para pintar sua alma, seu coração? Porque não me pediram para pintar o seu estremecer? Suas tremuras quando nele toco? Suas vibrações quando o tento beijar? Porque isso, conseguiria desenhar, porque isso, conheço, sinto-o em mim, seu coração, seu estremecer, sua alma sensível.

Não sei desenhar numa tela, não uso o pincel para dar vida a um rosto, não uso a palete de cores para sombrear sua tristeza, não uso o vermelho, para sentir seu sangue a ferver, uso este teclado, para o pintar com minhas palavras. Não sou pintora de telas, sou pintora de palavras, de linhas, de frases, e...vou desenhar com minhas palavra, tudo o que ele tem escondido, tudo o que sinto e não vejo, tudo o que quero e não tenho.

Acabei de o desenhar...olho para esse rosto, encoberto por uma sombra, que só eu vejo e sinto....Como está belo, como sorri....como essas cores do coração combinam com sua sensibilidade, como seu olhar castanho, luminoso, me faz lembrar o castanho duma rocha....É belo este ser que acabei de desenhar, ofereço-vos, porque ele não me pertence....não é meu.

Senão....senão......413

Deixem-me soltar este meu grito...414

Preciso de ver o mar

Libertem-me desta prisão

Preciso de suas carícias

Preciso de com ele falar

Soltar tudo de mim

Aliviar meu coração

Fechar os olhos e chorar

Preciso de ver o mar

Ver suas ondas a passear

Dizer-lhe o quanto me sinto só

Nesta terra de ninguém

Tirar estas correntes

Nadar para o além

Sentir o infinito

Dizer......Não aguento mais

Deixem-me soltar este meu grito

E depois do adeus....415

E depois do adeus

Diz-me só para mim

Tudo o que quiseres

Mas eu preciso de ti

Dá-me forças meu Deus

Para aguentar esse adeus

Sem carinhos teus

Sem o teu amor

Sinto que vou morrer

Com tamanha dor

E depois do adeus

Esta grande solidão

Que se instalou em mim

Não posso viver assim

Com este sofrimento

Com esta dor no coração

Sem ver teu olhar

Sem ver teus movimentos

Sem pode te abraçar

E muito menos beijar

E depois do adeus

Fiquei só....enfim...A chorar

Ah...se eu soubesse......416

Ah...se eu soubesse que o passado viria ao encontro de meu presente e de meu futuro

Não teria educado meus sentimentos

Não teria alimentado a sensibilidade e a meiguice

Não teria lutado contra a morte, quando ela se aproximou de mim

Ah ... se eu soubesse que a vida é traiçoeira

Teria me transformado numa pessoa fria, calculista

Não sofria com perdas, tudo me era indiferente

Mas eu..........trilhei um caminho

Esse caminho que quero fugir dele

Ah... se eu soubesse o quanto custa ser mulher

Tinha-me libertado em criança

Tinha brincado mais, sorrido mais, feito mais traquinices

Mas não sabia.......o que a vida me tinha reservado

Não sabia que chegaria o dia de não saber distinguir

Os raios de luz, da escuridão

Ah...se eu soubesse.......

Mas não sabia

SOLIDÃO.......417

Quando se perde alguém que nos é querido, olhamos à nossa volta, vemos tanta gente e ao mesmo tempo apodera-se de nós uma solidão que dói, que grita tanto, que fere ainda mais os nossos sentimentos. e apetece-nos gritar:-

Solidão minha companheira

Nos momentos triste da paixão

Para que viver de outra maneira!

Se o mundo lá fora é uma ilusão?

Ilusão de cargas, dor e depressão

Ilusão querida , ilusão perdida

Ilusão um dia achada, mas breve,

E muito sofrida.

Solidão minha companheira,

Porque tanto me atormentas?

Quando já não consigo suportar

As minhas feridas sangrentas?

Solidão amiga querida

Porque me falas tão alto?

Porque gritas dentro de mim?

Se eu já estou tão sentida?

Que importa fugir? 418

Que importa fugir?

Que importa virar as costas?

Se este pico....

Entra...cada vez mais forte

Que importa fingir?

Que nada sinto

Que nada me dói

Porque esta dor é terrível

Este amor que me mói

Saber....

Que voltar a ver-te, é impossível

Já não consigo suportar

Já me sinto a perder

As forças....a coragem

Nada me está a ajudar

Neste louco sofrimento

Que não quer desaparecer

Não te vás....

Não vou suportar

Estes círculos em movimento

Minha alma, meu coração

Num choque constante

Com a verdade, com a razão

O Cristal bruto....419

Lapidei o cristal bruto

Que havia dentro de meu ser

Tornei-o num cristal leve, sensível

Não sei porquê...

Antes era feliz... sorria

E agora? Choro e estou a sofrer

Nada, que não fosse previsível

Se o arrependimento matasse

Agora estaria morta

Se o sonho me salvasse

Mas nem esse já resulta

Em cristal bruto....

Vivia a sorrir, era bronca

Era sincera, era tonta, era bruta

Mas nem uma lágrima deitava

Já não tem volta afinal

O cristal depois de lapidado

Já não volta ao seu normal

Um muito e um pouco de mim...420

Para o resto de minha vida, vou sempre lembrar as horas que passei contigo, não foram todas boas, tantas, que foram tão ruins, mas.... Que fazer? Sou louca......

Busquei-te nas masmorras dum castelo

Entre as árvores dessa densa floresta

Busquei-te nas rochas daquele mar tremendo

Entre as ruas dessa cidade fantasma

Busquei-te no recôndito de meu ser

Entre a alma e o coração

Busquei-te no meu sorriso tímido

Entre os olhos e a boca

Busquei-te naquele ponto luminoso

Entre o mar e a eternidade

Busquei-te entre tanta gente boa

Entre a céu e o inferno

Busquei-te.......Para quê?

Que encontrei?

Um tudo...um nada

Uma meta que não consegui atingir

Um muito de mim que fica

Um pouco de mim que consegue fugir

Sou uma pétala caída....421

Sou uma pétala caída

Que caiu sem sentir

Sou a pétala duma rosa

Que murchou....

Ao começar a florir

Sou uma pétala caída

Sou o renascer da aurora

Sou uma alma sentida

Sou teu figo, tua amora

Sou uma pétala caída

Que de tua boca brotou

Sou a carne ferida

Que teu coração marcou

Sou uma pétala caída

Que contém muito amor

Uma raiz vindo do tudo

Uma raiz vinda do nada

Sou a tua chuva, teu frio

Teu sol, teu calor

Se amanhã ainda te amar.......422

Se amanhã ainda te amar

De burra me vou intitular

Eu.... Que detesto ter pena de alguém

Vou ter pena de mim

Porque quero te desprezar

Ver em ti....

O porto que nunca atraquei

O barco que me abandonou

Naquela maré-alta, sofrida

Tão mal que eu fiquei....

Entre as ondas....

E o fundo do barco

Nem meu mar

Me conseguiu salvar

Por isso....

Se amanhã ainda te amar....

Eu vou dizer não....

Ao meu coração

Vou encerrar meus sentidos

Vou por caminhos perdidos

Vou dizer chega......

Não te amo, mais não....

Guardarei...423

Numa caixinha de veludo

Guardarei...

As rosas amarelas

Teu carinho,

No coração

Tua ausência

Na palma da mão

Teu silencio

Faço dele...

Meu espinho

Meu cravo

Minha amargura

Tua presença

Minha ternura

A prova de ti...424

É com o coração feliz

Que aqui te vejo chegar

Na calada na nossa noite

E comigo, vir falar

Meu olhar turvo, se ilumina

Meus dedos tremem

Minha alma estremece

Tuas palavras vou ler

Minha saudade adormece

Teu carinho vou ter

Tua presença me enternece

Vou parar para pensar...425

Vou parar para pensar

Não posso ser impulsiva

Não posso dizer o que quero

Não posso dizer o que me apetece

Não posso ter o que espero

Há coisas que nunca acontece

Vou parar para pensar

Se corro por aí...

Se vou ver o mar

Vou com ele falar

Pedir um pouco de calma

Que me liberte a alma

Desta impulsividade

Deste coração...

Que sonha sem razão

Vou parar para pensar

Se quero continuar

Se quero liberdade

Se me fico pela saudade

Se perguntasses..........426

Se perguntasses ao sol, à lua

Ao vento, ao mar

Aos rochedos, à neve, às pedras

Se perguntasses às tempestades

Às algas, às estrelas

O porquê dos meus medos

O porquê da minha realidade

O porquê do meu amor

O porquê das minhas lágrimas

O porquê do meu isolamento

Todas te saberiam responder

Todas conhecem meu sentimento

Aquele que por ti sinto

Aquele que por ti grito

Aquele que me faz chorar

Aquele que me faz viver

Pedra ou gente?...427

Estou zangada

Estou sentida

Comigo

Com a vida

Com o mar

Ressurge-me de novo

Pensamentos negativos

Sentimentos de medo

De angústia, de dor

De contrariedade

Falo com o mar

Mas não o oiço

Vejo as ondas

Mas não as sinto

Olho o céu

E vejo-o negro

Não sinto calor

Não sinto frio

Não sei se falo verdade

Não sei se minto

Não sinto meu corpo

Não sinto minha mente

Sinto-me ninguém

Não sou pedra

Não sou gente

Meu poema...428

Foi assim que tudo começou

Uma palavra, um desencontro

Um bater numa porta

Que se encontrava trancada

Um fugir dali, conformada

Um voltar....e nada em troca

Em tua porta fui bater

De novo...uma pancada

Um outro desaparecer

Eram dias de confusão

Estávamos perto do natal

Dias de alegria para uns

Desejando esse dia

Com ansiedade, com emoção

Mas voltaste afinal

Um bom natal me desejar

Com tuas palavras me alegrar

Uma palavra aqui...

Uma frase bonita no meio

Um sorriso ali...

Hoje tas aí...

Minha companhia

Meu amigo...

Minha alegria....

Foram poemas...429

Foram poemas

Foram prosas

Foram águas

Foram rosas

Foste o espinho

Foste o mar

Que se cruzou

No meu caminho

Foste a bela recordação

De carinho

De paixão

Mas....

Também foste

Meu amigo...

Minha desilusão

Escola da vida....430

Tirei o curso superior

Na escola da vida

Especializei-me

Nos sentimentos

Em vozes baixas

Em vozes sentidas

Estudei pensamentos

Graduei-me....

No caminho da dor,

Na voz do amor

Estudei a alegria

A vida simples

O sorriso, a paixão

Em todos, nota zero eu via

Não desisti ....

Não me especializei na razão

Especializei-me no coração

Vida longa....431

Uma velhinha encontrei

Sentada em sua ombreira

Um sorriso meigo

Um olhar ternurento

De quem muito sabe

De quem muito viveu

Não controlei meus gestos

Muito menos o pensamento

Sentei-me à sua beira

Ouvi suas histórias

De menina de mulher

Sorria quando queria

Chorava quando sentia

Seus amores, suas paixões

Seus dissabores

Suas desilusões

Mas hoje ali sentada

Agarrando em minha mão

Aliviava minha alma

Sorria ao meu coração

Meu fio de prumo...432

Foram dias de ansiedade

Tantos dias....

De amor, de alegria

Tantos dias... de saudade

Nunca partia....

À tua espera

Na esperança de te ver

Mas....

Acabou....tudo terminou

Acabou o encantamento

Que meu coração sentia

Matei este sentimento

Que por ti nutria

Hoje vivo de liberdade

Vivo à toa, sem rumo

Navego numa canoa

Na procura do meu dia

O dia da minha verdade

Na certeza que vou encontrar....

Minha alma gémea

Meu fio de prumo

Tola revolta....433

Minha revolta de ontem

Com raiva no coração

Me deixou sem clareza

Sem tino e compreensão

Minha paz de hoje

Me fez ver a razão

Não posso perder

O carinho que me tens

Nessa alma de menino

Nesse enorme coração

Quero te compreender

Como sempre aconteceu

Sempre te acompanhar

Nas nossas noites de luar

O Luar, que a noite nos deu

Amanhã.....sempre esse Amanhã...434

Amanhã.... Só quero uma coisa....

Tua voz, com muito amor

Amanhã.... Nada mais vou desejar, se te ouvir dizer - Te amo minha rainha

Amanhã.... Vou agradecer ao meu mar, que me deu oportunidade de te conhecer

Amanhã.... Vou dizer à minha lua que te vejo, cada vez que a olho, cheia, linda luminosa.

Amanhã.... Que espera desesperante, para estar contigo.... Poder te sentir ...poder dizer...como te amo....

Amanhã.... Vou de novo renascer, esta saudade se vai esfumar, neste fim de semana que está a terminar...

Amanhã....sempre o amanhã, que te espera na ânsia de poder dizer....Fazes-me bem.

Ai.....se eu pudesse...435

Olhar uma estrela, tocá-la,

Sentir-lhe o brilho

E traze-la para ti

Encontrar um coração novo

Sem mágoas, sem feridas, para te oferecer

Sair agora daqui...

Voar ao encontro de teus sentimentos.

Ai..... se eu pudesse....

Dar-te tudo que mereces e desejas

Ser espuma, para teu corpo amaciar

Ser uns lábios, para teu rosto beijar

Ser o céu, a terra, para te abençoar.

Ai se eu pudesse....e aprendesse....

A deixar de pensar em ti

Nunca deixaria....

Porque adoro pensar em ti

Pensei que tinha esquecido....436

Pensei que tinha esquecido....

Teu olhar, meigo, pene

Suave, mas também desconcertante

Teu jeito de amar

Com suavidade, com carinho

Duma maneira linda, salutar

Teus beijos, teus abraços

Teu jeito querido,

De me dar um sorriso

Pensei que tinha esquecido....

Teu jeito de me apertar as mãos

Com força, com miminho

Teu jeito de dizer adeus...

Num silêncio esmagador

Que fez um arrancar de mim

Que me provocou esta ferida, esta dor

Pensei que me tinha esquecido

De ti, de teu nome, de teu ser

Mas que tola....

Com vou esquecer-te?

Se por ti ainda choro!

Se por ti ainda estou a sofrer!

Estranha crueldade....437

Estranha crueldade

Que maltrataste meu ser

Dá-me um pouco de paz

Dá-me um pouco de tranquilidade

Não me faças mais sofrer

Dá-me um pouco de forças

Estou de rastos...já não sou capaz

De reagir à tua brutalidade

Pára...por favor

Não rasgues minha carne

Não limes meu coração

Já não aguento mais a dor

Não sei se vou

Não sei senão

Mas...por favor

Sacana crueldade

Dá-me um pouco de vida

Dá-me um pouco de liberdade

Pediste-me um lenço...438

Em renda.... Talvez bordado

Não consigo fazê-lo

Mas ofereço-te este poema

De amizade... todo coroado

Nada escolhi....

Nem sons, nem algum tema

Apenas as minhas palavras

De tudo quanto sinto....

De tudo que senti...

De sorrisos e carinhos

De palavras meigas

De gestos, de miminhos

Esse lenço....

Teu suor irá secar

Teu coração aconchegar

Para que num amanhã

De mim te possas lembrar

Por favor Jesus...439

Jesus dá-me fé....

Para crer em Ti....

Para crer em meus amigos

Para crer na minha vida

Para crer...que ainda sou capaz

De sentir paz...carinho

Jesus dá-me a alegria

Um dia achada, um dia perdida

Dá-me a força que tive um dia

Tira-me esta raiva, que me consome

Que não me deixa ver a verdade

Que não me deixar sentir descansada

Dá-me liberdade de pensamento

Dá-me capacidade de sofrimento

Jesus.... Que um dia te reneguei

Que de ti me afastei

Dá-me fé...forças....

Deixa-me ser amiga, de meus amigos

Dá-me capacidade de perdão

Liberta-me desta angústia

Que me fere a alma

Que me destrói o coração

Tua fuga...meu desespero...440

Procurei nas nuvens

Por entre as gotas de chuva

Procurei no mar

Por ente as algas e rochedos

Procurei num jardim

Por entre as rosas e as tulipas

Procurei nas montanhas

Por entre os flocos de neve

Procurei nas ruas

Por entre os carros e a multidão

Essa busca infinita

Sem lógica, sem razão

Não te vou encontrar

Vou ter que desistir

Que importa te procurar?

Se tu teimas em fugir?

Já não vejo teu olhar

Que me deixa uma profunda saudade

Já não vejo teu sorriso

Que me dava toda a liberdade

Já não sinto teus beijos

Que me davam tanta felicidade

O último Beijo....441

Pediste-me um beijo

Com tua voz ternurenta

Olhei para ti docemente

Juntei meus lábios aos teus

Senti tua boca sedenta

Teu olhar de desejo

Acariciei tua pele

Num toque suave, delicado

Saboreando nosso beijo

Num trago, doce, a sabor a mel

Fechei meus olhos

Nada queria ver...

Tudo queria sentir

Tuas mãos, teu olhar

Tuas carícias, teu ser

Foi assim...

Que de ti me despedi

Foi assim....

Que não mais te vi

Um adeus doce, sofredor

Mas.... Tinha que acontecer

Ficando apenas minha dor

Só esta noite...442

Ama-me esta noite

Debaixo de chuva e trovões

Acaricia meus cabelos

Deita-me na pedra macia

Aconchega meu corpo

Acalma minhas emoções

Arranca-me a pele

Uma noite de amor

Uma noite de paixão

Ama-me esta noite

Com teu corpo, teu coração

Dá-me arrepios, dá-me calor

Uma hora, um momento

Como se o último fosse

Leva-me em teu mar

Leva-me ao firmamento

Que teu peito...

Abrigue-me da chuva

Que teus braços...

Abrigue meus medos

Ama-me esta noite

Aperta minha mão

Aperta meus dedos

Tanto te peço ó Mar...443

Ó Mar...Aconchega-me

Porque tenho frio

Dá-me uma massagem

Porque tenho dores

Dá-me um beijo

Porque meus lábios estão secos

Dá-me os olhos

Porque não vejo

Dá-me um sorriso

Porque tenho vontade de chorar

Dá-me um coração

Porque preciso de amar

Dá-me água...

Porque tenho sede

Dá-me calma...

Porque tenho ansiedade

Dá-me uma alma

Porque perdi a minha

Quando voava em liberdade

Dá-me uma companhia

Porque estou sozinha

Dá-me a tua energia

Porque estou fraquinha

Que saudades deste olho...444

Que saudades deste olho

Que me dava inspiração

Que me dava paz

Que me fazia ser "eu"

Foi com ele...

Que fiz amizades

Foi com ele que fui feliz

Com ele dei meu coração

Hoje....que dou?

Nada... não sou capaz

Era forte...

Sempre tinha uma palavra amiga

Se alguém sofria...

Eu estava lá...

Hoje sou egoísta

Só em mim penso

Estou derrotista

Já não tenho bom senso

Nessa praia...445

Nessa praia que sonho

Nesse mar, com quem falo

De ti, de mim...

Nesse mar, que te espera

Para contigo falar

Para te conhecer

Para te acarinhar

Para teus pés amaciar

Nesse mar

Eu te vejo, sem te olhar

Eu te beijo, sem tocar

Esse mar...

Que um dia foi meu

Hoje também é teu

É nosso...

Nosso sonho, nosso luar

Minha rosa amarela...446

Silenciosamente

Entraste em minha vida

Dei comigo a pensar em ti

fugi.....

voltei.......

Fugirei de novo?

Voltarei, se fugir?

Não sei....

Quero respirar teu ar

Sentir teu cheiro

Limpar tuas lágrimas

Sorrir com teus lábios

Sentir com teu peito

Mexer em teus cabelos

Acariciar com a tua mão

Quero.......

Ser uma partícula de ti

Sentir teu jeito

Pintar-te numa tela

Em forma de rosa amarela

Amar com teu coração

Quero tudo o que senti...

Mas que contigo, não vivi

Às vezes fico a pensar.....447

Às vezes fico a pensar..quem és tu...o que pensas...o que sentes, e todos os laços de meus pensamentos se desfazem.

Às vezes fico a pensar que és uma pessoa meiga, sensível, aquela, que me conquistou..outras vejo em ti um ser altivo, frio...ausente e mais uma vez...me confundes

Às vezes falta-me a confiança em ti, sinto que a história se repete, outras penso que sou impulsiva, que te quero só para mim, e sei que nesse momento estou a ser egoísta.

Às vezes sinto que falas comigo por favor, outras sinto que falas comigo por gosto, e aí fico sem saber que pensar, que dizer.

ÀS vezes sinto vontade de correr para teus braços, mas tua frieza, me afasta, outras vezes, sinto vontade de desaparecer, para não me magoar mais uma vez.

Indiferente....448

Vinha vindo lentamente

Sem meus passos sentir

Passava Montanhas e Vales

Onde tudo é escuro e horrendo

Olhava e não via uma flor sorrir

Continuei......

Calma, vagarosamente

A noite já estava vindo

A Lua feliz se sentia

Por fugir das nuvens, da chuva,

Da escuridão

Estava tão indiferente ao pensar,

Ao meu coração

Essas coisas belas da natureza

Que vem das mãos da realeza

Para me mostrar que a escuridão

Não é horrenda........

Mas sim o belo ausente

Dos poetas loucos e indiferentes

Sempre....sempre...449

Esvoaçaste em meu peito

Tal parecias um passarinho

Sentia teu perfume

Sentia tua boca

Sentia teu carinho

Depressa desapareceste

Bateste asas e voaste

Por esse horizonte fora

Tão só me deixaste

Seguiste em frente

Foste embora

Mas....

Não precisas te preocupar

Vou fingir indiferença

Não te vou incomodar

Podes ficar, podes fugir

Mas eu vou sempre te amar

Calma e serenamente....

Sem chorar, sem sorrir

Um sonho chamado...Alma...450

Se meu corpo mingar

Minha alma crescer

Não me vou importar

Já não vou sofrer

Meu sonho conseguido

Desde que sou gente

Não perder a beleza

Que em anos alimentei

Ter sempre em mente

Não perder a franqueza

Consegui, porque lutei

Para ter a certeza

De minha alma libertar

De sentimentos egoístas

De pensamentos derrotistas

Minha alma fortalecer

Vou conseguir amar

Sem lágrimas, sem dor

Tudo de mim vou dar

Tudo de bom, que obtive

Com luta, perseverança

Com alegria, com esperança

Um dia...451

Mais uma vez nos desentendemos

Falamos a mesma língua

Uma, sai em chinês, a outra, em italiano

Tu dizes amaste-me, eu digo...te amo

Tu foges, escondes a verdade

Eu sinto tua falta, a dor da saudade

Tento sorrir, brincar, para não te magoar

Tu... vez em mim, a egoísta, a mimada

Que não sabe te compreender

Que não sabe amar

Um dia vamo-nos entender

Não vou mais chorar

Não vais mais sofrer

Mamã...452

Mamã........vês esta lágrima ao canto de meu olho? Estou emocionada e ao mesmo tempo bateu uma saudade louca de ti, quando o nosso menino mandou-me escrever aquelas coisas para a mãe.

Também eu, há bem pouco tempo dizia que íamos ser felizes, para sempre e hoje? que resta de mim? um peso enorme, chamado dor, saudade, sofrimento...porque esse sempre.... foi tão breve, apenas durou dois anos.

Quando te voltarei a ver? Esta vida já não tem sentido algum para mim e tu sabes disso mamã querida, tudo ao meu redor é negativo, é dor, é raiva e revolta...porquê?

Pequenos momentos de alegria, quando nosso menino está aqui comigo, e depois? Tudo se vai....tudo fica na escuridão da solidão, do silêncio, porque já não há a tua voz .....mamã querida.

Uma fuga de ti...453

O dia acordou cinzento, sem chuva, mas fui na mesma à varanda, olhar o céu negro, mas sempre tão lindo, as nuvens fazendo a dança da chuva, como se índios fossem, e fiquei-me ali a olhar enternecida, para aquele espectáculo lindo.

Senti tua falta, a falta de tua ternura, de teu carinho, dos dias que passámos à chuva, mas acordei, desse sentimento de saudades, não posso sentir saudades de ti, não posso olhar o céu e ver-te lá em cima escondido de mim.

Começou a chover, acalmei-me, desta ânsia que não me deixa dormir, que não me deixa respirar, fugi este fim-de-semana para bem longe, para que não pudesse te olhar, para que pudesse te esquecer.

Procurei nesse mar longínquo o esquecimento de ti, e vim de lá pior, esse mar lindo, que o procuro nas horas em que a solidão me tortura, nas horas em que quero fugir de ti, com o desejo de entrar em ti, nas horas desta contradição que me deixa sem forças, que faz de mim palhaço, que faz de mim um boneco articulado ao som do teu "olá" frio e calculista.

Continua a chover, neste dia de Outono e vejo as horas passarem, horas essas, em que a solidão não me quer abandonar, horas essas, que me fazem lembrar de ti, de teus beijos, de teu corpo, de teu olhar, de um todo de ti.

Vou desistir.... De escrever, porque na escrita vejo-me me em ti, na escrita, vejo meu ser cravado em teu olhar, num todo, num nada, que se tornou esse amor doentio, que juro apagá-lo, mas que teima em ficar cravado dentro de mim, com essas garras fortes de possessão.

Na calada da noite...454

Na calada da noite

Entro em teu ser

Vislumbrando o que há em ti

Percorro cada partícula

De teus olhos, de teu corpo

Soluço de saudades

Porque o que procurei...

Não consigo encontrar

Mas....

Continuo a buscar

O melhor do teu "eu"

Sei que vou achar

Sei que vou sorrir

Sei que te vou amar

Na calada da noite

Longe de ti...

Numa noite sem fim

Eu te olho

E tu olhas para mim

Trevas duma paixão...455

Nas trevas do teu sentir

Encontrei minha paixão

No teu abandono

Encontrei minha solidão

Tentei recuar, tentei fugir

Por entre as ruas

Por entre a multidão

Minha mente se torturava

Meu olhos se fechavam

Mas senti......

Que tu me abandonavas

Tão perto que estás

Tão longe que te sinto

Com voz rouca me falavas

Cheia de amor, cheia de paixão

Com que saudades eu recordo

Esses momentos de emoção

Foram falsos, mas eu os vivi

Com alegria, com ilusão

A carta que nunca escrevi....456

Está tudo guardado dentro de meu peito, desde o dia da tua partida, quis escrever-te uma carta de adeus..mas, não creio nesse adeus, prefiro dizer até um dia, mesmo que ele nunca venha. Foram difíceis os primeiros dias, em que procurava teu olhar em tudo que se mexia e em tudo o que se encontrava parado.

Quantas vezes no delírio de meu sofrimento, encontrei esse olhar, mas ilusões apenas, dum coração apaixonado e amargurado, porque teu olhar sumiu-se contigo, deixando apenas a lembrança desse verde, que parecia musgo, erva, e outras vezes terra, carvão...vês a confusão que ia dentro de meu cérebro? Hoje, passados tempos, já consigo me lembrar da cor de teus olhos, esse cor que me ofuscava de tão bela que era.

Via umas mãos mexerem-se e logo via as tuas, doces, sensíveis, que apertavam as minhas com calor, com carinho, como se quisessem me proteger de todo o mal, mas...esse mal...afinal estava tão perto de mim, não me poderias proteger dele, porque ele estava dentro de teu ser.

Procurei-te, dias, meses a fio, com a certeza, que jamais te iria encontrar, porque partiste, com a mesma certeza, de eu não mais te ver..Tantas vezes comecei esta carta, mas nunca tive coragem de a continuar, hoje, mais liberta de ti, vou acabá-la para te dizer....Amei-te tanto, mas tanto, não sei como esse amor coube em meu peito, tal sua grandeza, tal sua intensidade

.Hoje posso dizer..foste uma passagem em minha vida, linda, deliciosa, triste, amarga, mas foste tu...sempre tu.......

À distância, dum palmo de mão....457

Um toque em teu rosto

Um estremecer de emoção

Um olhar de ternura

Dois corpos juntos

À distância, dum palmo de mão

Palavras, sorrisos...

Tudo na voz do silêncio

O silêncio dos apaixonados

Junta a tua, à minha boca

Mordisca meu pescoço

Faz de mim, fêmea, louca

Acaricia meu dorso

Liberta meus sentimentos

Solta-me as emoções

Faz de mim muito

Faz de mim pouco

Aperta meu corpo

Solta meu grito rouco

São as palavras

Que nunca te direi

Porque nunca mais te vi

Mas sempre te senti

Meu amor...meu rei.

A madrugada....458

A madrugada vai crescendo, semideitada no sofá, espero por ti....duas da manhã...olho o relógio, não liguei o quanto já era tardia a noite, sabia que chegarias, mais tarde ou mais cedo.

Bummm..uma porta bateu, abri os olhos, mesmo com a luz lá de fora, estava na penumbra, mas com intensidade suficiente, para ver a entrada da porta.

Olhei....vi-te chegar, muito calmo, como se o mundo não girasse à tua volta, à nossa volta, como se o mundo fosse desabar em cima de mim e eu indiferente, foi essa tua calma, que me transmitiu isso.

Sentas-te a meus pés, passas uma mão por eles, timidamente, um tique muito teu, quando algo tens para me dizer, mas o silêncio prolongou-se naquela sala.

Preciso de te dizer algo...começaste com o mesmo tom calmo, mas já rouco...mais um tique, ia sair dali bomba..esperei calmamente também, sem articular som.

Sentei-me...olhei para ti, arqueei as sobrancelhas em forma de interrogação. outro silêncio, este, já mais pesado, sentido na minha alma.

Cheguei tarde...disseste-me, com o ar mais natural do mundo, como se isso fosse uma novidade do mundo.

Não perguntas porquê?....Outro silêncio meu, outro arquear e sobrancelhas...... Enervei-te com meu silêncio.

Traí-te esta noite.......bummmmm.....meu coração estoirou, meu corpo tremeu, mas.....nada disse...olhei-te profundamente, senti a dureza de meu olhar em ti, como uma facada em minha alma, mas tinhas acabado de a matar.

Levantei-me, não chorei, nada te disse, apenas pequei em teu colarinho e mostrei-te o vermelho do batom, olhaste-o i ficaste estático.

Já tinhas visto? Perguntaste com voz trémula.......acenei a cabeça, em forma de consentimento.

Olhei-te de novo, agora não com dor, não com mágoa, mas sim com pena de ti....estiquei o dedo e com voz rouca apenas disse....sai....

Não querias sair, mas eu não podia dar-te o prazer de me veres chorar, então, baixinho disse...ou sais tu ou saio eu....não esperei resposta...saí...deambulei por aí.

Andei horas pela cidade, fui ver o mar, e nem uma lágrima corria por meu rosto, tinhas destruído o melhor de mim....a minha capacidade de sonhar por um dia feliz....

Voltei para casa horas depois, estavas no mesmo sítio, com a cabeça entre as mãos e um papel no regaço, que dizia....amo-te...perdoa-me.

Perdoei-te, porquê?.......

Aguardo respostas a essa pergunta...... Perdoarias? Porquê?........

A ostra ferida.....459

Quantas vezes ouvimos, vemos, sentimos coisas, que aparentemente não ligamos, mas... elas ficam lá dentro de nós, vai-se formando uma massa, que vai endurecendo com o tempo.

Quantas vezes ouvimos, algo que nos magoa, mas para sermos fortes, fingimos que isso foi uma bala que resvalou, mas não chegou a tocar, mas tocou sim, nosso orgulho, não nos deixou sentir ou ver que essa bala penetrou bem dentro de nós, damos novas oportunidades, porque a seguir à bala que feriu, sem ferida, vem um elogio, que mais uma vez, fingimos não ligar, mas ligamos, ele bateu também cá dentro, fechando um pouco a ferida, que a mágoa anterior tinha feito.

Passamos anos da nossa vida a abrir e fechar feridas, a amenizar essa massa bruta, que amolece um dia e no dia seguinte volta a endurecer.

Mas são muitas das vezes essas balas que nos ferem, que nos faz embelezar nosso coração, sermos mais compreensivos, formando uma pérola linda, tal como existe a história da ostra, que faz brotar dentro de si uma pérola, com as feridas que se formaram em seu corpo, ao longo da vida.

Há outros casos mais tristes, quando essas feridas, tornam alguém doentio, de maus pensamentos, pessoas que adoram ferir, sem ver porquê e a quem, mas sim porque existe dentro de si, uma sede de vingança, pelos maus tratos da vida.

São essas pessoas que não deveríamos desprezar, mas sim amá-las, para que de seu coração possa nascer também uma pérola luminosa e linda.

A força do medo...460

A força do medo de te perder, não me deixou ver para além do que sentia por ti, mas hoje acordei, sabes?

Hoje....olhei para dentro de mim e senti-me tão importante, senti, que já não consegues satisfazer meus sonhos de menina, de mulher.

Hoje.... Vou dizer chega, ao teu umbigo, que está tão saliente, por só olhares para ele e não veres nada, além dele..

Não há amor, que resista a tanta humilhação, a tanta indiferença e hoje...posso te dizer...Não te amo mais...acabaste em minha vida...foste um episódio, que o quis prolongar nesta minha história, mas...já não há palavras para o descrever e apenas escrever -Fimmmmmmm

Hoje....olho para ti e não sei, se conseguirei ver sequer, uma réstia do amigo que foste um dia, antes de conseguires balançar meus sentimentos, antes de conseguir, te ver como homem, como alguém que viveu dentro de meu ser, este tempo todo, como alguém que me tirou a vontade de viver, obrigando-me a fechar neste casulo, que me sufoca, que me oprime, que não me deixar dizer...Sou mulher.

O Sol e a Lua...461

Era dia de lua cheia, como vai sendo um hábito meu há anos, vou sempre à janela olhar para ela, falo com ela, sorrio para ela, choro para ela, tento em cada dia em que ela está cheia, descobrir algo de novo e como consigo descobrir.... Cada dia, ela me diz uma coisa nova, me mostra algo que nunca vi, que nunca senti.

Nesse dia, voltei à janela à noite e não a vi, tentei virar a cabeça em todos os sentidos para ver se a via, pensando que era fruto da minha cabeça, que ela estava lá e eu não a conseguia ver..........mas....... não estava mesmo.

Preocupada, saltei essa varanda, deixei minha alma voar por esses céus fora à sua procura, algo me dizia que tinha acontecido alguma coisa à minha amiga Lua.

Encontrei-a finalmente em seu quarto, chorando, desolada, sem brilho, sem aquela força que move as noites lindas dos enamorados.

Fiquei então a saber que ela estava cheia de saudades de seu Sol, e que as saudades a estavam matando, a estavam destruindo.

Saí de mansinho desse quarto, fui ter com as estrelas que brilhavam muito devagarinho, porque não tinham a força da Lua e falei come elas.

Quando elas me contaram que ela andava assim á dias e nada a fazia reagir, nesse momento só pensei que tinha que fazer algo... e fiz.......

Fui ter com Deus, ajoelhando-me diante Dele e pedi-lhe chorando - Meus Deus, nunca te pedi nada para mim, mas por favor , faz esse milagre, deixa a Lua e o Sol se encontrarem pelo menos uma noite, dá-lhe só uma noite, mas não a deixes morrer de desgosto.

Deus olhou para mim, estendeu suas mãos, fez-me levantar e levou-me até ao sol.

Como ele estava lindo, tão laranja, mas com uma sombra em eu olhar, porque ele sentia que sua Lua não estava bem.

Vestimos o sol com um manto azul cinzento, para que ninguém na terra desse por ele, pegamos em sua mão e levámo-lo até sua Lua.

Meu Deus, nunca tinha visto tamanha felicidade entre dois seres, tão lindos.

Fechamos a porta do quarto, e lá ficaram os dois sozinhos amando-se a noite toda, cada beijo era uma promessa, dum dia voltarem a se encontrarem de novo, cada carícia, era um sonho, que demorou a realizar-se. Foi uma noite de loucura total.

A terra estremeceu, perante tanto amor, que eles irradiavam de seus corpos e eu... nessa noite fiquei a acompanhar as estrelas, para que elas não se sentissem sozinhas sem sua mãe, a D. Lua.

No dia seguinte, o dia acordou com um sol radioso, todo o mundo estranhou a cor do sol mas ninguém sabia porquê e eu... sorrindo dei um beijo aos dois, e fui-me deitar. Minha missão estava cumprida.

A pequena sereia....462

Olhei, mal a via, de tão pequenina que ela era, baixei-me, peguei nela e com um sorriso, acariciei-a, com meus dedos trémulos, com medo de a magoar, era tão sensível, tão branquinha, com umas manchas pretas.

Sentei-me nas escadas, sempre com ela na mão, olhava para o mar, que vinha forte, até mim, como se ma quisesse tirar e... pela primeira vez, ralhei com ele, dizendo com a voz dura - Encontrei-a, é minha, está em minha mão, já foi tua, largaste-a por aí, ao sabor de tuas ondas, agora é minha, dizendo isso, apertei-a levemente entre meus dedos, sentindo-a quente, macia.

- É tua sim, fui eu que a trouxe para ti, ela está doente, e dentro de mim, não saberia sobreviver, porque minhas ondas estão muito fortes e ela muito débil - Toma conta dela, guarda-a por mim e sente por ela, o mesmo que sentes por mim, quando precisares de falar, de chorar, diz-lhe que ela transmite-me.

Olhei para ele sorrindo e acrescentando - Tomarei conta dela sim, serei sua alma, sua pele, suas crostas, suas feridas, mas serei dela, ela será minha e... no dia que melhorar, virei te devolver, porque ao mar ela pertence, as noites intermináveis, dentro de tuas ondas, sem seus cânticos, jamais serão as mesmas.

Sorrindo, o mar foi-se embora, e com a ida dele, mais uma vez consegui ouvir meu coração, consegui sorrir, esquecendo-me que já não o fazia há dias.......e hoje com ela indefesa em minhas mãos, serei sua, ela será minha, serei a sua sensibilidade, será ela a minha ternura, a minha meiguice.

A vida é um deserto ....463

A vida é um deserto, cheio de surpresas agradáveis e outras tão desagradáveis.

Somos uns caminhantes errantes, que por aqui passamos neste espaço virtual. Aqui fazemos amigos, aqui provocamos invejas e por vezes até raivas.

Depois de vários meses, em que diariamente, passeio por estas ruas do face, neste espaço em ganhei ilusões, neste espaço que hoje digo.... Apanhei tantas desilusões, chego a uma conclusão: -

As pessoas que passam por nossas vidas são meros acasos da natureza, são ilusões esbatidas em nossos corações e quando um dia acordamos....pensamos nelas e chegamos a pensar: - Onde está esse (a) amiga que há uns meses estava dentro de mim? Não sei...perdeu-se por entre a multidão da face.

Perdeu-se na calada da noite, na correria do dia, na calma do entardecer.

Tudo isso para dizer que de tantos amigos listados, ficaram meia dúzia, e essa mesma meia dúzia se vão afastar um dia, vão desaparecer como fizeram amigos (as) meus que fecharam suas páginas, sem dizerem um até sempre ou um até breve.

Estou desiludida com este espaço, e já se vai notando na minha escrita, que está cada dia escasseando, até que chegará o dia, que quero soltar uma palavra e nada sai de minha alma, porque ela já não sente a força, que sentia há uns meses atrás, em que sentia que tinha amigos.

Não sei se vou sair, silenciosamente como fizeram esses meus amigos, se fico, se saio deixando um até sempre, mas jamais um até breve.

Mas....uma coisa é certa, hoje, mais uma vez, vou retirar pessoas da minha lista, e não tem volta, nem me venham perguntar o porquê, porque este texto já diz o porquê...desiludiram-me,squeceram que sou sensível, que dou carinhos, mas também gosto de os receber.

A volta da hibernação...464

Sinto que vou novamente deixar de escrever, está a chegar a onda da hibernação, sinto, que o vazio, que invadiu esta veia, está a chegar de novo, já não gosto do que escrevo, já não tenho forças, para continuar a soltar o meu grito de liberdade, através da escrita.

Escrevi um ano e meio, após longos anos de ausência, guardei tudo o que escrevi em minha mente, em meu coração, porque foram escritas com a alma aberta, mas repleta também.

Escrevi para aí disparates, mas que os sentia dentro de mim, não escrevi para que gostassem ou não, escrevi, pela necessidade de pôr através da escrita os meus sentimentos, uns bons, outros maus e outros ruins também.

Gostava que essa sensação de ausência fosse falsa, mas acho que não, já a conheço e sei que vai ser novamente longa. Vão ser meses sem ditar uma linha, vou sentir o silêncio, da voz, da escrita, vou novamente hibernar, para um mundo que odeio, porque deixar de escrever, para mim, é morrer um bocadinho todos os dias.

O meu obrigado a todos, que durante esses 6 meses visitaram minha página.

A todos que lá deixam suas palavras, o meu obrigado também, a quem nada disse, mas sei que me leram.

Embora tente ir às vossas salinhas agradecer, mas nem sempre a disposição me deixa fazer isso, e a todos peço desculpas, mas....amo-vos, mesmo no silêncio de minhas palavras.

Se a hibernação chegar e continuar neste cantinho, sem escrever mais nada, então digam adeus à minha escrita, porque nesse dia......minha alma morreu, mas ficou com vocês todos, uma parte dela.

Vai-me custar mas pronto... leio vossa escrita, com mais calma. E vou fazendo os comentários a toda a escrita, que tocar meu coração e minha alma

Acordei agora....465

Acordei agora, de momentos de ilusão, ilusão de dias, meses, anos, sem saber onde andava, o que queria..........Ai.....mas eu sabia o que queria.... Mas também já sei, que não quero mais.

Acordei agora e vi o egoísmo, a indiferença, vi o prazer das palavras falsas, ditas como se fosse, com o coração, palavras lindas que se dizem, gestos que se fazem, toques que se sentem, mas.... Que não transparecem para a realidade.

Adormeci ao som de palavras belas, de sonhos irreais, que me transportaram para outro mundo....um mundo que não era meu, um mundo que pertencia a um egoísmo, sem igual.

Acordei agora.....como foi bom, este acordar, para a realidade, para a certeza de meu mundo, para sentir desprezo, por esse mundo que nunca foi meu, mas duma ilusão, duma mulher com coração de menina.

Acordei agora, para a vida, adormeci numa Ilha cheia de Palmeiras, rodeada dum mar azul celeste, uma ilha, que só tinha uma saída, por um barco pequeno e....estes dias perdi o barco, queria de lá sair, apesar de ser lindo o lugar, mas...queria voltar para dentro de minha casa, "eu".

Acordei agora, após a espera interminável que houvesse um lugar para mim, nesse barquinho.

Cheguei.....Acordei do meu sonho, não... não chamo pesadelo, porque foi lindo, curto, mas vivi-o, senti-o com o coração, com o corpo, com alma, senti-o em toda a sua plenitude.

Acordei agora, finalmente...

Voltei a mim, estou-me a ver

Sou "Eu".... Sou gente

Mas nunca deixarei e ser

Menina/mulher

Ai se eu soubesse...466

Se eu soubesse.... Que era a última vez, que te via, que te falava....

Nunca teria pronunciado palavras de crítica.

Se eu soubesse... o quanto iriam te magoar minhas palavras....

Teria silenciado, teria te deixado amar-me, como só tu sabes fazer.

Mas eu não sabia, sabes?.... Porque se eu soubesse o quanto tua ausência magoa minha alma, meu corpo

Eu deixar-te-ia, entrar e sair de minha vida ao sabor de teu vento.

Se eu soubesse aceitar-te tal como és, hoje iria ter-te em meus braços, amando-te, e recebendo teu amor....

Mas eu nada disso sabia, limitei-me a amar-te, sem saber...que tu, no teu silêncio, nas tuas ausências...também me amavas.

Se eu soubesse onde te encontrar...daria minha vida, por um minuto desse encontro, mas eu não sei onde estás...portanto fica a frase dolorosa....ai se eu soubesse....

Algo forte....467

Sentia algo forte, algo me puxava mas....para onde? Para que? O que sentia eu? Uma fenda abriu-se dentro de mim, quero fecha-la mas não consigo, esta mistura de sentimentos, esta mistura de pensamentos fazem de mim um ser deambulaste.

Subi ao monte e nele vi a tua Luz, nele eu vi o teus sangue, nele eu vi teus braços a estenderem-se para mim mas...assustei-me, tive medo de ti, fugi e fui dormir, não queria pensar, não queria te ver, não queria ver essa fenda se abrir mais , cada vez mais, ela era a descoberta dum novo ser, duma nova alma, mas eu não estou preparada, para receber essa nova alma, por favor fecha-me essa fenda que se abriu de há uns dias para cá, essa fenda que me faz fugir das pessoas, porque essa fenda faz-me sentir o que elas sentem, sinto a sua dor, sinto a sua maldade, sinto a sua alegria, e...não, deixem-me viver no meu canto, fechem-ma, eu não sirvo para isso, eu sou egoísta, deixem-me dormir, esse sono profundo que estou sentindo de há uns dias para cá. Deixe-me nesta fuga chamada sono,

Porque te sentas à minha mesa de cabeceira quando durmo? Que queres? Eu não quero que me abras mais essa fenda que me dói, que me fere, não me leves mais nos passeios contigo, porque são belos demais para mim, deixa-me dormir sem sentir teus olhos em cima de mim, sem sentir que oras por mim, sem ver teu sorriso quando me mexo de inquieta, quem és tu? Que me queres? Não vês que não presto?

Quem é aquela criança que me puseste hoje nas mãos enquanto dormia? Não vês que isso me magoa? Porque tu e ela se riam para mim? Porque me das esse sono? Ou sou eu que sou cobarde e vou dormir para não pensar em nada, para fugir à realidade, a essa revolta que estou sentindo!

Tudo isso se passou numa hora, nesta hora que fui dormir, e pareceu-me dias longos, a tanto sítio fui, tanta coisa senti, tanta coisa vi, Por favor fecha-me essa fenda, abre a quem a mereça, porque eu não mereço.

O telefone tocou, acordei sobressaltada, olhei para o meu lado, para ver se te via e nada, não estavas lá, abandonaste-me, eu não te quero lá, mas quando acordo e não te vejo eu sinto a tua falta, eu sinto-me abandonada.

Alma vadia....468

Sinto-me inquieta, ansiosa, mas estou bem....

Mas dentro de mim, algo se mexe como um remoinho, fecho os olhos, aperto as mãos, ando dum lado para outro, sento-me neste PC, escrevo um bocado, saio dele, vou brincar com meu canitos e volto aqui, escrevo mais um bocado, mas sinto que algo me falta, algo que me faça vibrar, algo que faça meu coração saltar, algo que mexa minha alma vadia.

Está quase a chover, e se ela vier, irei para a varanda, apanhar com suas gotas em meu rosto, essas chuva, que me faz viva, que me dá inspiração, que me lembra tanta coisa linda, em minha vida, tanta coisa triste, nessa mesma vida...., mas é uma das minhas paixões, tal como o mar.

Vou estender minhas mãos e que quando elas estiveram cheias de água, levá-las-ei a meu rosto, esfregando-o com suavidade, como fazia com tuas lágrimas.

Vou-me lembrar das chuvadas que apanhei, sem as sentir em meu corpo, quando por ti esperava.

Vou-me lembrar do meu primeiro beijo, que foi debaixo duma chuva torrencial, e fria, num dia de Inverno rigoroso.

Vou-me lembrar-me do último beijo que te dei, que foi também num dia de chuva.

Vou-me lembrar de tanta coisa, vou tentar, me esquecer doutras tantas, mas não posso esquecer que estou viva, que estou inquieta e que se assim continuar, antes de me deitar, vou pegar no carro e vou ver meu mar, meu amigo, meu confidente.

Amanhã.....sempre esse Amanhã....469

Amanhã.... Só quero uma coisa.... Tua voz, com muito amor

Amanhã.... Nada mais vou desejar, se te ouvir dizer - Te amo minha rainha

Amanhã.... Vou agradecer ao meu mar, que me deu oportunidade de te conhecer

Amanhã.... Vou dizer à minha lua que te vejo, cada vez que a olho, cheia, linda luminosa.

Amanhã.... Que espera desesperante, para estar contigo.... Poder te sentir ...poder dizer...como te amo meu rei

Amanhã.... Vou de novo renascer, esta saudade se vai esfumar, neste fim de semana que está a terminar

Amanhã....sempre o amanhã, que te espera na ânsia de poder dizer....Fazes-me bem.

Amigos....coisa linda e doce....470

Quando vemos um amigo ir embora, parece que o mundo se vai com ele, ficamos a pensar que ficou um vazio dentro de nós, que jamais o voltamos a ver, mas.... A vida é mesmo assim, feita de encontros e desencontros.

Hoje temos um ombro para chorar, uma mão, para secar as lágrimas desse amigo, temos uma alegria para partilhar, quando dizemos alguma parvoíce, pensamos que vemos o sorriso do outro lado do monitor, um sorriso alegre, de quem está bem disposto.

Mas....temos que respeitar a vontade desse amigo, se seu coração entender que deve sair, então só lhe podemos dizer.... Sê feliz e que o amanhã te sorria e nunca vamos dizer Adeus... por mim falo. Sempre digo ...Um Até breve.

Amizade...471

Que é a amizade?

Palavra tão complexa, de sentir, de a preservar, de mostrar que a sentimos

Mas ao mesmo tempo palavra tão bonita, quando é sincera, mas será que existe amizade sincera?

Será que não nos entregamos a ela, num ilusão sem limites? Será que amizade, é uma forma de amar mais pura, mais aberta, onde não há segredos, não há timidez?

Ou será que é uma forma de as pessoas viverem a vida, enganando o próximo, dizendo sentir essa palavra amizade, para obter os seus fins?

Já não sei, que sentir, já não sei que dizer, pois sinto que algo de estranho existe nessa palavra, sinto que as pessoas se entregam a ela para afastar apenas a solidão, mas no fundo, elas não sentem a sua beleza, na sua verdadeira acepção da palavra.

Ser amigo é sentir a dor do outro, ajudar nas horas más, mas estar presente também nas horas boas.

Ser amigo é aceitar uma verdade de outra boca por mais dura que seja, é esquecermos das horas passarem quando estamos juntos, é acordar de manhã, sorrir e pensar eu tenho um amigo(a), eu sou feliz, é amar sem limitações.

É cometer um erro e saber que no outro lado está alguém que nos compreende, que nos perdoa, é mentir e na hora certa saber dizer a verdade, por muito que doa, por muito que se chore por ter que a dizer.

Ser amigo é ser feliz, é saber sorrir com a felicidade, mas também saber chorar com a tristeza do outro.

Mas amizade existe? A amizade se sente? O que é a amizade? É o amor pintado de azul celeste? È o mar pintado de cor de rosa? É uma árvore com folhas caídas a preparar-se para outra primavera? São os olhos duma criança, sorrindo porque lhe deram um doce?

Amizade, não tem palavras que a justifiquem, não tem limites, não tem dor, não tem alegrias, a amizade é algo de celestial, algo puro, algo superior a nós, que nascemos com a capacidade de a sentir.

Apetece-me viajar...472

Apetece-me viajar... para bem longe, para um lugar, que não tenha limites, onde haja chuva, mas também neve, onde haja campos verdes, mas também mar.

Não posso, estou agarrada a esta cadeira, não posso viajar, mas... não posso porque razão? Que me impede de viajar através dos sonhos? Que impede esta alma rebelde de sonhar, de sair de seu corpo? Nada a impede, ninguém, até hoje a conseguiu agarrar, sempre se libertou, ao sabor do vento e das tempestades.

Leva sempre como companhia o seu ponto no horizonte, para que não se perca, para que nunca se arrependa, das viagens que faz.

Essa alma sonhadora, cujos sonhos consegue senti-los como reais, vai partir agora, numa viagem para bem longe.

Solto meu fio-de-prumo, deixo-me ir, devagar, muito devagar, saboreando esta chuva que cai, essa chuva, que alimenta meus sonhos e deixo-me voar.

Sinto um esticão, paro, olho à minha volta e que vejo meu Deus?

A casinha de meus sonhos, feita em pedra, pequenina, com o fumo de sua lareira, saindo para fora, a querer brincar com o mar.

Olho aquele espetáculo maravilhada. Dou um passo em frente, páro, dou outro, páro, receosa do desconhecido, receosa do que vou encontrar nessa casa que vive dentro de mim, desde criança.

Entro decidida, dou de caras, com a lareira acesa... olho fascinada, para aquelas labaredas doidas, loucas por aquecer minhas mãos, meus pés, minha alma.

Não sei quantos minutos assim estive, absorta num só pensamento... que faço aqui? Mas essa pergunta não me satisfez, porque estava adorar ali estar, mas faltava algo...um livro à beira da lareira? Não, ele está lá, tal com sempre sonhei.

Continuo a sentir uma ausência, mas ao mesmo tempo sinto uma presença muito forte, atrás de mim. Não olhei, senti, não falei, senti, não toquei, mas senti.......

Fechei os olhos....eras tu... tu... que me acompanhaste nesse sonho, não me deixando sozinha, porque tão só, já eu me sentia.

As cores da mina alma....473

Hoje apeteceu-me fotografar, trabalhar uma fotografia, coisa que já não faço há tanto tempo, mas... queria fotografar algo diferente, algo, que sentisse dentro de mim, como uma obra-prima.

Pensei uma...duas vezes... e finalmente um clarão se fez em meu espírito, e por falar em espírito.... Vou fotografar minha alma.

Se o pensei, melhor o fiz, tirei tantas fotos e separei uma a uma, para analisá-las melhor.

Sentei-me aqui na secretária, peguei nelas, e que vejo? Um conjunto de cores, em cada uma, havia um arco-íris, de cor diferente.

Umas, em tom de vermelho, fogo, nela, vi a paixão, noutras vi azuis, verdes - a calma, a serenidade, noutra vi uns tons de negro, cinzento - a revolta, a solidão, os pensamentos negativos, e noutra ainda a mistura de todas elas.

Foi nessa, que dei maior atenção, com muita paciência, consegui separar cor a cor, apaguei as que não condiziam comigo, mas que hoje faziam parte de mim.

Deixei os azuis e os verdes, e em cada um deles, eu vi o meu mar, meus sonhos, minhas ilusões de menina, meus anseios de mulher e tive tanta saudade dessa alma, calma e tão bonita.

Pensei no dia de hoje, nas baboseiras, que escrevi ao longo deste dia de chuva e olhando para essa foto disse: - chega... Eu sou o quero ser, não, o que a vida quer que eu seja. Fiz CTRL + Delete e apaguei as horas amargas, apaguei meus gritos, meus tormentos e senti-me num mar lindo, coberto por um lençol de chuva, que irradiava minha alma, sedenta de coisas bonitas.

As faíscas....474

As faíscas saltavam cintilantes, meu olhar perdido, naquela lareira de pedra, uma pedra rosa, que nem o tempo, nem o fumo que saia dela, a conseguiram transformar.

Sonhava com o tempo que perdi, nas mágoas, nas dores, na solidão, no isolamento e com esse pensamento fechei meus olhos, não parando de sonhar, com aqueles dias em que não me sentia gente, mas sim um ser, sem forças, sem vida, sem alegrias.

Acordei desse sonho, voltei à vida com a força, que minha alma pedia, com a coragem duma mulher sonhadora, mas sempre lutadora.

Hoje, não sou mais, que sonhos de mulher, que vive a vida a sorrir, trancando as lágrimas naquele poço da aldeia, para que jamais possam sair lá, atormentando minha vida, meus sonhos.

As lágrimas que já não caem.....475

Quantas vezes no silêncio de meu quarto, verti lágrimas, doridas, lágrimas que magoavam os olhos, lágrimas de saudades, de dúvidas.

Foram tantas as noites que sonhei com coisas tão lindas, coisas que fizessem um sorriso florir, em meus lábios, brilhando meu olhar, mas não passavam de sonhos, meu lábios ainda hoje continuam serrados, crispados da dor, e meu olhar apagado com o sabor da saudade, da ausência, de um sorriso, que alegrasse minha alma.

Esse sorriso nunca veio e hoje minhas lágrimas já calcinadas, não vertem, não caem por meu rosto, molhando-o deixando a marca do que eu sofri.

Hoje já não se vê essa marca, nem no rosto, nem no olhar, nem no andar de cansasso, porque desisti. Não vou viver mais de ilusões, de esperas em vão.

Entreguei-me à escrita e nela desabafo, nela dou o meu grito de paz, o meu grito de dor, o meu grito da saudade, nela, ponho a esperança, ponho também a alegria, que não a sinto, mas que luto para que todos possam sentir, dentro de seu ser, para que a alma dos outros, possa brilhar como a estrela mais linda deste planeta.

As ondas gritavam meu nome....476

As ondas gritavam meu nome, várias vezes, cada vez que batiam nas rochas, como um chamamento, como um hino à paz, ao amor, à calma, à beleza e, nesse estado de espírito, como num ritual, descalcei-me e fiquei parada a olhar o mar.

Estava obcecada com tantos sentimentos contraditórios, deixando-me ali estar por momentos a olhar o infinito do mar. Em silêncio gritei-lhe: -

- Disseste-me um dia, que eras meu amigo, que te podia confidenciar os meus segredos, tenho sempre feito isso, que tens feito tu? Tens-me ajudado?

Pela primeira vez revoltei-me contra o mar, como se ele fosse um Deus que pudesse fazer com que me encontrasse.

Até breve...477

Vou começar nova vida, e com ela...não tens lugar na minha vida, não vou dizer adeus.... Vou dizer um até breve, até sentir que consegui conquistar o mundo, um mundo onde não te posso amar, onde não posso te desejar, não posso ter teu carinho, nem tão pouco teu egoísmo.

Hoje.... Vou dizer-te que foste tudo em minha vida, mas há opções na vida e optei por me afastar de ti, que não posso amealhar as migalhas que tu me dás, porque preciso dum todo.

Vou-te dizer, que estou sempre presente, para te ouvir, como amiga, como humana que sou, mas a mulher.... Essa que um dia, fez de teu mundo, o dela, morreu hoje...esta madrugada.

Hoje... nasceu a mulher que vai saber lutar, pela felicidade, a mulher que não quer mais chorar, nem tão pouco ir ao poço, quando desapareces e que volta de novo ao de cimo quando te vê.

Hoje....esta mulher passa a ver-te como um amigo comum, um amigo que me deu muito, que me deu sua confiança, um amigo que pôs a nu a sua vida, mas que nunca me deu o que eu julgava ter....seu amor.

Vou passar a ser uma pessoa calma, serena que sempre fui, nem que para isso tenha que me tratar, mas num amanhã, bem próximo eu vou poder olhar para ti e sorrir, como se sorri a um irmão, a um amigo do peito.

Hoje.... Vou dizer adeus a tudo que me afecta, vou dizer adeus às pessoas que me magoaram, aquelas que me desiludiram e que um dia pensaram fazer de mim um boneco, que tudo aceitava, sem reclamar, apenas com um olhar de tristeza.

Hoje....vou ser feliz......amanhã....lutarei para que o seja de novo.......e assim cada dia, vou viver o momento, como se fosse o último, mas com intensidade, não como uma boneca de cera.

Baptizaram-na com o nome "saudade"....478

Era tão pequenina, do tamanho dum canteiro de rosas amarelas quando nasceu, baptizaram-na com o nome "saudade".

Foi passando os dias e ela foi crescendo, crescendo, quando olhei para ela, já era um jardim com imensas flores, de todas as cores e feitios, eram lírios, eram rosas, eram violetas, eram cravos, eram malmequeres.

Ficava ali a olhar para ela a crescer, queria controlar seu crescimento e senti-me impotente e ela.... Cresceu, cresceu.

Hoje acordei, já não vi o jardim de flores, vi uma imensa floresta, densa, rude, escura, e nesse instante que olhei, senti meu coração e minha alma, saindo de dentro de mim, de mãos dadas.

Deambularam por essa floresta, horas, horas e eu sempre na esperança de os encontrar, mas eles estavam perdidos.

Encostei-me a um canto desta secretária à espera que eles voltassem. Voltaram, já não de mãos dadas, mas com a alma carregando o coração, entre os braços, cansado, desfalecido, sem forças.

Entraram em mim e nesse instante senti que tudo estava perdido, já não tinha mais hipóteses de controlar esse crescimento.

Meu coração recusou-se colaborar, minha alma cansada, aconchegou-se a mim dizendo-me: - O que tínhamos a fazer, fizemos, andamos perdidos, choramos, sofremos, mas voltamos para ti, com a saudade maior do que a levamos connosco.

Esquece....luta....mas deixa-nos ser nós próprios, com sentimentos positivos.

Bom dia meu doce...479

Acordei hoje de manhã, a pensar em ti, abri a janela e vi um sol radioso., brilhava tal teus olhos, quando me olhas com amor, com desejos.

Olhei esse sol e vi-te lá no horizonte dormindo, aproximei-me de ti, dei-te um beijo doce e disse bom dia meu doce.

Olhaste-me, sorriste-me e voltaste a adormecer. Fiquei a teu lado, velando teu sono.

Acariciando teu rosto, brincado com teus cabelos, pegando em tuas mãos, beijando-as com carinho, com ternura.

Enquanto dormias, ia pensando como tinha sido bom conhecer-te, sentir tua meiguice, tuas palavras de amor, sentir em meu olhar o calor do teu.

Esse olhar que me beija, sem me tocar, que me faz vibrar de felicidade, esse olhar que me leva até à eternidade, que me faz ver a chuva, que faz um espinho, se tornar na rosa amarela, a mais bonita em meu jardim.

Por tudo isso só posso dizer: - Bom dia amor, como é bom saber que existes, em minha vida, em meu ser, em meu pensamento.

Abutre...480

Cada vez que aqui passo, cada vez que aqui ando, sinto-me como se fosse um abutre, que magoou, que feriu e que comeu a carne morta, com a satisfação de descontentamento, com a alegria, da tristeza no peito, com a raiva instalado no meu ser, raiva de ser como sou, raiva de querer ser, como não sou, raiva.....raiva...que magoa quem lê, raiva, que magoa quem escreve.

Um abutre que come com o prazer de desprezar, um abutre que por aqui passou e deixou palavras escritas, que se fossem ouvidas, em tom falado, fazia doer o ouvido, à alma mais insensível....

Raiva silenciosa.....

Um abutre, um nada, que querer voar....

Carnaval...481

Fui dar uma volta, por aí, pela primeira, nesta época carnavalesca, saí do meu casulo, para conseguir sentir de maneira diferente o Carnaval, para ver se não sentia repulsa, ou tristeza, mas..........

Mas foi com infinita tristeza, que mais uma vez verifiquei que as pessoas servem-se desta época de máscaras, para sentirem-se livres, daquilo que chamam sociedade, para deixarem seus íntimos, soltos de preconceitos e mostrarem a parte negativa que carregam dentro de si, durante um ano inteiro, em que a única máscara é seu rosto descoberto.

Deveria ser uma época em que as pessoas se deveriam divertir, num espírito são, de folia, que deveriam abanar suas ancas, ao som dos ritmos quentes, para libertarem toda a adrenalina, mas não, já não se vê as danças, vê-se palhaços deambulando pela rua, com insultos, com sacos e balões de água, ferindo a sensibilidade de quem passa pela rua, numa de sossego, sentimos um bum.. bum na cabeça, no rosto, no corpo e olhamos para nós e nos sentimos cobertos com ovos, por vezes algum com um cheiro que nos repugna.

Mais uma vez comprovei, que o Carnaval irá ser uma época, para abolir de minha vida, porque não sei usar mascaras, não sei ser de maneira diferente, não a uso para ser uma pessoa diferente. Sou o que sou e que importa se gostam ou não, mas não uso máscaras, em circunstancia alguma.

Casamento com a paz.....482

Vestida de branco...sem véu, sem grinalda entrava ela, dentro duma igreja.

Lá fora, as pessoas olhavam, à espera de verem o noivo, mas ela imponente, com seu olhar fixo na imagem que estava no altar, não ligava ao que os outros, pensavam ou queriam saber.

Lentamente as pessoas iam entrando na igreja, sempre indagando, porque a igreja não estava enfeitada, porque não havia convidados bem vestidos, porque se encontrava sozinha uma noiva num altar, de pé, com um olhar estranho, com uma lágrima a rolar por seu rosto.

Esperaram dez, vinte minutos e nada, nem noivo, nem convidados, nem padre.

Fazia-se um silêncio impressionante naquela igreja, ninguém tinha coragem de articular uma palavra.

Der repente a mulher vestida de branco, virou-se para as pessoas que estavam sentadas, sorriu, com um sorriso meigo e com uma voz muito doce, falou-lhes: -

Não vai haver casamento, não vai haver noivo, estou aqui, para dizer um adeus.

As pessoas, estupefactas nem sabiam que dizer, apenas olhavam para aquela mulher, sempre à espera que ela dissesse algo mais, mas nada.

Virou-se novo para o altar, pegou no microfone que lá havia e começou a falar.

Senhora....Que estás aqui à minha frente, vais ser testemunha de meu casamento, com uma nova vida.

Abençoai as pessoas que me seguiram, porque a curiosidade delas era muito forte.

Estou aqui para deixar contigo, uma vida de dor, uma vida de lágrimas, de incertezas, de amores perdidos, de maus pensamentos, de egoísmos.

Uma vida, que fui construindo ao longo destes anos, por cobardia, por falta de forças.

Estou aqui hoje, para te deixar estas vestes negras, para te deixar, tudo o que foi negativo em minha vida, e dizendo isso, como por encanto, saiu de dentro de seu peito um lenço negro, que ela colocou aos pés da virgem.

Toma este lenço Senhora, como prova de que foi minha vida, e puxando de novo outro lenço branco de seu peito, entregou-o à virgem dizendo: - Guarda este, como prova de que um dia, vim aqui te entregar minha via suja, minha vida de dor.

Dizendo isso, virou-se de novo para as pessoas que estavam sentadas nos bancos e falou bem alto:- Meus amigos, acabaram de assistir ao meu casamento com uma vida de forças, de coragem, de fé e acima de tudo por uma luta, pela felicidade.

Desejo a todos meus convidados, muita alegria, muita paz em vossos lares, muito amor para vossos filhos e se um dia a vida vos der pancada, lembrem-se desta mulher que hoje veio aqui dizer - Chega...Basta...Não quero mais sofrer, não quero mais lágrimas em meu rosto, a não ser de felicidade.

Dizendo isso......pegou no lenço branco que tinha dado à imagem da virgem, começou a limpar as lágrimas que corriam por seu rosto abaixo, depositando-o de novo, aos pés da virgem.

As pessoas choravam todas de emoção e em uníssono, todas gritaram - Vais conseguir, vais ser feliz e nós somos a prova desse casamento lindo, com a paz, com a alegria, com a humanidade, com a humildade e com a vontade de ser a mesma que um dia foste.

Chega...somos livres...483

Fala-se tanto em abortos, em maldades, no que está certo, no que está errado, porque cada um não se concentra no que sente? No que crê? Porque nos hão-de impor uma vontade que não é nossa?

O que faço, para mim pode estar certo, e para os outros, ser o maior erro do mundo e vice-versa. Se o faço, se o fiz, é porque senti, essa maldade, esse acto de caridade, mas foi feito por mim, que tenho o meu livre arbítrio, porque faço, porque fiz, porque senti necessidade de o fazer. Hei-de ser eu a pagar os meus erros e hei-de ser eu, a receber os louvores dos meus actos que considerei serem certos.

Chega de nos imporem os vossos sentimentos, os vossos quereres. Somos livres de sentir, de amar, de odiar. Somos livres de errar, só com esses erros é que aprendemos a ser alguém Quem nunca errou?

Chuva...minha amiga...minha companheira...484

Quando chover, vou por aí, soltar minha alma, vou correr, dizer ao mundo que ela me deixa uma paz, que poucas coisas nesta vida o conseguem.

Em cada gota dela, vejo um pouco de meus olhos, que deita um fio de água corrente, que limpa meu coração.

Em cada gota dela, vejo-me a entrar por vossa casa dentro, molhando vosso rosto, com um beijo meu, de carinho de amizade.

Em cada gota dela, vejo meus dias de infância, que estudava com o corpo molhado, porque antes de ir para as aulas, andava à chuva.

Em cada gota, vejo meu anjinho a correr pela praia, sorridente, feliz, com a alegria na alma e um brilho especial em seus olhos.

Vou sair por aí, molhando meu corpo, dessa chuva milagrosa, que me dá inspiração, que me deixa leve, com uma pluma.

Ò chuva, volta, por favor, sei que estou a ser egoísta, porque o sol faz tão bem, mas tu és a minha companheira, nas horas que vou visitar o meu mar, esse, que banhas também, com tuas gotas.

Consigo penetrar em cada partícula tua e sentir-me um ser especial, que rega os prados, que dá água aos animais, que limpa a atmosfera, que alivia as almas, do fardo do dia a dia.

Fazes tanta gente deprimida, mas a mim.... Minha amiga, és algo especial, libertas como disse à pouco, essa veia tola, deixando correr no papel, meus sentimentos, minhas ânsias, meus medos, meus sonhos.

Tu e meu mar, são os seres especiais que a natureza fez o favor de me oferecer.

Como é bom sonhar...485

Hoje o dia acordou cinzento, como eu gosto, nem frio, nem calor, só aquele cheiro próprio, de que vai chover, esse cheiro que me entra na alma, dando-me uma paz, um pequeno sentimento de alegria.

Vou à varanda e numa forma de oração junto minhas mãos e tento recordar-me de pequeninas coisas que me deixaram felizes, como por exemplo daquela ramo pequenino de rosas amarelas e vermelhas, daquela menina que um dia queria que fosse sua mãe, daquele meu primeiro namoradito que me dava beijinhos no rosto com a inocência dum anjo e me dizia um dia vamos ser grandes e casar, agora sorri, mas lembrei-me bem dele sim.

Lembro de como era uma criança de que nada me faltava, bonecas de porcelana, bonecas caríssimas, mas que não me satisfaziam e um dia.... Peguei na minha prima e numa amiga e assaltamos o infantário onde andávamos e fomos roubar os bonecos de papel.

Como fui feliz em meu quarto, brincando com essas bonecas maravilhosas, que nunca as tinha tido em meu poder, mas... como era uma criança terrível, e o meu silêncio já durava à mais de duas horas, meu pai foi espreitar-me.

Meu Deus como ia explicar a ele que tinha roubado aquilo no infantário, mas não foi preciso mentir, porque meu pai descobriu, porque já os tinha visto lá em exposição.

Ainda me perguntou onde tinha ido buscar esses bonecos, na esperança que eu não mentisse, mas eu menti e apanhei dele. No dia seguinte fez-me ir ao infantário entregar os bonecos e pedir desculpa à directora.

Como fiquei envergonhada, mas desde esse dia passei a odiar a mentira e o roubo, e aprendi que temos que nos contentar com aquilo que temos.

Lembro-me da minha primeira nota baixa a português, um 10 e como chorei nesse dia, de desgosto, porque assim (pensava eu) nunca mais poderia escrever meus poemas, minhas tolices.

Acorda Elizabete, deixa de sonhar, porque foram tantas coisas boas que aconteceram em tua vida que este PC não chegaria para albergá-las.

Como gostaria.....486

Se juntasse um bocadinho de cada pessoa que passou por minha vida, não sei que personagem conseguiria formar.

Tento imaginar, o sorriso de uns, as lágrimas de outros, uns olhos expressivos, uns olhos enublados pela tristeza, uma boca, um cabelo, um gesto, um carinho, uma frase de amor, uma frase raiva, um adeus, um abraço de bem vinda.

Tanta coisa junta, tanta coisa, que ficou gravado em minha mente, que faz me transportar para o passado, para o presente e dá-me uma saudade de uns, de outros correm lágrimas por meu rosto, e de outros, minhas mãos se crispam de raiva, de dor.

Como queria ter um mundo a meus pés, um mundo de alegria, de amigos, olhar à minha volta e ver as flores florirem, por um olhar de meiguice que poisou em si.

Como gostaria de ter esse mundo junto de mim e olhar à minha volta e ver crianças sorrindo de alegria, de barriguinha cheia, repletas de amor, de carinho.

Como adoraria, voltar ao meu passado, de criança, de adolescente e trazer para junto de mim, todos aqueles que me mimaram, que me derem momentos de alegria, e mesmo aqueles que se zangaram comigo, para de mim conseguirem fazer, a mulher que sou hoje.

Como gostaria de voltar a ter os meus 11 anos e trazer para junto de mim o meu primeiro amor, a minha primeira ilusão, e conseguir arrancá-lo daquele caixão, que o levou para tão longe de mim.

Como gostaria de fazer um ser humano com uma partícula de cada momento que passei, de cada pessoa que fez parte de mim.......

Como gostaria.........de não sonhar tanto e viver mais de realidade

Como sinto a palavra amizade.....487

Há quem não saiba o que é amizade, eu.... Sinceramente não sei defini-la, mas sinto dentro de mim, como uma pomba, sente prazer em voar, sinto-a como uma flor sente, ao levar um carinho, ao receber água para se alimentar, como uma criança sente-se, quando vê à sua volta, gente que a ama, como a terra precisa de chuva, de sol.

É assim a minha definição de amizade, e é por ela, que aqui estou hoje a escrever.

Para que saibas que aconteça o que acontecer, a minha amizade não vai diminuir, mesmo que desapareças, mesmo que esteja tempos sem te ver, sem contigo falar, mas construí-a, com carinho, com compreensão, com mágoas também, mas aprendi a conhecer-te e aprendi a dizer a palavra - amizade - porque a sinto, por ti, por muita gente, mesmo que essa gente, não saiba corresponder à mesma.

Sei amar - porque amizade para mim, é uma forma de amor - e não preciso que mo digam a toda a hora - sou teu amigo(a) - preciso sim, sentir que eu sou amiga, que sinto saudades, que sinto carinho, que sou capaz de dar tudo, que de bom tenho em mim, por um amigo/a).

Desse amigo(a) não me importo de ouvir palavras duras, não me importo de ouvir um grito de raiva, porque errei, mas desse amigo(a), só exijo uma coisa - a verdade, dura e crua, mas a verdade, mesmo que me doa.

A amizade, é um sentimento tão puro, tão lindo, quando sentido com sinceridade.

Se toda a gente soubesse senti-la, teria paz dentro de si, sentiria, como estivesse livre, voando por esse espaço, chamado universo.

Como tenho saudades de dormir....488

Hoje não pedia mais nada, se me dessem a escolher entre dormir um sono solto, profundo, até amanhã de manhã, e um milhão de euros, podem crer eu pedia: - dêem-me o sono, deixem-me dormir. Minhas forças estão a chegar ao fim.

Tinha o universo como meu limite, mas hoje, já não posso dizer isso, já atingi o universo das insónias.

Meu corpo cansado, minha alma inquieta, não me deixa sossegada, não me deixa entregar o corpo, nas asas dum anjo e adormecer.

Tanta gente com inveja de riquezas, de jóias, de vidas boas e eu trocava isso tudo, pelo descanso, trocava isso tudo, para encostar minha cabeça, nem que fosse em cima de pedras e acordar no dia seguinte, mas calma, feliz, porque tinha dormido.

Como um passo de magia....489

Como um passo de magia, minha vida mudou, projectei-me para outro planeta, onde a escuridão, não me deixa ver a luz, onde a raiva, não me deixa ver o amor, onde o peso do cansaço, não me deixa caminhar, onde um olhar terno, se tornou num desafio, onde um carinho, se tornou numa chaga, que fere, onde uma pérola, se tornou numa pedra bruta, onde o mar, se transformou num dilúvio.

Como um passo de magia, minha alma, que sempre foi silenciosa, agora grita, bem alto, que me fere, com seus ruídos de dor, quero calá-la e ela se nega, a fazer o que lhe peço.

Como um passo de magia, a meiguice que havia em mim, se tornou num coice de uma besta ferida, onde um carinho meu se tornou numa pancada dura, cruel, onde os meus 50 anos se tornaram em 100, miseráveis, feios e frios.

Como um passo de magia..........tornei-me em NINGUÉM

Cortei com o passado....490

Cortei com o passado....sinto-me liberta, sem manchas, minha alma está livre de raivas, de dores, de ciúmes, de negativismo.

Ontem, olhei para mim e senti-me tão pequenina, porque ainda tinha meu cordão umbilical, agarrado ao passado/presente.

Lutei com todas as forças de meu ser e jurei a mim própria que mais ninguém me irá fazer mal, mais ninguém me ira atrofiar, me reduzir à escala zero.

Sou gente, tenho alma, sentimentos, sofro, mas também, procuro alegrias, em pequeninas coisas, num mimo, num sorriso, num aperto de mão, numa rosa amarela.

Ao fim de dez anos de vida amorfa, resolvi sair... buscar meu "Eu" que está entre as montanhas, no mar revolto, num rio sem destino, no interior de meu ser, nas cavernas antigas, mas eu sei, que ele está vivo e só pararei, quando o encontrar.

Recuso-me ir ao poço de novo, ele não tem espaço para mim, meu coração sente-se asfixiado dentro dele, não respira, não pulsa, não acelera, não sente um olhar, um gesto um beijo, um abraço apertado.

Da cor do sangue...500

Agarrei no livro em branco que me deste, para lá colocar minha poesia, mas não cheguei a fazê-lo, coloquei lá tua foto, que a olho neste momento, com um olhar tão profundo, tão dorido, que me faz doer as fibras mais sensíveis de meu ser.

Desfolhei-o pagina a página, e por essas folhas corria o teu sangue, o meu sangue, numa mistura mística de amor/raiva, de presença/ausência, de dor/alegria...tudo o que nós vivemos em tão curto espaço de tempo.

A meio do livro encontro aquela rosa que me deste no dia que nos conhecemos, tão murchinha, mas sua cor ainda permanecia intacta, como se fosse a testemunha ocular da nossa dor, do nosso amor, esse proibido, que me afastou de ti, nas horas amargas que meu coração falou.

Fecho os olhos, recuso-me ver de novo tua foto, recuso-me ver essas folhas que me falam de ti, que me contam tua vida, teus amores, meu afastamento.......

Mas porquê? Porque tinha que ser esse amor proibido? Porque esse livro que nada tinha escrito, agora está cheio de linhas escritas à mão, da cor de sangue? Se essa letra não é minha, não é tua? Porque?.... Porque serás eternamente o meu amor proibido? Que deixou-me uma réstia de si...este livro em branco.....

De que valeu lutar?....501

Tanta vez escrevi poemas, textos de dor, e como se sentia revoltada por os escrever, por sentir essa dor, por deixar correr as lágrimas por meu rosto, enquanto as letras se espalhavam em forma de poema, tantas vezes, essas lágrimas não me deixaram ver o que escrevia, mas como dou valor hoje a essa dor, a essas lágrimas.......porque as verti, por amor, por amizade.

Hoje choro de raiva, de ódio e sinto que é tão feio, ter esse sentimento dentro de mim.

Eu que uma vida inteira lutei, pela verdade, pelo amor, pela paz, chegar a meio século de vida e conhecer, chorar, por esses sentimentos negativos..........

De que valeu lutar? Se afinal sou igual aos outros? Tenho pensamentos ruins, e quem assim sente é tão mau, como aqueles que nos feriram....

Afinal quem sou eu? Um palhaço com forma de mulher? Uma coisa que aqui anda deambulando por este mundo?

Não sei quem sou, só sei que odeio, sentir a raiva o ódio, mas sinto.....

Deixa-me estar assim...502

Sinto-me triste, cansada, hoje o dia passou por mim e não o vi, não o senti, andei perdida pelos rios de meus pensamentos, as correntes de água, trespassavam minha mente, cansando-a, querendo controlá-la, mas senti-me impotente, foi uma sensação estranha, difícil de suportar o dia inteiro.

Agora, aqui sentada nesta cadeira, com as teclas entre meus dedos, tento trespassar para o ecrã, toda essa sensação de ruína moral e física, mas não estou a conseguir exprimir meus sentimentos, meus pensamentos, para que possa aliviar esta alma rebelde, que teima ser diferente, daquilo que eu quero que ela seja.

Um dia a vida perguntou-me: - Queres sonhar ou viver na penumbra do inconsciente? Escolhi sonhar, porque sou mulher..., sonhadora, rebelde, porque os sonhos comandam minha vida, porque sonhar, é viver, é amar, é sorrir.

Mas se hoje ela me perguntasse o mesmo, eu responderia... deixa, meus sonhos no subconsciente, deixa-me estar assim, cansada, sem saber escrever, muito menos saber ler ou compreender.... Deixa-me hoje.... Deixa-me ficar por aqui... deixa-me dizer adeus....escrita.....

Desejo...503

Se me pediram.......para fazer um desejo, não vou pensar duas vezes.......

Vou desejar, que meus amigos, alcancem a felicidade através dum sinal de luz, vinda do espaço.......

Vou desejar que todas as noites tenham a paz merecida...aquela que todo o mundo sonha ter.......

Vou desejar que em cada manhã.... Tenham como lema de vida....um sorriso, lindo, irradiando vosso rosto..........

Que em vossas mesas, não vos falte uma migalha de pão....

Que a cada fim do mês sorriam......porque acabaram de receber vosso ordenado.......

Que todos os dias que aqui venha......veja vosso rosto....vosso sorriso.... A imagem que escolheram para representar vossa alma.......

Que tenham toda a compreensão do mundo pelas crianças....porque elas são o céu que nos abençoa.......

Que vejam sempre em mim.......aquela amiga, que vos adora...que está aqui...nas horas boas...., mas acima de tudo nas horas más.......

Desenhei-te com palavras....504

Foi dali que tudo partiu.......fiz um retrato e desse retrato saiu uma boca, um olho, depois um nariz, tudo esfumado, como estava confuso esse desenho, porque não conseguia desenhar melhor? Sorrisos....pois não sou pintora, porque não me pediram para pintar tua alma, teu coração?

Porque não me pediram para pintar o teu estremecer? Tuas tremuras quando em ti toco? Tuas vibrações, quando te tento beijar? Porque isso, conseguiria desenhar, porque isso, conheço, sinto-te em mim, teu coração, teus tremores, tua alma sensível.

Não sei desenhar numa tela, não uso o pincel, para dar vida a um rosto, não uso a palete de cores, para sombrear tua tristeza, não uso o vermelho, para sentir teu sangue a ferver, uso este teclado, para te pintar com minhas palavras.

Não sou pintora de telas, sou pintora de palavras, de linhas, de frases, e...vou desenhar com minhas palavra, tudo o que tens escondido, tudo o que sinto e não vejo, tudo o que quero e não tenho.

Acabei de te desenhar...olho para teu rosto, encoberto por uma sombra, que só eu vejo e sinto....

Como estás belo, como sorris....como essas cores do coração, combinam com tua sensibilidade, como teu olhar esverdeado, luminoso, me faz lembrar o verde duma relva macia, onde me deito para sentir teu corpo, teu sentir...

É belo este ser que acabei de desenhar, ofereço-te, porque ele não me pertence....não é meu.

Deus...505

Deus...liberta-me desta guerra que não é minha.

Por favor olha para mim, vê-me bem e diz-me:- conseguirei viver mais neste mundo de invejas, neste mundo mau, de mentiras e traições?

Deus.... Eu juro-te, que tentei viver nesta guerra, eu juro-te, que tentei ser igual, mas meu coração repugnou, não consigo, não posso lutar mais.

Deus... Entrego-te minhas armas, toma-as, faz delas o que quiseres, mas tira-as da minha mão.

Deus...hoje sinto-me reduzira a zero, eu senti a inveja cair em cima de meu corpo, ainda apontei a arma para me defender, mas Deus... não consegui, baixei-a e chorei....

Tenho dores no corpo, dores nos ombros, de transportar essas armas, mas liberto-me hoje delas... vou deixar de lutar, vou para um mundo que será só meu...O da paz.....

Deveria ser proibido amar....506

Deveria ser proibido amar, deveria ser proibido sentir, deveria ser proibido chorar.

Como gostaria de ser uma rocha dura e fugir, fugir desse ser, que vive em mim, desse ser sensível, que me repugna, desse ser, que sabe lutar pelos outros e por si não, deveria ser proibido acobardar, deveria ser proibido viver em constantes sobressaltos.

Como gostaria de um dia mudar e me tornar num ser materialista, desses, que abundam por esse mundo fora, como gostaria de ver, sorrir, sem nada sentir, mas.... Isso, são tretas porque se assim fosse, não saberia viver... não saberia viver sem esta coisa, que se intitula de minha "alma".

Com todos os defeitos que ela tem, ainda consigo ver algumas virtudes, mas infelizmente, virtudes sem defesas, a virtude de amar, a virtude de sentir, com um olhar, com um gesto, com um toque, mas....

Deveria ser proibido eu existir, porque o mundo em que vivemos está feito para gente que tem pedras, no lugar do coração e eu que tenho? Uma goma que se desfaz com o sabor dum carinho? Com o sabor dum olhar sofrido? Que desfaz quando vê alguém a sofrer?

Sou o açúcar que se desfaz em tua boca, a massa que se desfaz tuas mãos, sou a água que avidamente, sugas com teus lábios e no fim em que me torno? Num nada, que sente, um nada que queria ser tudo, menos, nada

Dia da criança....507

Dia da criança....Que ironia, que fantasia, que palhaçada.

Deveríamos ir a países pobres e em guerra e perguntarmos a cada criança que encontrarmos, se sabem que dia é hoje.

Não sabem, nunca ouviram falar, se muitos deles nem sabem à quanto tempo é o sabor dum naco de carne, de pão, quando mais o dia da criança.

Peguem em vossas mãos, estendam-nas para o céu em forma de oração, e perguntem a esse Deus egoísta, por que dá tanto a umas crianças e tão pouco a outras.

Perguntem a ele, porque deixou tanta criança sem os pais, porque deixa os países andarem em guerra, quando as vítimas maiores são esses inocentes, que não pediram para vir ao mundo e muito menos sofrer esses horrores.

Deixemo-nos de hipocrisias e tentamos dar às crianças aquilo que elas precisam.... De seu corpinho alimentado, de sua alma limpa de dores, de medos.

Tentaremos dar às crianças um beijinho e um carinho em seu rosto.

Pegar nelas e abraça-las com tanta força e com tanto amor, como se fosse a última vez que estivéssemos a fazer isso.

Quantas crianças já nem dão valor às prendas que lhes dão no dia de hoje e outras, só pediriam um sorriso, um pouco de afago, um pouco de amor e um pouco de forças para um dia poderem serem adultos com força de espírito, com bondade, sem revoltas, sem terem que recorrer à droga, para poderem esquecer o que foi sua infância de martírios.

Não vamos dar valor ao dia da criança.... Vamos sim amá-las, compreende-las, como só elas merecem e precisam.

Dói o silêncio....508

Dói o silêncio....olho para ele e sinto-o cravado em meu ser

Procuro um ruído num bater duma porta, ela não bate, num olhar calado, ele não fala

O silêncio vai tomando proporções gigantescas e dentro de mim, grito...para quebrar esse silêncio. Mas não se ouvem meus gritos de socorro...por favor....quero ouvir uma voz.

Esse silêncio esmagador, que é meu rei e senhor, esse silêncio cruel, que me tortura até fazer dor.

Abro a TV, o rádio para ouvir vozes, para ouvir algo...mas não oiço, não é esse ruído que quero

E volto a fechar, e esse silêncio de novo...volta a entrar.

É uma busca incessante, mas esse silêncio, é minha vida, é meu ser em movimento, é um quebrar de regras, é um sofrimento constante.

Duas aves encontraram-se...509

Duas aves encontraram-se, se entreolharam, em silêncio, falaram, disseram tanto, numa união de sentimentos, num toque de bicos, num trocar de olhares.

Assim estiverem horas, falando, no silêncio de suas palavras, numa cumplicidade de gostos, de gestos, mas sempre unidos, por aquele encontro, que os deixou em êxtase.

Hoje, ainda juntos, no ramo daquela árvore, o ponto de seu encontro, ainda se olham, ainda se beijam, ainda se falam, sonhando juntos, por um futuro longínquo, por um futuro que não terá fim, por um futuro, que sabem, ser deles e só deles, mesmo que no amanhã, seus corpos, não se voltarão a tocar, seus olhos, não se voltarão a encontrar, mas.....juntos, no silêncio de seus gritos, no silêncio de suas almas, que um dia se encontraram.......

Dúvidas... só dúvidas...510

Quantas vezes por dia, nos contam coisas e olhamos para a pessoa que está à nossa frente e o primeiro pensamento é este " será verdade"?

Quantas vezes estamos a dizer a verdade mais crua e olham-nos nos olhos e respondem-nos: - Porque estás a mentir?

Quantas vezes vemos algo e surge-nos a dúvida, será que estamos a ver bem?

Quantas vezes nos dão algo e a primeira coisa que pensamos é esta: - Com que intenções nos estão a dar isso?

Depois dessas interrogações todas, faço outra - Já viram que 90% da nossa vida do dia a dia, são passadas com dúvidas?

Quantas certezas temos? Quantas? Que confusão que isso me faz, será que isso se passa com a maioria das pessoas?

Quantas vezes abrimos nosso coração à verdade? Quantas vezes abrimos nossa alma para aceitar os outros tal como eles são, sem recorrermos à dúvida?

Egoísmo..511

Estranho como o ser humano reage perante uma preocupação, tudo à sua volta deixa de ter interesse, tudo perde seu valor, tudo passa para segundo plano.

Deixa de amar, deixa de sonhar, deixa de ser a criança, que todos nós, temos dentro de cada um, tornamo-nos egoístas e o mundo passar a girar só à nossa volta.

Entretanto esse problema é resolvido e voltamos à estaca zero, na busca incessante, de quem somos, o que queremos, procuramos de novo, nossas ilusões, na calçada de pedra, com a ideia que lá está, o que ambicionamos, o que buscamos.

Mas.... De novo caímos na realidade e vemos que não está nessa calçada, não está nesse tronco de árvore, que nos encostamos à procura duma resposta.

Continuamos nosso caminho, por entre frases, pensamentos, lágrimas, sorrisos, sempre em busca de algo....esse algo, que nos mantém vivos, que nos dá alento à vida, esse algo que por vezes também, é o causador de muitos transtornos, de muitos desvios da meta, que inicialmente traçamos.

Mas fica sempre a minha revolta, quando olho para dentro e vejo que me encontro, nesse número de egoístas, que se fecha em si, quando algo está a preocupar, quando algo, está a ser o primeiro plano de sua vida.

Digo não...... não, ao egoísmo, não, ao fecho eterno, de querermos ser o centro de nossa vida, o centro de nossas preocupações.

O mundo gira...... roda, roda, sem parar e não vemos que o sol, quando nasce, é para todos, nas horas felizes, nas horas amargas, nos momentos em que choramos, nos momentos em que sorrimos.

Enquanto sentir......512

Reclamamos por um amor perdido, escrevemos poemas, prosas, por uma relação que não deu certo.

Choramos, gememos, gritamos, por uma tristeza. Ficamos tristes porque perdemos um amigo, porque algo não correu bem e levamos a vida a lamentarmo-nos por isto, ou por aquilo.

Já pensaram que seria de nós se não nos acontecesse isso tudo? Já pensaram nas pessoas, que são tão frias, que nem conseguem já sofrer, não conseguem amar, não conseguem sentir algo que seja, porque a insensibilidade lhes bateu à porta?

Olham o mundo de uma forma irónica, sem vida, sem luz, nem o negro da solidão conseguem ver,

porque seu coração secou ou porque já nasceram assim, com ele mirradinho, desprovido de qualquer sentimento.

Se me perguntarem se quero sofrer ou não sentir nada.......não olho para trás, prefiro sofrer, prefiro por a mão no coração e senti-lo bater por algo, por alguém, sentir o medo, a raiva, o amor, a tristeza, a alegria, a amizade, do que colocar lá a mão e sentir que está parado, embora eu esteja viva.

Todos os sentimentos são bons, porque todos eles são passageiros, mas enquanto sentimos, há sempre a esperança do amanhã.

És a planta de meu jardim...513

És... Foste uma planta, és uma planta e serás sempre uma planta, Que precisa de carinho, de umas mãos suaves que tratem dela. Murcham hoje, amanhã estarão lindas de novo.

Tua vida também será assim. Um amanhã radioso te espera.......não feches os olhos, quando esse amanhã te bater a porta, porque nesse toque, estará tua felicidade.

Percorra rios, percorra montanhas, jamais irei saber porque me apaixonei por ti.

Aquele clic que me tocou, num olhar, que não vi, mas que senti, como uma descarga elétrica, aquela emoção estranha que minha alma sente, quando toca o telefone, porque sei que naquele pequeno aparelho, está uma mensagem, vinda de teu coração.

Leio-a com calma, com carinho, com a emoção no olhar, esse olhar, que brilha como uma faísca, porque sente-te do outro lado, sabe que tas aí, pensando em mim, sonhando com um beijo meu, uma carícia minha.

De seguida, respondo com a mesma intensidade com que recebi a tua, tento por nela, apenas minha alma, repleta de felicidade, repleta de sentimentos meigos para contigo.

Imagino que estou em tuas mãos, que seguro teu rosto com meiguice e com carinho encosto meus lábios aos teus e te beijo, com toda a ternura que meu coração sente.

Assim te imagino minha planta, que regarei com amor, com a água de minha vida, matarei tua sede de amor, fazendo de ti a planta mais linda de meu jardim.

Espelho meu...514

Pediste-me para me olhar ao espelho e depois dizer-te o que tinha visto.......

Disse-te que iria ver um rosto, cravado de tristeza, uns olhos sem brilho, uma cor pálida, mas... Nada disso vi....olhei uma, duas vezes e não consegui ver meu rosto, no lugar dele, vi uma chama vermelha, que ofuscou meus olhos, essa chama foi-se apagando e no lugar dela, apareceste tu...com teu olhar matreiro, sempre sorrido, um sorriso de autoconfiança.

Esfreguei os olhos, sempre na esperança de ver meu rosto, era eu, que ali estava diante desse espelho, mas não....nada disso, esse rosto que esperei ver não aparecia, em seu lugar de novo apareceste tu, como se fosses minha reencarnação, como se estivesses gravado dentro de mim, como se não tivesse olhos para mais nada, e aí...sorri, brincado falei para o espelho:

- Espelho meu, quem é mais forte que eu? Ele sorriu e respondeu-me ironicamente - esse coração, que transportas dentro de ti, esse amor que o recolheste, como se fosse um mendigo, que alimentas todos os dias, com o pão de teus sentimentos.

Não aceitei essa resposta e voltei a fazer-lhe a mesma pergunta, que teve como resposta

- Tua vida, que entregaste, teu olhar, que só vê num sentido, tua alma, que não se despega desse amor, que corre em tuas veias, mas sem pressas, teus olhos, que transparecem a nostalgia dos dias de outrora e terminou com as seguintes palavras: - Mais forte que tu..........Só tu mesmo, só teus sentimentos.

Dizendo isso, nova chama apareceu diante de meus olhos e de novo teu rosto, sempre teu rosto....tua presença, teu cheiro....

Essa voz....515

Essa voz que chega sem eu contar.... Porquê?.... Mas porquê? Estava tão bem, com esta minha saudade silenciosa, essa metade de mim, que estava ausente e hoje.... Voltei à estaca zero.

Meu coração, já está enfraquecendo, com essas idas e voltas.......dói muito, tanto, que as forças se afastam de meu corpo, sinto-me indefesa, perante o som de tua voz, falo contigo de olhos fechados, para ver, se não consigo imaginar teu rosto, mas sinto essa voz, dentro de mim, como se me queimasse, como se penetrasse em minha alma, ferindo-a, mas.... Ao mesmo tempo, curando-a, fechando essa ferida, que deixa a saudade que tenho de ti.

Vem de vez, afasta-te de vez, mas toma uma decisão, definitiva, não deixes esse doce-amargo em minha boca.

Não vês, que és a única coisa em minha vida, que não quero esquecer? Mas... sei, que vai ser esse o nosso fim, no dia que te lembrares, que não podes mais me ferir.

Não quero uma jóia, quero um beijo teu, não quero riquezas, quero um carinho teu, não quero uma mansão, quero tua presença, junto a mim, mesmo numa cabana de palha.

Mas...nada disso tenho....fico-me pelo sabor de tua voz, dessa voz, que aparece quando começo a ficar "Bem", com essa saudade, que abre meu peito, dividindo-o em dois....o querer e o saber, que não posso te ter....ò Deus, porquê comigo?

Sabes que sou uma pessoa simples, e castigaste-me tanto...ao permitir, que amasse uma pessoa tão complicada, tão inconstante...eu....que nada te peço, que nada exijo à vida, apenas aquilo, que ela me quer dar.......

Esse adeus....516

Tanta coisa que ficou por dizer de parte a parte, nesse adeus que hoje foi definitivo....

Contigo foi uma parte de mim, a melhor, que guardo para as ocasiões especiais, para as pessoas que amo, para as pessoas especiais.

Não nos voltaremos a ver mais, pode ser que um dia nos cruzemos por uma das ruas, de alguma cidade, mas nesse dia, eu não te vou ver....porque fechei hoje os olhos.

Não vou chorar, mas também não posso sorrir, só se sorrir, desta dor que me deu no peito, com o nosso adeus.

Não vou lamentar o que disse, mas sim, vou lamentar o que ficou por dizer, que apesar de tudo, eu não era feliz contigo, mas sou mais infeliz sem ti.

Não vou sentir mais tuas palavras, teu olhar, tuas mãos, teus beijos, teu Tudo...que me magoava, mas que me fazia ser "EU"

Não vou sentir mais teu egoísmo, não vou sentir mais as tuas ausências, não vou mais te esperar, mas uma coisa eu te garanto....Nunca mais volto a amar.

Vou aprender de novo a sorrir, como me pediste hoje, vou aprender a ser o que um dia fui, alegre, brincalhona.

Mas não quero aprender a amar de novo....porque isso, nunca vou esquecer como se faz...morrerei contigo em meu coração, estas minhas últimas palavras serão para ti no meu último suspiro - COMO EU TE AMEI UM DIA.... E como foi doloroso esse ADEUS...

Esse medo que me persegue....517

Esse medo que me persegue, que eu chamo de fantasmas, esse medo, que irá comigo para bem longe, esse medo, que me está tirando a vontade de viver, de sorrir.

Esse fantasma, que me persegue desde criança, que nunca me abandonou, esse fantasma, que me tortura, esta semana se mostrou tal como era, feio, horroroso, destruidor, e foi esse medo, que me fez acordar para a realidade.

Vou um dia cegar e nesse dia, não voltarei a escrever, não voltarei a por meus sentimentos no papel, e vou morrer aos pouquinhos, porque sem a escrita, não sei viver....

Mas se isso acontecer, fica aqui a minha passagem por este clã, como prova que um dia vi, que um dia vivi, que um dia li, todas as vossas belezas, que me fazem correr as lágrimas no silêncio de meu cantinho, que me fazem sorrir, mas também me fazem sentir que sou humana.

Esse ponto luminoso...518

Meu olhar perdido nesse ponto luminoso, deixou-me em êxtase, queria afastar-me dele, mas não conseguia, como se algo me puxasse, como se um íman, me atraísse para essa coisa pequenina, tão luminosa.

Fechei os olhos, para conseguir abstrair-me dele, mas senti algo dentro de mim a querer soltar-se, e......sem dar por mim, minha alma soltou-se de meu corpo, num velocidade vertiginosa.

Olhei para baixo e vi meu corpo, estendido na areia, como se estivesse dormindo, ou simplesmente morto. Mas... não tive medo, eu via tudo, sentia tudo, fui-me deixando vaguear por esse espaço fora.

Quando deparei comigo, estava junto a esse ponto luminoso, agora tão grande, tão brilhante, que conseguiu ferir os olhos de minha alma, mas mesmo assim, deixei-me penetrar por ele dentro, a minha curiosidade era tal, que sentia-me leve, solta, apenas com um pensamento fixo: - Eu vou entrar, seja o que for, que estiver lá dentro, vou ver, vou sentir, vou mexer, vou viver esse momento, que será único em minha vida.

Entrei....devagarinho, agora com um certo receio, mas sempre firme em meus passos, sem vacilar, tinha que descobrir essa luz, que tanto me atraía.

Meu Deus não acredito, no que estou vendo....onde foram buscar essas flores, com suas multicores? Onde foram buscar essas árvores gigantescas, tão bem tratadas, umas com frutos, outras a entrar no Outono, com suas folhas a caírem, folhas essas, dum castanho dourado, e cada uma que caia, um raio de luz, caía com ela.

Sentei-me naquela erva verde, macia e observei tudo com muita atenção, era tanta coisa linda para ver, que não sei quanto tempo estive lá dentro, mas vi animais nunca vistos, todos irradiando uma luz incrível, até bocadinhos de mar havia, ó Deus, nunca tinha visto um mar pequenino e luminoso, dum azul celeste que me deixou completamente apaixonada.

Saltei dessa relva, donde estava sentada e corri para esse mar, mergulhei nele, nadei nele, brinquei com as algas, com os peixinhos, ri como uma criança, dentro daquela água milagrosa, que limpou minha alma, tão suja de sofrimento, tão negra das noites sem dormir, do cansaço da vida e saí de lá, leve, linda, luminosa, sem dores, sem mágoas e nesse preciso momento compreendi.......

Alguém tinha chamado minha alma, para que voltasse a nascer para a vida, com alegria, com forças e acima de tudo com a fé, de que além do que vejo, sinto, existe algo que nos puxa, que nos atrai, nas horas más, para limpeza de nossa alma.

Está a chover....519

Está a chover, vou por aí, soltar minha alma, vou correr, dizer ao mundo que ela me deixa uma paz, que poucas coisas nesta vida o conseguem.

Em cada gota dela, vejo um pouco de meus olhos, que deita um fio de água corrente, que limpa meu coração .Em cada gota dela, vejo-me a entrar por vossa casa dentro, molhando vosso rosto, com um beijo meu, de carinho de amizade.

Em cada gota dela, vejo meus dias de infância, que estudava com o corpo molhado, porque antes de ir para as aulas, andava à chuva.

Em cada gota, vejo meu anjinho a correr pela praia, sorridente, feliz, com a alegria na alma e um brilho especial em seus olhos.

Vou sair por aí, molhando meu corpo, dessa chuva milagrosa, que me dá inspiração, que me deixa leve, com uma pluma.

Ò chuva, não te vás por favor, sei que estou a ser egoísta, porque o sol faz tão bem, mas tu és a minha companheira, nas horas que vou visitar o meu mar, esse que banhas também, com tuas gotas.

Consigo penetrar em cada partícula tua e sentir-me um ser especial, que rega os prados, que dá água aos animais, que limpa a atmosfera, que alivia as almas, do fardo do dia a dia.

Fazes tanta gente deprimida, mas a mim.... Minha amiga, és algo especial, libertas como disse à pouco, essa veia tola, deixando correr no papel meus sentimentos, minhas ânsias, meus medos, meus sonhos. Tu e meu mar, são os seres especiais que a natureza fez o favor de me oferecer.

Este vulcão....520

Digo que não vou escrever mais, mas as palavras saem-me como um vulcão, que arranca minha pele, escarnecia meu ser.

Fecho os olhos e digo - chega - não escrevas mais disparates, mas esta alma rebelde quer escrever, quer dizer o que sente, estremece, diante do teclado, com a ânsia de por umas linhas a mais neste blog.

Quero renunciar à escrita, mas não sou capaz, preciso dela, para me alimentar, para saciar esta sede de amor, de carinho.

Este vulcão, em que se transformou o meu coração, que me dói, que me incendeia.

Quando dou por mim, estou longe daqui e quando acordo, já está mais um texto escrito, mais um poema, mas... como queria saber escrever lindo, sensível, coisas alegres, como queria, dizer nas minhas simples palavras, que sou aquele pássaro que voa sem destino, mas livre da dor, dos tormentos.

Creio que um dia, quando for velhinha, irei escrever algo feliz, algo alegre, algo que não magoe as pessoas que me lêem.

Esta brutalidade que lhe chamo de escrita, me faz recuar no tempo e penso que deveria novamente deixar de escrever, porque assim não lia minha alma, essa, que choca toda a gente. Essa malvada que um dia disse não, à felicidade.

Estilhaços de alma...521

A vida muda num minuto..... Neste momento temos a felicidade nas mãos e daqui a segundos, menos de sessenta, o mundo desabada diante de nós. Como podem as pessoas viverem da mentira?

Como podem mostrar sentimentos que não existem dentro de si? Como podemos acreditar numa pessoa, colocá-la num pedestal e numa fracção de segundos, esse pedestal partir-se em mil bocados, ficando em cacos? Cacos....(Sorriso de ironia) cacos, estilhaços de alma, estrume, é no que nos tornamos, quando chegamos a uma certa altura da vida e não sabemos destingir o verdadeiro do falso.

Estilhaços de alma é queres ser falsa e teu intimo se recusar, é queres calar-te e teu coração te obrigar a falar. Estrume....é dizeres a verdade, aquela que viste, e sentiste e te intitularem de possessiva.

Eu, meu mar e meu ponto no horizonte...522

Como estava lindo esse mar, ontem à noite, sentei-me numa cadeira e deixei-me estar, a olhá-lo, com suas ondas fortes, batendo nas rochas, meu olhar alternava, entre essas ondas gigantescas e essa estrelinha brilhante, que se via ao longe no céu negro, era duma beleza incrível, essa luz que refletia em meus cabelos brancos, dando-lhe uma áurea, de paz, de grandeza, de felicidade.

Como me senti bem, com aquela paisagem, ocupando meus olhos, minha mente, nada me perturbava, o mundo à minha volta, deixou de existir, só estava eu, meu mar e aquela luz lá longe, em forma de estrela, como um ponto de referência....sempre, meu ponto no horizonte.

Estive horas absorta em meus pensamentos, fazendo um balanço de minha vida, conseguindo separar a paz, da revolta, a escuridão, de luz, a tristeza, da alegria, a sinceridade, da falsidade e cheguei a uma conclusão...porque choro... se aprendi a sorrir? Porque sinto revolta?

Se a paz a encontro junto de meu mar, junto das estrelas, da lua, em todas as suas formas, do sol, que bronzeou meu rosto, escondendo as olheiras que nele vivem, que alegraram meu olhar, que dilataram minhas pupilas, deixando-me ver a beleza que me rodeava.

Eu...523

Hoje fiz uma retrospecção do que tem sido a minha vida, de como a via, de como a vejo, de como a vivia, de como a vivo e senti uma revolta dentro de mim.

Quem sou eu, para renegar-me a viver?

Quem sou eu, para me castigar de algo que não cometi?

Quem sou eu, para perder as forças, que sempre foram minhas companheiras?

Quem sou eu, para chorar por um amor perdido?

Quem sou eu, que me nego ver a mulher que há em mim?

Quem sou eu, para não gostar de mim?

Não sinto? Se sinto.... Tenho vida

Não trabalho? Se trabalho.... Tenho capacidades

Não choro? Não amo? Se choro, se amo...... Tenho sentimentos

Não ajudo as pessoas, não dou amizade? Se assim é, porque ainda algo vibra dentro de mim

Sou eu... a mulher que chora, que sorri, que brinca, que ama, que sofre, que beija, que abraça.............Se tudo isso faço.... Não sou um ninguém....Sou um ser humano, com qualidades, com defeitos, mas....que a partir de hoje quer viver, como só se vive uma vez.

Eu...meus gritos, minhas palavras...524

Cinco dias, que estou em casa, sem falar com ninguém, minha voz, esqueceu-se, como se pronuncia um olá, meus olhos perdidos nestas paredes, sempre à escuta de algum som, dum gesto, dum aproximar de passos.

Fico alerta...mas nada, ninguém... hoje sinto-me só, a solidão, caiu em peso, em cima de meus ombros, não suportei a carga neles, sentida e chorei, como o estou a fazer agora, ao som deste maldito teclado e deste maldito cigarro que são os únicos que me ouvem, que me falam.

Já não estava habituada a estar sozinha e esta semana, foi horrível, nem o mar me acarinhou, porque olhei-o com desprezo, até sua areia, desvaneceu-se por entre minhas mãos, frias, ausentes dum tudo, presentes num nada.

Grito, através de meus dedos... Socorro... mas ninguém me ouve, ninguém me vê, aqui no meu cantinho, escondida do mundo, escondida de mim. Eu...meus gritos, minhas palavras, em som de escrita.

Fé...525

Palavra tão bonita, que eu conseguia senti-la, apalpá-la, vê-la, ate ao dia que perdi algo de muito precioso, algo que fazia a minha vida ter sentido, que fazia me vibrar como mulher, como ser humano, mas hoje essa jóia preciosa já não está comigo, já não vive neste mundo, para eu poder manter essa mesma fé, nas pessoas, em algo superior a nós, fé nos meus actos, nos meus passos lentos, fé na flor que está no jardim, fé nas rochas que abundam o mar, fé em tudo o que vejo e sinto.

Te perdi minha amiga, te afastaste da minha vida, do meu ser, e eu sinto-me abandonada, porque já não posso me agarrar a ti, quando algo de mal me acontece, já não posso te sentir, já não poso falar contigo, como se fala com alguém que nos é querido, porque tu fugiste de mim, desapareceste da minha alma, hoje ela esta solitária sem a tua presença, eu procurei-te na calçada da rua, na criança que chorava, no fundo mar, nos olhos profundos desse Deus, que me olharam e me sorriu e que depois os fechou porque eu não te vi, não te encontrei. Onde andas minha amiga? Onde andas Fé que sempre me acompanhaste nas horas boas e nas horas más?

Volta, regressa a este até mim, que necessita de ti, como a terra precisa da chuva e do sol, eu preciso de ti para sobreviver nesta selva, para rir, para chorar, para orar, eu preciso de ti para acreditar que ainda sou um ser vivo e não um ser amorfo.

Volta, mesmo que eu tenha perdido a minha joia preciosa, já que a não posso ter, que te tenha a ti, minha amiga

Felicidade....526

Passam-se os anos na vida duma pessoa, com eles chocam muitas luas, muitas pedras, muitas rosas, e um dia chegamos ao limite, olhamos para trás e que vemos? Uma vida de alegrias? Uma vida de tristezas? Que vemos? Uma mistura de ambas? E depois que nos passa pela cabeça? Um filme em que o herói somos nós, e o mau da fita é a vida, ou passa-nos um filme inverso em que a vida é a heroína e o mau da fita somos nós?

Tanta pergunta sem resposta, tanta incerteza que faz de nós uma seres deambulastes, sem certezas, sem respostas, sem convicções. E a seguir pergunto eu? Que é a felicidade? Uma realidade?

Não sei...., mas que ela existe isso sim, porque se juntarmos todos os dias pequenos momentos felizes e fizermos deles uma montanha, há-de vir o dia em que precisamos de ir buscar energia a essa montanha, e sabemos que ela está lá, porque fomos nós que a construímos, ela esta disponível para libertar umas pequenas partículas de recordações, recordações essas felizes, que nesse momento nos vão fazer falta para repor o que perdemos no momento em que algo de pouco bom se passou connosco, se juntarmos todos os dias um pouco de felicidade, ela vai actuar um dia como um cofre precioso, que nos será necessário para podermos acreditar que a felicidade existe.

Foi assim que começou o suicídio....527

Foi assim que começou o suicídio........um olhar, um estremecer duma partícula de meu ser, um sorriso, um gesto e.... foi o princípio.

Comecei a ver-te, contigo falar, um dia, dois, até que surgiu aquele beijo desejado por ambos, aquele beijo, que condenou minha alma, meu coração ao suicídio, foram dias maravilhosos, onde o azul do mar, era luminoso, as rosas, tinham um cheiro especial, meu olhar sorria, meu corpo estremecia.

Um dia te foste....e minha alma, começou numa queda vertiginosa, procurando-te em tudo que era canto, em tudo que tinha teu cheiro, em tudo que me lembrava de ti e nada, não deixaste rastos.

Apareceste de novo.......aceitei-te, sem uma pergunta, sem um olhar de recriminação, estavas ali, diante de mim, era tudo que queria.

Acordei...de novo, ficou o rasto de teu cheiro, tinhas desaparecido outra vez, já não chorei, já não adoeci, fiquei impávida, serena, como se o mundo tivesse desabado em cima de mim e me tivesse tirado qualquer sentimento, mas... eu sabia que voltavas um dia....

Voltaste e novamente comecei esse suicídio louco, estava à beira da loucura, já nem forças tive para te mandar embora, de novo te aceitei e assim tem sido este tempo todo.

Estou a suicidar minha alma, na busca de teu amor, na crença de tuas desculpas, nas cenas de ciúmes que fazes e eu aqui...te esperando de novo, mas... agora com a raiva dentro de mim, com a esperança que essa raiva, esse amor doentio se transforme em indiferença, para que possa salvar minha alma, meu coração, dessa loucura, que um dia lhe chamei de AMOR..

Foram grandes homens...528

Foram grandes homens, que deram vida a grandes vidas

Foram grandes inimigos, que deram vida a grandes guerras

Foram grandes amizades, que deram vida a grandes sorrisos

Mas não foram grandes mulheres, que deram vida a grandes homens

Foram grandes amores, que deram vida a grandes dores..

Foste tu, minha mãe...529

Hoje....sinto tua falta, ainda falta tantos dias, para me vires visitar, mas era hoje, que te queria aqui, junto a mim, para te mostrar o ramo de rosas que comprei, essas rosas que são sempre, um motivo de alegria para ti e dessas ias gostar muito, porque quando as comprei, pensei em ti e foi a pensar em ti, que me veio à memória - todas essas tolices:-

Foste tu... que me ensinou, a ser a mulher que sou hoje, foste tu que me mostrou como a vida era.

Foste tu... que me disse um dia, ainda, eu, menina, que a vida era bela, que ela me sorria, cada vez que tivesse um pensamento positivo.

Tu... que me ensinaste a rezar, de joelhos orar, para que esse teu Deus me ouvisse...mas Ele não me ouviu minha mãe....

Foste tu... que um dia, me deu aquela boneca de porcelana que eu adorava, aquela boneca que fazia a delícia de meus olhos, quando na loja passava.

Tu... que me deu aquele quadro belo, pintado à mão, e com estas palavras o puseste em minha mão - Toma, tua vida será como esta tela, será linda. Será bela.

Cresci e conforme meu corpo se ia formando, minha alma crescia com ele, meus sonhos se iam desfazendo e tornei-me mulher e hoje te pergunto: -

Minha mãe porque me enganaste? Por me pintaste a vida cor-de-rosa? Porque me fizeste crer, que a mesma ia ser linda?

Minha mãe.... Olha meu rosto, olha minhas lágrimas escondidas, olha meu sorriso de ironia, porque um dia me enganaste, porque um dia me pintaste, esse mundo de ilusão.

Minha mãe.... Não vês o que se passa à minha volta, porque não quero mostrar teu engano, quero ser sempre, a tua menina, que um dia sorriu, com tuas palavras, que se deitava no chão, para que seus cabelos pudesses acariciar, que um dia a chorar de emoção, agarrou em tuas mãos e disse - obrigada minha mãe por existires.

Fugi...530

Fugi....na procura da calma, da paz, mas... não a vi, não a encontrei, e...no seu lugar encontrei a desilusão, que me fez voltar de novo e neste barco atracar.

Não vou mais fugir....não vou mais procurar, porque sei que vou encontrar aquilo que quero, aquilo que sonho, aquilo que me dá vida... "a paz interior".

Voltei no silêncio, eu sei, mas a minha capacidade de sonhar, de escrever, esmoreceu, ou porque o calor me tira a sensibilidade, ou porque a desilusão, não me deixa exprimir.

Também é verdade que estou desiludida com certas amizades aqui, também é verdade que fugi, que as abandonei, mas também é verdade que voltei, para ficar, para ancorar neste porto, que lhe intitulei de Elizabete.

Fugirei eu, desta vez?...531

Fui ver o mar, ia lá, com uma missão, receber teu recado, dei um passo atrás, não queria ouvir esse recado, mas, algo me impelia para escutá-lo...escutei-o....arrepiei-me, fiquei feliz...mas tive medo e tentei de novo fugir.

Não fui capaz. Sabia que ele tinha algo mais para me dizer e falou, falou, meus olhos postos nele, em silêncio, mas a contradição tomava conta de mim, queria ouvi-lo, mas queria fugir dali com medo.

Sabes? Quando fugiste, como te fiquei com raiva? Hoje ele, lembrou-me, se eu fizesse o mesmo, tu irias me ter raiva também, não irias ser benevolente como eu, que aceitei tua volta.

Deixei-lhe meu recado, ele vai-to entregar. Sorriu para mim, ao contar-me, que te viu sorrir também, mas não correspondi ao seu sorriso, estava com medo, ansiosa, dum tudo, dum nada.

Ele compreendeu-me e disse, que te compreende também, mas ... sempre possessivo disse-me :- Vou ser eu, a escolher a música, que juntos vão ouvir. Aí sorri...mas sempre, sem certezas de nada, mas ele vai fazer chegar a ti o meu recado.

Hoje aprendi....532

Hoje aprendi, nada pedir, para ter tudo o que a vida me quiser dar.

Já viste que sofri, por te ter pedido algum sem valor, algo que não pudeste dar, mas... que me importa esse pedido tão insignificante? Que é ele, comparado com o que já me deste?

Nunca mais vou ser mesquinha e te pedir algo, que não seja amor, pois tu, já tanto me dás e quem sou eu para te fazer pedidos tolos?

Se nada te tivesse pedido, quem sabe... estes dois dias, eu não teria atravessado o deserto sozinha, talvez... te tivesse comigo, talvez os momentos em que minhas lágrimas correram, tivessem sido substituídos, por um sorriso de felicidade?

Pensavas que não te iria perdoar? Como poderia não te perdoar, se tu és minha vida, meu sol, se tu me tiraste da escuridão, se me dás a luz das estrelas, se tu me dás a força do mar....

O telefone tocou.......meu coração disparou....senti que por detrás daquele toque, estavas tu e não me enganei....dizias que eras indigno de mim.... Não...indigna, fui eu ao fazer-te esse pedido, indigna sou eu, que exigi demais à vida, mais, do que ela me pode dar.

Hoje aprendi....que nada te vou pedir, porque tu já me dás tanto......

A Raiva...533

Como gostava de nunca ter que escrever a raiva, a vontade de bater no mundo, o desprezo pelas pessoas más, egoístas, mas hoje, não sei o que são sentimentos positivos, não sei o que é o amor, o companheirismo, o que é amizade.

Como é possível existir gente má, que só sabe prejudicar o próximo? Pensava e sabia que havia gente ambiciosa, gente, egoísta, mas... gente má? Pessoas que convivemos no dia a dia? Não posso crer nisso, penso que ainda estou a sonhar, que nada se passou, que vivi um pesadelo, que não conheci pessoas com um espírito maligno.

Que vale sentirmos pena, amizade, se num dia para outro, essas pessoas nos apunhalam pelas costas?

Nunca pensei na minha vida ficar rouca, por ter me cruzado com alguém mau, nunca pensei gritar como gritei hoje para provar a outros que existe gente ruim, que só está bem, fazendo mal aos outros.

Nunca pensei que iria sentir tanta raiva dentro de mim, nunca me apeteceu pegar em algo e atirar em cima de alguém e hoje estou triste, porque conheci esse sentimento, porque me cruzei com gente falsa, má, ruim, invejosa, ambiciosa, que objetivos poderei empregar mais, para descrever uma pessoa que me ensinou a ter pensamentos maus?

Desculpem vos fazer conhecer, esta pessoa que nasceu dentro de mim, não estão habituados a ver, mas hoje....O mundo ruiu, um pedregulho desabou em minha cabeça, ferindo meus sentimentos, maltratando minha alma.

Sinto-me suja, imunda, por ter esses sentimentos, mas... é superior a mim, não consigo afastá-los de meu ser.

Hoje não vou escrever nada ...534

Hoje não vou escrever nada, só vim aqui, dizer que abri uma fenda em meu coração, e nela raspei todas as feridas, que fui acumulando estes anos todos e em cada bocadinho dessa fenda, coloquei lá, cada um de vocês, meus amigos, junto a vocês coloquei um sorriso meu, já tão apertadinho, porque afinal eu não estou só e vocês eram tantos que mal coube meu sorriso.

Quem pode estar só, sentir solidão, se tenho vossas palavras, vosso coração comigo? Hoje acordei sorrindo, porque em meus sonhos, vi me ajudarem a limpar essa ferida tão feia, que tinha em meu coração, foram vocês que me ajudaram a apanhar as rosas e as regaram para mais tarde eu poder coloca-las mais tarde, junto a todos vós.

Dia cinzento...535

Hoje o dia acordou cinzento, sento-me na varanda a contemplar as nuvens que veem me avisar, que a chuva vem aí, oiço uma, oiço outra e todas ficam a olhar para mim estupefactas, porque nada lhes respondi, estava ausente, não as ouvia, não as via, mas havia, uma, a que tão bem me conhece perguntou-me:

- Então o que se passa? Tu adoras a chuva que nós te trazemos, ficas a olha-la através dos vidros, sonhando, construindo castelos no ar, e hoje nada dizes, nem um brilho em teu olhar com sua vinda, que te dá paz, sossego, alegria?

Sorri, um sorriso ao de leve, nada respondi e ela triste, deu uma volta e saiu.

Aí reagi, queria a chuva e ela nada me trás de novo, porque me veem avisar? Porque veem perturbar meu silêncio, meus pensamentos?

Gritei com ela, revoltada - Sai daqui e não voltes, que me importa se faz sol, se faz chuva, se neva, se faz calor, se faz frio? Se dentro de mim esta um gelo, o gelo daquela pedra fria que se instalou dentro de meu peito?

A nuvem nada me disse, nada respondeu, deu uma volta e desapareceu. Ali fiquei, parada com o olhar no horizonte, como esperando por algo.... Pela chuva que me foi anunciada? Por um sol radioso?

Não sei, o que espero, o que me está reservado, só sei, que quero essa chuva e nada fiz para que ela viesse, que gostaria de correr para o quintal, assim que ela viesse e com ela dançar, molhar meu rosto, meus cabelos, meus corpo e que, o seu contacto conseguisse desfazer esse pedregulho, que me aperta o peito, que não me deixa respirar, que não me deixa andar direita, que me curva, que torna meus passos lentos, os passos de quem tudo quer, de quem tudo recusa, mas....eu quero a chuva.

De novo olho o horizonte e vejo o sol a chegar, e... fui para dentro de casa, com este pensamento: - Até o tempo está contra mim....Chega....Estou farta, Estou exausta, deixem-me dormir e acordar um dia, ao sentir que já nada de pesado tenho comigo, só a leveza da chuva, a suavidade das nuvens, a beleza da neve e a fortaleza do mar.

Hoje só quero teu sorriso......536

Ontem pedi um abraço, senti-o com uma intensidade tal, que hoje, atrevo-me a pedir um sorriso....Um sorriso ao canto da boca, um sorriso através dum olhar, um sorriso de vivacidade, de emoção, de cumplicidade, de amizade, de amor. Um sorriso que encante meu coração e estremeça minha alma.

Quero sentir esse sorriso, para aliviar meu íntimo, para que meu olhar brilhe, correspondendo a esse sorriso, para que esqueça as amarguras da vida, para que veja a cor preta, transformar-se na cor rosa.

Quero esse sorriso, para o guardar em meu coração, para que possa lá ir buscá-lo, quando as minhas lágrimas rebeldes se lembram de correr por meu rosto.

Quero esse sorriso, para pô-lo debaixo de meu travesseiro e à noite, quando o medo me atormentar, eu possa agarrar nele, para me proteger.

Quero esse sorriso, para o levar ao meu mar e mostrar-lhe o quanto estou feliz, porque alguém me sorriu.

Quero esse sorriso, para fazer-me esquecer todos os pensamentos negativos que travo entre o querer e não poder, ou o ter e querer esquecer. Hoje só quero teu sorriso......o teu...o teu... o teu...o vosso sorriso

Hoje...dia da mãe...537

Hoje... sinto-me insegura, nada sai de minha mente, bloqueei-a para em nada pensar neste dia, o único pensamento que vem bem à ideia, é este - Ainda não é meia-noite? O dia seguinte?

Já viste que escolheste logo este dia, para me magoares tanto? Não viste em que estado fiquei?

Hoje...dia da mãe...538

Foste cruel, disseste-me palavras duras, ofendeste-me como se nunca te tivesse dedicado carinho e amor. Hoje, que desses carinhos precisava de ti, mas.... Disseste adeus...

Estou a escrever isto, em forma de desabafo e as lágrimas correm-me pelo rosto, mal consigo ver as teclas do PC, oiço tua voz seca, vejo teus olhos duros, ácidos e sinto uma dor infernal dentro do peito, como se espinhos estivessem a penetrá-lo.

Calei-me tanta vez, tantos sapos engoli, para não te perder, mas hoje acordei sensível e com a alma cheia de dor e não consegui calar tudo o que sinto, não consegui calar-me aos teus maus tratos, às tuas injustiças, às tuas traições e tudo te disse, em voz baixa, sempre a chorar, sem sair um som mais agudo de minha voz, quando a vontade era de gritar ao mundo inteiro, que amo uma pessoa que não soube aproveitar tudo o que lhe dei, não soube compreender as minhas renúncias, para que essa pessoa fosses feliz.

Dizer ao mundo inteiro que te amei, como só se ama uma vez na vida, que daria a vida para que fosses feliz, mesmo que não fosse comigo, mesmo que fosse com outra pessoa, mas... tu nunca serás feliz, só se encontrares na tua vida, uma pessoa que tenha dentro do coração, uma pedra de gelo, em vez de amor, de sentimentos, que te dê pancada, em vez de beijos e carinhos.

Hoje... um sempre, um nunca...539

Hoje....Não sei se acordei, se continuo a dormir, se me encontro para lá da tempestade que invade o meu universo, se me encontro aqui a escrever, a sentir esta sensação de

incomodo, esta sensação de tristeza, que me invade alma.

Não consigo me localizar, não consigo me encontrar de novo, perdi-me por entre os

pensamentos, por entre os sentimentos confusos, de ilusão, de desilusão para comigo.

Procuro na escrita, a liberdade de expressão, a liberdade de meu coração e não consigo, cada vez me enterro mais nesta angústia, neste labirinto, de que é meu ser.

Vejo caminhos floridos, por entre esses labirintos e outros repletos de escuridão e meus passos não seguem a cor, seguem o preto da noite, o negro da solidão.

Fujo deles, mas quando acordo, me encontro de novo neles, sem uma luz ao fundo desse túnel, que chamo de alma.

Quero me libertar desse horror, desse caminho, que sem querer, tracei em minha vida, desse caminho que me está a levar à destruição, que me está a levar à renúncia.

Mas tenho direito a sair dele, sou gente, sinto, penso, vivo, porque me enterro viva? Porque sigo sempre o caminho tortuoso, esse caminho que tento fugir e não consigo?

Durmo? Acordei? Não sei, onde estou, onde me encontro, se no caminho da verdade, se no caminho da fantasia. ´

Dispo esses trajes negros, que me envolvem, dispo peça por peça e cubro-me de cores e vejo-me ao espelho e que vejo? Uma auréola negra, que ofusca as cores de meu vestuário, que me faz ver de novo, o negro rodeado dum cinzento e aí chego a conclusão que jamais me vesti de rosa, de azul celeste, de verde marinho.

Hoje...estou assim....vou ou fico? ...540

Sãos passados tantos anos, a quando a minha entrada na Net. Nove longos anos que diariamente aqui venho, uns dias falo, outros não, fico-me pela leitura.

Uns dias elevo minha alma, outras, ela se desmoraliza, por completo.

Já conheci, tanta, mas tanta gente, já falei com milhares de seres, que nunca passaram do virtual, mas que os senti, na alma, na pele, no coração.

Já tanta gente, me fez sorrir, rir até, já tanta gente, me fez chorar de mágoa, de comoção, de alegria.

Meus olhos já leram tanto desabafo, outros olhos leram os meus também, e como disse há dias a alguém, isto é a minha 2ª casa, o meu 2º cantinho, onde me liberto, ou me fecho a cadeados.

Cada hora aqui, equivale a quatro, cinco, lá fora, no real, as horas passam e não damos por elas passarem.

Essas horas multiplicadas por nove anos, são muita hora. Viciada? Digamos que sim, necessito disto para libertar minha alma através da escrita? Não... porque escrevo em todo o lado, porque a Net serve como um meio condutor para aliviar o meu stress, meus pensamentos negativos? Porque eu preciso de falar com este ou aquele amigo? Tanta pergunta sem resposta...e outras tantas respostas que aqui encontrei, sem perguntar seja o que for.

Mas...quase a fazer os dez anos de Net, começo a sentir-me cansada, com vontade de fechar tudo e não mais abrir seja o que for, que me conduza às pessoas.

A semana passada senti-me muito, muito mal e despedi-me das pessoas queridas, que habitam em meu coração. Reagi e voltei a vir até aqui, houve gente sensível, que se apercebeu que aquilo era uma espécie de adeus, outros, não estiveram nem aí, bah...que se lixe, pensaram muitos, é mais uma, desta lista insólita e estúpida.

Tenho um grande defeito, não me sei dar por metades às pessoas, dou-me a 100%, todo o melhor que tenho em mim, e no fim para que? Já perdi tanta gente que considerava amiga, isso me deixou tanta mágoa....

Não quero me magoar mais, porque já me sinto incapacitada para aguentar todo esse peso no coração, não bastando, ter tido a vida, como madrasta.

Peço desculpa por este desabafo geral, mas hoje...estou assim....vou ou fico?

Já não sei onde ando....541

Já não sei onde ando, o que faço, onde quero ir e para que quero.....tanta confusão para um dia só, tanto sentimento num segundo só.......

Queria libertar-me de tudo, mim, do meu "eu", desse insatisfeito, desse cruel que me engana a cada segundo que passa, queria ser um réptil, para rastejar por esse mundo fora, queria ser o universo para ver, para sentir tudo, queria ser uma onda para percorrer cada ser, que nele se banha, queria ser tudo, queria ser nada.......

Queria.......viver, chorar, sorrir, voar, caminhar lentamente, correr a uma velocidade.......vertiginosa....queria..........não existir ou existir, pura e simplesmente, sem sonhos, sem pensamentos, vaga, nua, crua, vazia.......queria ser insensível, desprezível.......

Julgamentos....542

Julgamentos, torturas, a dor, torna-se mais cruel, destruidora, são assim os anos, os dias, os meses, os minutos intermináveis, e não consegue fixar em nada, tudo é-lhe indiferente, mas ao mesmo tempo, tudo o magoa, tudo faz abrir essa ferida, que está a tornar-se numa chaga.

Fala-se tanto em guerras, olha à sua volta e não as vê, porque anda em guerra constante consigo próprio.

Pensa...pensa e não arranja maneira de provar sua inocência, dentro daqueles calabouços, e água, batendo nas paredes, tornando-as húmidas, destruindo seus pulmões, suas forças, sua mente.

Projeta seu pensamento para aquele malfadado dia em que a viu caída no chão, ensanguentada, sem vida, sua beleza, realçando-se perante aquela morte tão cruel.

Olhou-a, correu para seu corpo, já sem vida, e beijou-o, gritando que nem um louco, perguntando quem teria feito aquilo, quem a teria torturado, até à morte, mas... a resposta foi diferente daquela que ele esperava, quando levantou a cabeça, tinha a polícia à sua espera, com seu olhar frio, aquele olhar policial, julgando-o, não o deixando articular qualquer palavra em sua defesa.

Deu pelo som duma porta de ferro, fechando-se atrás de si...e ...assim se passaram anos e em sua memória apenas vive a procura da verdade, a procura da pessoa que a tinha assassinado e o tinham culpado. Mas... resposta nenhuma....

Olhou-se a um espelho pequeno, que lá tinham deixado e não se reconheceu, a dureza de seu rosto, assustou-o, era a sombra daquele homem, que um dia a viu caída no chão, morta, linda, indefesa.

Apertou os punhos, com força, como se quisesse partir o espelho em suas mãos, mas não... ele tinha que guardar as poucas forças que lhe restavam, para provar

Lágrimas em meu rosto...543

Hoje acordei com sabor a mar em meu rosto, ainda meio atordoada, lambi o líquido salgado que me corria pelos lábios, pensei estar sonhando, que acabava de dar um mergulho no mar,

Mas.... Que mergulho....que sabor a mar....

Esse sal, eram das lágrimas que corriam por meu rosto abaixo, lágrimas que correrem durante a noite, lágrimas que brotaram de meu coração, enquanto dormia.

Com essa realidade acordei definitivamente, sentei-me na cama e tudo me veio à memória, aí, não deixei correr lágrimas, solucei compulsivamente.

Tinham-se acabado meus dias de paz, meu sorriso de menina, meu olhar de paixão e de novo aquela tristeza que marcava meu rosto, aquele olhar cravado de lágrimas....Acabou-se tudo.....Voltei à estaca zero, na procura da paz, da felicidade, da alegria.

Lágrimas...544

Lágrimas... que são a limpeza de minha alma, se chorar, não vou secá-las, porque enquanto sinto cada gota, caindo por meu rosto, sinal, que minha alma ainda está viva.

Lágrimas sagradas, num rasgar de alma, desenharei com elas, as feridas de meu corpo, colocarei as cores do arco-íris, transformando-as em pérolas valiosas.

No dia que deixar chorar... por favor, chorem por mim, para não me deixarem secar, para que meu coração, não se transforme numa pedra, que irá pesar em meu peito.

Hoje restam-me essas lágrimas, da alma que um dia sorriu, e pior que perder um sorriso, é perder a sensibilidade de saber chorar.

Chorarei, se sentir em minhas mãos um ser pequenino, chorarei, se alguém me ferir, chorarei se encontrar o carinho à minha volta.... Sem lágrimas...não sou gente, não sou aquela pessoa que vive em mim, aquela que se emociona por pequeninas coisas, por um poema, por uma rosa em minha mão, por um por do sol maravilhoso.

Não tenho medo de chorar, não me envergonho de sentir as lágrimas caírem por meu rosto, esteja só, esteja no meio duma multidão.

Chorarei por amor, por raiva, por solidão, por emoção, por amizade, mas chorarei sempre, até que me doa a alma e fira meus olhos.

Lei da Selva...545

Há dias que se comentem erros imperdoáveis, e um deles é magoarmos alguém a quem nos quer bem e a quem nós queremos bem também, só porque alguém nos magoou e formos cobardes, não sabendo reagir.

Fico a pensar se neste momento, vivemos com a lei da selva - salve-se quem puder ou se vivemos a lei humana - Se tens um amigo(a), e se estás mal deves desabafar, pedir um conselho, um mimo, um sorriso, em vez de magoarmos.

Foi essa lei da selva que apliquei a ti meu amigo, magoei-te porque alguém me tinha ferido e eu queria ferir também e quem acabei por ferir? - A ti - Que tens sido meu amigo, meu irmão, não te vou pedir desculpas de novo, porque errei estupidamente.

Porque não chorei? Porque não gritei? Porque contigo, não desabafei? Porque sou selvagem, porque foi mais fácil para mim, magoar-te, ferir-te, como se eu fosse um animal ferido, que quisesse me vingar.

Sempre prometo não cometer mais esse erro, mas a cobardia, o medo de desabafar, faz de mim uma inconsciente, essa selvagem que fere, que magoa, as pessoas que menos merecem.

Quem isto ler, não cometam o mesmo erro, porque dói muito, mais a nós, que o cometemos, do que talvez à pessoa que ferimos.

Sentimos que perdemos todos os valores morais que nos ensinaram, sentimos que perdemos algo de valioso, sentimos uma dor muito forte, que não nos deixa sossegar, que pica o peito, como uma faca.

Quando erramos inconscientemente, logo passa, pedimos desculpas e nosso ser fica em calma, agora, quando acabamos de ferir e sabemos porque o fizemos, essa dor não tem dimensão, não tem limites.

Fui selvagem, mas como humana, estou admitir meu erro, e mais uma vez, com a promessa de não voltar a ferir mais ninguém, só porque alguém também me feriu.

Lemas de vida......546

Antigamente usava muito essa frase como lema de vida " VOU ATIRAR PEDRAS À VIDA, PARA QUE ELA NÃO ATIRE A MIM", que engano, cada uma que eu atirava, transformava-se em pedregulho, em cima de mim vinha parar, fazendo feridas difíceis de sarar.

Depois passei a usar outro lema "AS PALAVRAS A MINHA ARMA, O SORRISO MEU ÁS DE TRUNFO", outro engano, cada palavra, feria sempre alguém, cada sorriso, era interpretado como um gozo, nunca como carinho, como simpatia.

Hoje não uso lemas de vida, faço de minha alma, de minha consciência, o meu lema de vida, não atiro pedras, mas também não dou a outra face, passei a ser "EU", e usei outro estratagema que me tenho dado bem com ele, para viver "SABER CALAR E SABER FALAR NA HORA CERTA"

Só não aprendi ainda uma coisa e talvez nunca virei a aprender "ESTAR NO SÍTIO CERTO, NA HORA CERTA"

Liberdade total...547

Vai-se libertar devagarinho, cada partícula, vou-me ver desprovida de minha alma, por minutos, segundos, mas vou deixá-la viajar, vou deixá-la ver o que nunca viu, viver o que nunca viveu.

Sinto-a soltar-se, trémula, ansiosa, mas empurro-a - Vai, liberta-te de vez, deixa de viver nesses sonhos impossíveis, vive tudo o que tens que viver, depois volta, calma, sem teias, sem azedumes, sem queixumes, mas volta, porque preciso de ti..........

Foi....começou por mergulhar nesse mar imenso, tornou-se numa onda, chapinhou crianças, brincou com adultos, molhando-os, ouvindo os gritos - ai... água está fria, ia e vinha de dentro do mar, para fora, sorrindo feliz, deixando sua espuma, junto aos pés das pessoas, mas como sempre, se cansou...sua rebeldia queria mais, seguiu por esse mundo fora, se tornou numa cascata, caindo em força por essas montanhas abaixo, sempre sorrindo, a sua felicidade era quase total, mas....

Faltava esse quase e quis se tornar num ave, para voar bem alto e ver o mundo de cima, com seu olhar matreiro, olhava para baixo e espreitava tudo, tocava em tudo que se mexia, mas....

Quando voava viu sentada à beira mar, uma criança, com suas pernas esticadas, aproximou-se devagar, e sem darem por sua presença, foi escutando seus lamentos, seus pedidos e a emoção se apoderou dela, e esse quase, que lhe faltava, tinha atingido o auge.

Em silêncio, tornou-se numa jangada, macia, suave, pegou na criança colocou-a em si e seguiu em direção à água, colocou suas perninhas fora de si, para que elas sentissem aquele sabor salgado, mas, ouvindo o gargalhar do menino, sentiu-se impotente por só lhe poder dar o prazer de molhar suas perninhas, então....

Num ápice, se transformou num boia azul, linda e feliz, sentiu o olhar da criança boiando nesse mar, rindo, brincando com as algas, brincando com outros meninos e deixou-se estar ali horas, até ela se cansar, nessa altura, levemente, com ternura se transformou numa mulher, pegou nesse lindo menino de caracóis, com seu olhar brilhante, agarrando sua mãe dizendo - mãe, eu fui á agua, sinto-me bem, não me fez mal, posso nadar, posso brincar com outras crianças, mãe-----EU NÃO SOU DIFERENTE.

Senti um empurrão, vinha ela novamente, entrando depressa em mim, feliz, contente, porque se tinha realizado, fez o que quis, sem opressões...foi livre por umas horas, mas foi ela - Foi o carro sem travões.

Liberdade....que ironia...548

Que liberdade nos deram? Não conseguimos nos libertar de pensamentos negativos, o passado vive dentro de nós, se um dia amamos e esse amor não foi bem concebido, não o deitamos fora, não nos libertamos dele, porque nossa alma fica ferida, essa chaga que nem sempre desaparece, com outro amor.

Quem nos liberta de pessoas egoístas, de gente má, gente sem escrúpulos? Ninguém, porque elas abundam cada vez mais por este mundo.

Quem nos liberta da saudade que se instalou dentro de nós? Ninguém, por há saudades que jamais acabam, porque vivem dentro de nós, porque alguém jamais voltará a sorrir, a olhar para nós, a nos acarinhar.

Liberdade politica? Também ainda não a senti na pele, cada dia nos tiram mais, cada dia, o fim do mês está mais longe, quantas famílias vivem miseravelmente e o nosso governo não vê isso,

Quantas crianças neste país morrem de fome? Quantas crescem, com a revolta dentro de si, porque não souberam o que era carinho, porque seus pais não tinham tempo de lhos dar, pois todo o tempo para ganhar dinheiro para os sustentar, é pouco.

Podemos falar à vontade, é certo, coisa que antigamente não se podia, mas que importa falar? Reclamar? Se não tempos liberdade para fazer nossa escolha de vida?

Liberdade têm os pássaros, que voam por esse universo fora, mas...quantos caem mortos, porque a atmosfera está poluída.

Só tenho uma liberdade e essa ninguém ma tira...A liberdade de pensar, a liberdade de sonhar.

Não me falem em liberdade, porque essa palavra, está bloqueada a tanta gente.

Lições da vida...549

Liberdade....que ironia

Que liberdade nos deram? Não conseguimos nos libertar de pensamentos negativos, o passado vive dentro de nós, se um dia amamos e esse amor não foi bem concebido, não o deitamos fora, não nos libertamos dele, porque nossa alma fica ferida, essa chaga que nem sempre desaparece, com outro amor.

Quem nos liberta de pessoas egoístas, de gente má, gente sem escrúpulos? Ninguém, porque elas abundam cada vez mais por este mundo.

Quem nos liberta da saudade que se instalou dentro de nós? Ninguém, por há saudades que jamais acabam, porque vivem dentro de nós, porque alguém jamais voltará a sorrir, a olhar para nós, a nos acarinhar.

Liberdade politica? Também ainda não a senti na pele, cada dia nos tiram mais, cada dia, o fim do mês está mais longe, quantas famílias vivem miseravelmente e o nosso governo não vê isso,

Quantas crianças neste país morrem de fome? Quantas crescem, com a revolta dentro de si, porque não souberam o que era carinho, porque seus pais não tinham tempo de lhos dar, pois todo o tempo para ganhar dinheiro para os sustentar, é pouco.

Podemos falar à vontade, é certo, coisa que antigamente não se podia, mas que importa falar? Reclamar? Se não tempos liberdade para fazer nossa escolha de vida?

Liberdade têm os pássaros, que voam por esse universo fora, mas...quantos caem mortos, porque a atmosfera está poluída.

Só tenho uma liberdade e essa ninguém ma tira...A liberdade de pensar, a liberdade de sonhar.

Não me falem em liberdade, porque essa palavra, está bloqueada a tanta gente.

Livre...550

Fecho meus olhos, deixo meus dedos trotearem ao som deste teclado, não sei o que vou escrever, nem tão pouco se me apetece escrever, mas as palavras vão saindo, estou calma, como há muito não estava, saí do trabalho, dirigi-me à praia, estive lá duas horas e tal, indo de seguida jantar fora.

Foi uma sexta feira diferente, que não fizeste parte de meus planos, nem dos meus pensam.

O mar estava feroz, a maré a encher, fui até às rocha, para sentir suas ondas baterem em meu corpo ferozmente e outras tão suaves que me acariciavam.

De Inicio, ainda pensei, que naquela maré alta, te visse sair de lá, mas depressa verifiquei, que não passava duma tola sonhadora, tu jamais virias ter comigo, mas... olha... depressa me passaste à indiferença, porque aquele sabor a mar, aquele cheiro a maresia, ocuparam meu pensamento na totalidade.

Vou-me modificar, jamais me darei a alguém de coração aberto, vou ser feliz assim nesta indiferença, que antes me magoava tanto, vou aproveitar minha vida, aquela vida que atrofiei, sempre na espera de ti...

Acabou-se a espera, acabaram-se esses longos anos, fechada, na esperança de te ver, de te falar, de te beijar e de contigo sonhar.

Estou livre, para poder de novo sonhar com coisas lindas, para poder desfrutar o meu mar, que adoro e que o tenho desprezado por tua causa, sempre...mas sempre...na esperança da tua volta.

Hoje...senti saudades de ti ....551

Hoje...senti saudades de ti, fechei meus olhos, para ir até ao teu encontro, mas....não tive coragem de ir sozinha, o medo apoderou-se de mim, sentia-me insegura, frágil, tinha receio, de não chegar ao fim da minha viagem.

Parei...voltei a pensar, irei? Não? Mas as saudades iam aumentando, consoante a minha indecisão.

Então...lembrei-me do meu amigo, que também sente saudades de seu pai, que mora tão longe como tu.

Cheguei-me ao pé dele , convidei-o a fazer essa viagem longa. Aceitou...seus olhos brilharam de emoção, só de pensar, que iria ter seu pai nos braços novamente, como eu te iria ter a ti nos meus.

No caminho, lembrei-o que as minhas viagens, nunca, uma era igual à outra, que algumas delas eram turbulentas.

Ele sorriu...estava pronto para tudo....seguimos viagem, sempre com um pensamento fixo.... Vamos ver quem amamos.

Desta vez não começamos pelo mar, escalamos montanhas, radiosas de luz, de neve, branca, como a tua alma. Brincamos no caminho, para aliviar a pressão, desse encontrão tão desejado.

Deparamo-nos com chuvas torrenciais, mas nada que nos impedisse de viajar, de continuar nossa jornada, ouvimos trovões, vimos faíscas, passando por nós sem nos tocar e......

Olhando um para outro, sorrimos, não críamos acreditar no que estávamos a ver. Peguei em sua mão, com receio de cegar, com essa luz tão forte...

Parámos...encontrávamo-nos na ilha do arco-íris, ao longe, vimos duas formas de vida, mas a cor era tão intensa, que não conseguimos distinguem, quem, era quem.

Aproximámo-nos, e com lágrimas nos olhos, vi-te, tão luminosa, e meu amigo viu seu pai, cheio de luz, sorridente, com os braços abertos, para o receber.

A correr, fomos para vossos braços, encolhemo-nos, sentíamo-nos tão pequeninos, perante grandiosa luminosidade.

Ficamos assim horas...falando, matando saudades, e chegou a hora do adeus...estremeci, meu amigo também. Queríamos levar-vos connosco, mas não podíamos. Então...arrancaste de teu jardim, uma rosa amarela cheia de luz e beleza, deste-me ...toma, guarda-a em teu coração, amanhã, é dia da mãe e não posso lá ir levar-te algo, para poder ver teu sorriso.

Olhei para meu amigo....sorri...estava a receber uma prenda de seu pai também...uma coração cheio de alegria, de paz, de luz, para que ele o guardasse também, para o resto de sua vida.

Apresentei-te ao meu amigo...ele....apresentou-me seu pai e os quatro juntos, prometemos nos encontrar de novo, na minha próxima viagem.

Vou começar hoje a maior luta da minha vida, e não tenho tido, tão poucas como isso, mas esta, tenho que vencer, tenho que arranjar força, onde não as tenho, onde não as vejo e a luta é a seguinte - Ou a vista ou o tabaco.

Sempre disse como lema que - haveria de dar o último suspiro e dar a última passa no cigarro. Mas.... A realidade é outra, a vida se vai, é fácil, morre-se e acabou-se tudo, Só temos que estar mentalizados, que um dia isso, será a única realidade que temos.

Mas... como tudo na vida há um mas... não estou preparada para uma cegueira, derivada a uma estupidez e fraqueza minha.

Como gostaria de poder dizer...eu fumo e não me faz mal, mas não é verdade, o tabaco, soube-o hoje, está a danificar-me a córnea e eu tenho horror à cegueira.

Agora que faço? Luto por um vício imbecil? Sujeito-me a um dia, não poder fazer o que adoro - escrever, ver o mar, olhar a natureza à minha volta, olhar para alguém e ver nos olhos, sua alma, olhar para alguém e compreende-la, só com os gestos de suas mãos.

Estou com medo, porque sei que este maldito vício é superior a mim, mas eu quero conseguir e já começar amanhã, porque agora eu digo - Quero dar o meu último suspiro e ver o que se passa à minha volta.

Maior dor que perder um brilhante ....553

Maior dor que perder um brilhante, é perder um amigo, é ter que vê-lo e não lhe falar, um amigo a quem demos carinho, um amigo que sorriu connosco, que passou horas connosco, que nos deu forças, quando elas estavam a querer faltar, um amigo que nos acompanhou nas horas de insónias.

Perdi-te meu amigo e com essa amizade se foi o meu sorriso, a minha vontade de crer em alguém, a minha vontade de dizer a alguém - És meu amigo

Perdi-te meu amigo, tuas palavras, teu sorriso, tua ternura, mas não perdi uma coisa.....A amizade que sinto por ti, que é do tamanho do meu mundo, que é tão pequeno, mas é tão grande para ti, para albergar a amizade, o carinho que sinto por ti.

Meu coração de menina/mulher.... 554

Meu coração de menina/mulher.... Esse coração que ama com a inocência dos quinze anos, com a loucura dos vinte e cinco, com a paixão dos trinta e cinco, com a serenidade dos cinquenta.

Esse coração de menina/mulher que não sabe dizer não, que apela à serenidade dos seus cinquenta anos, já vividos, já sofridos, já esmagados pela vida, mas.... Ele não reconhece essa serenidade, ele teima sempre, em ser um coração de menina, que sonha com uma rosa amarela, que sonha com uma palavra de carinho, que sonha com um sorriso, esse coração de menina/ mulher e que de mulher nada tem....

Não cresceu, não amadureceu, não soube tirar lições à vida, esse coração que se recusa parar, porque é rebelde, ama, chora, sonha, mas sempre com a inocência de menina.

Meu sonho lindo...555

Hoje tive um sonho tão lindo, mas tão triste, que acordei atordoada, mas com uma leveza no espírito.

Mal adormeci vi-me rodeada de crianças, todas lindas, umas de caracóis roçando seus rostos, outras de cabelos curtinhos, negros, loiros, mas todas sorriam para mim, agarrando-me pela mão, levaram-me para um sítio verde, luminoso, com árvores às cores, todas as cores do arco íris faziam parte desse sitio, dessas árvores.

Uma das crianças com sua voz meiga, convidou-me a sentar num banquinho rosa, com corações vermelhos e sorrindo foi-me falando, sempre com essa voz suave.

Sabes? Dizia-me ela - Todos os dias te vamos visitar, e temos te visto muito triste, sempre calada, a um canto, ouvindo música triste, e a Joana, nada nos dizia, mas hoje confessou-nos que eras sua mãe, e não pensamos duas vezes, resolvemos te trazer aqui para que vejas com teus olhos, que tua filha está bem, que é uma menina meiga, suave, que brinca connosco, sempre sorridente, sempre com a alegria estampada no rosto, que nos dá forças, coragem e acho que chegou a altura de ela te ver, de falar contigo, para aliviar teu coração, para secar tuas lágrimas.

Olhei para ela sem saber o que dizer, estava petrificada, eu ia ver minha menina? Não

Acredito - gritei eu - minha menina não está aqui. Ela se foi há uns anos e não mais a voltei ver.

Mal tinha acabado de pronunciar essas palavras ouvi uma voz doce, suave, umas mãos lindas, branquinhas me acariciando o rosto, secando minhas lágrimas.

- Mamã querida, não chores, eu estou bem, sou feliz aqui, estas meninas todas são os meus anjinhos, que me protegem de todo o mal, não chores mais por mim, por favor, eu preciso de crescer, saudável, sem o tormento de te ver nessa angustia, e não penses que vens já em breve para perto de mim que eu não deixo, eu quero que vivas muitos anos feliz, sem dores, sem lágrimas, quero ver e sentir a minha mãe com o coração lindo como eu a conheci.

Não me contendo, chorei abraçada à minha menina, que estava linda, como um anjinho, que tinha à volta de sua cabeça, uma aura linda, branquinha e um pedra preciosa rodeando seus cabelos, enrolada numa fita luminosa.

Acordei, saltando da cama e olhei para todos os sítios, à procura de minha menina, mas ela não estava lá mais, mas eu sei que a vi, que a beijei, que a senti em meus braços.

Meu sonho virtual........556

Quantas vezes, já não li poemas de tristeza, já ouvi desabafos, quantas vezes senti no silêncio das palavras, de cada um, a solidão que se instalou dentro de si.

Nessas alturas senti-me impotente, por não conseguir penetrar dentro de seus corações e lhes dar um pouco de carinho, de amor, uma palavra de conforto.

Quantas vezes me deu uma vontade louca de ultrapassar este monitor e chegar a casa de cada um e poder dizer... Não chores, ou melhor...grita até que tua voz te doa, mas depois fica calmo(a) porque eu vou sempre te ajudar, sempre vou estar contigo nas horas boas, mas principalmente nas horas más.

Vou sempre estar contigo, quando me chamares, mas principalmente quando não me chamares, porque, senão me chamaste, o teu silêncio me disse, que estavas mal.

Mundo ingrato, que não temos poderes para aliviar os outros, para os fazer sentir que são seres especiais.

Mundo ingrato, que não nos deixar estar junto às pessoas que gostamos, que precisam de nós, em certas alturas e nós tão longe....

Mas há algo que este mundo ingrato não me conseguiu tirar, o poder de sonhar que estou lá, junto a quem de mim precisa, junto de quem está a sofrer, e nessa altura... consigo senti-los como se fosse real, nessas alturas sinto as pessoas deitarem a cabeça em meu ombro, sinto sua respiração ofegante de quem está nervoso, mal, na solidão profunda.

O sonho, comanda a minha vida, me deixando liberdade, para ir para onde quero...E nessa liberdade, eu aproveito e vou para junto de vocês, que são meus amigos, meus irmãos virtuais.

Meu tempo de reflexão pascoal......Ironias da vida.......557

Como dizem que a Páscoa é tempo de reflexão, tirei hoje o dia para refletir e é com grande tristeza e desilusão que cheguei a esta conclusão.

Já não há humanidade, já não há sentimentos, já não há aquele amor puro, que se via há uns anos atrás.

Como disse há pouco no outro texto, nos hospitais é uma vergonha, mas há dias, fui a um orfanato e senti meu coração pequenino, ao ver, como aquelas crianças eram tratadas, sem carinho, sem amor, olhos repletos de tristeza, outros pior ainda, cheios de revolta.

Essas crianças serão os homens de amanhã, e que poderemos esperar desses homens? Senão a revolta, a procura da vida fácil, e depois? Estarão as cadeias cheias e são esses homens os culpados? Não.... Foram os adultos de hoje, aqueles que os criaram, que não souberam lhes incutir a palavra amor, sentimentos de solidariedade, de carinho.

Quantos de nós, já se deparou com gente dessa, que procura a tal vida fácil, roubando, drogando-se, chegando mesmo a recorrer à violência e qual de nós os lamentou? Ninguém.... Nenhum de nós, por nos esquecemos, que esses não tiveram a infância fácil, cresceram na revolta, no medo de serem agredidos e tiveram que se proteger, sempre com este pensamento " para não me agredirem, vou agredir eu...."

Foi este o meu tempo de reflexão pascoal......Ironias da vida.......

Meus pensamentos em festa...558

Dei uma festa....

Aos meus pensamentos

Convidei seus amigos

Meu coração

Minha alma

Meus sentimentos

Minha emoção

Toda a chama

Que albergo dentro de mim

Tudo que hoje sinto

Tudo o que ontem senti

Abri o melhor espumante

Coloquei os melhores cálices

A música tocou alto

Foi tudo tão lento

Tão perto, tão distante

Cantei o meu amor

Cantei minhas alegrias

Cantei minha dor

As luzes se acenderam

Em todas as moradias

Os vizinhos se juntaram

Para me ouvirem cantar

Sem música

Sem voz

Só com a alma

Só com os dedos

Todos gostaram

Da festa que dei

Foi algazarra

Foi doida

Foi bizarra

Não houve medos

Não houve tormentos

Foi a melhor festa

Que dei aos meus pensamentos

Minha capacidade de sonhar.....559

Eu sei.... Que nada vou ter, mas a minha capacidade de sonhar é tão grande, que consigo trespassar para outros mundos, como se vivesse a minha única realidade.

Essa realidade que não é minha, finjo aos céus, aos ventos, ao mar, que estás aqui comigo, e nesse fingimento, nesse sonho, eu vivo essa realidade, tão forte, tão profunda, que chega a doer de tão verdadeira se torna.

Não importa que me chamem de "sonhadora tola", mas nesses meus sonhos, eu atinjo a felicidade total, atinjo os limites de todos os meus horizontes.

Nessa minha felicidade encontras-te tu, que és bem real, que és um sonho, palpável, que me sorri, que me fala, que me beija, que comigo sonha também, que comigo vive esta realidade, que chamo de sonho, porque sempre que quiseres ir às estrelas, só tens que me dar a mão e partires nesse nosso sonho chamado de amor.

Minha destruição...560

Não sei viver sem ti, sem teu cheiro, sem teu sabor.

És a minha agonia,560 o meu triste futuro, mas se não te tiver em minha mão, em minha boca, sinto-me vazia, sinto-me sem forças, meu rosto fica pálido, das saudades que tenho de ti.

Por favor, já que não tenho coragem de te deixar, deixa-me tu...odeia-me, abandona-me, faz de mim tua inimiga e com o teu abandono, um dia poderei ser alguém.

O sabor a ti, é algo inexplicável, não sei descrever, como te vejo, como te sinto, não és só o meu vício, mas também um gosto que adoro.

Mas....Por favor deixa-me, não te quero ver mais a meu lado, não te quero ver mais em minhas mãos, em minha boca....liberta-me de ti, para que num amanhã eu possa ver as belezas deste mundo.

Não te quero comigo, cigarro maldito que vais ser a minha destruição.

Minha fugida ao mar...561

Hoje, fui de fugida ver o mar, assim que lá cheguei, ele sorriu para mim, esse sorriso lindo, seus dentes maravilhosos, branquinhos, luminosos.

.

Olhou para mim, duma forma, que me deixou extasiada, esse olhar que só eu conheço e sei interpretar.

Ao sentir seu olhar percorrer meu corpo, com carinho, como uma bênção, senti-me tão feliz, que pensei.... Porque razão, digo que sofro, se tenho este amigo que me adora, que faz de meu pai, meu companheiro, nas horas que preciso de me isolar!

Sentei-me na sua areia fresca, molhada, pela chuva desta manhã e ali fiquei a olhá-lo em silêncio, meus músculos não se mexiam, o sorriso, não estava em meus lábios, estava em meu olhar brilhante.

Com ele, falei em silêncio, sem revoltas, sem mágoas e ele respondia-me com sua voz carinhosa, melodiosa, e de vez em quando, me mandava uma ondinha, e sorria para mim, maroto.

Que paz senti naqueles pequenos momentos que estive com ele, estava nas nuvens, esqueci-me da vida que me dói, da dor que me cega, do sofrimento que me arrasta para o fundo.

Comecei a pensar em tanta coisa, e conforme ia pensando, o meu mar, meu amigo, ia passando o filme da minha vida.

Sorrindo, me dizia, vês? Lembras-te deste momento em que a felicidade te fez ultrapassar o universo?

Olha este, como sorrias, matreira, e este? Sim...vê esse, que é muito importante para ti, este momento em que tua vida se modificou.

Foi aí que passaste a ser pessoa que és hoje, aquela que se isola dos amigos, do mundo.

Já viste que isso não é viver? Isso é vegetação pura, repara bem e promete-me que a partir de hoje, haverá sempre sorriso em teus lábios, um olhar, uma palavra de meiguice, para quem está pior que tu.......e mesmo para aqueles, que a vida os tratou sempre bem.

Acabou o filme, olhei as horas e corri para meu trabalho, sem aquele peso do fardo que carregava, ia aliviada, ia ser "eu" de novo.... A menina/mulher que um dia sorriu para a vida.

Minha menina...meu anjo...562

Hoje senti necessidade dum carinho, dum sorriso, dum miminho, dum abraço, mas sabia, que não era qualquer pessoa, que iria preencher essa necessidade.

O dia foi passando e essa necessidade ia aumentando, estava a tornar-se insuportável, sentia-me inquieta e continuava a não saber porquê, mas...... às três da tarde, fez-se luz em minha alma.

Tenho errado, prometi à menina linda do orfanato que a iria ver todos os sábados e feita egoísta, não fui, porque tenho andado só a pensar em mim.

Não fiquei bem, estava enervada, então sem pensar duas vezes, pedi à minha chefe para sair, porque precisava de tratar dum assunto urgente, mas fui avisando-a, que esse assunto, não poderia trazer justificação.

Ela olhou muito séria para mim e apercebeu-se que algo não estava bem e consentiu com um abanar de cabeça.

Peguei em minhas coisas e saí disparada por essa estrada fora, sempre com o pensamento, que ela ainda lá estivesse, porque só ela, poderia hoje acalmar meu coração.

Num instante cheguei lá, não pensei em polícias, nem excessos de velocidades, queria era ver a minha menina dos caracóis, essa linda, que conquistou meu coração, com palavras doces e beijos em meu rosto.

Quando cheguei lá, fui logo ter com a funcionária a perguntar pela menina. - Olhou para mim com tristeza, respondendo, sua menina está doente, está em seu quartinho, não sabemos o que ela tem, mas não come, não sorri, não brica e só dorme.

Não deixei a senhora falar, saí disparada por esses corredores fora, como um furacão, entrei em seu quartinho e fiquei a olhar o meu anjinho dormitando.

Aproximei-me de sua caminha e docemente beijei seu rosto. Ela abriu os olhos, olhou para mim e disse-me mamã, és tu? Chorei, não consegui responder, peguei nela ao colo e beijei-a com intensidade, abracei aquele corpinho com força.

Como por milagre o rosto da menina foi ganhando cores, um sorriso espreitou em seu rosto e devagarinho, como se estivesse sem forças, falou-me: - mamã, não chores, eu sonhei que tinhas ido para o céu, como minha mãe e fiquei sem ninguém.

Novamente as lágrimas não me deixarem falar, como era possível aquele ser tão pequenino, ter associado a minha ausência à morte de sua mãe.

Arranjei coragem e sempre com ela ao colo, perguntei-lhe se queria ir comigo ver o meu mar, o meu amigo. Ficou feliz e disse que sim, já não parecia a menina pálida e doente que tinha encontrado momentos antes.

Fomos ter com a directora a pedir autorização para ela sair comigo. Sabia que ia ser difícil, porque não têm ordens para sair com estranhos, mas para espanto meu, a diretora deu autorização ao ver no rosto da menina, a ansiedade, em seus olhitos a súplica.

Para que a minha confiança fosse sagrada, deixei meu B.I, com ela, minha morada de casa e de meu local de trabalho. A senhora não queria aceitar, mas eu assim quis, porque queria estar com meu anjo, duas horinhas, sem a consciência pesada.

Fomos direitos ao mar, aí brincamos, molhamos os pés, rimos, choramos, até que chegou a hora da verdade.

A menina pediu-me de novo para ser sua mãe. Ajoelhei-me na areia com o rosto coberto de lágrimas, fui-lhe contando minha vida e a razão porque nunca poderia ser sua mãe. Ela atenta, segurava minha mão e fazia-me festas.

Contei-lhe tudo, não lhe omiti nada, como se ela fosse uma adulta. E perguntei por fim.... Entendes agora porque não posso te adoptar? Porque não posso ficar contigo?

A menina muito séria, com seus deditos, secou minhas lágrimas e agarrando-se a mim disse-me ao ouvido: - sim mamã querida, eu entendi tudo mas és minha mama a brincar?

Olhei para ela e disse-lhe: - a brincar não... meu coração já te tem amor de mãe, eu te amo meu anjo.

Seus olhinhos encheram-se de estrelinhas brilhantes e feliz fugiu de mim depois de ter deitado areia sobre mim e a gritar, ia-me dizendo, vê se me apanhas e lá ficamos as duas mais um pouquinho a dar e receber amor, esse amor que atrofiava nossos corações.

Fui levá-la ao orfanato ao fim de duas horas como tinha prometido e a diretora, ao ver a menina, não queria crer, que aquela criança fosse a mesma, que saiu dali á duas horas atrás.

Despedi-me de meu anjinho dos caracóis a chorar, mas feliz, porque ela me compreendeu, porque ela, só me pediu amor, depois da nossa conversa, nada mais.

Minha Prenda de Natal...563

Está chegando o Natal, olho à minha volta, e não vejo nada que o represente. Todos os dias levanto-me pensando é hoje que vou preparar a árvore de Natal ,é hoje que vou enfeitar a minha casa, mas chega a noite e nada, nada que me possa lembrar o natal, nada que possa me fazer vibrar com essa palavra que todos adoram, todos a vivem com avidez, com alegria. Porque? Porque será que este ano não sinto nada disso? Será que o mundo acabou para mim? Será que estou destruindo o mais belo que havia dentro de mim?

Que era o amor pelo próximo, porque esse desinteresse por tudo quanto é belo? Tinha prazer em sair de casa e fazer as compras de natal, escolher as prendas para os meus, este ano nada, nada me faz arrancar de casa, nada me consegue fazer reagir, porque meu Deus? Que foi que me fizeram? Que foi que fiz a mim própria? Será que morri? Será que isto é outro mundo e ainda não me apercebi da realidade?

Dá-me luz, dá-me vida porque eu quero viver, eu quero sentir, eu quero amar e ser amada, como um ser humano, não como um objeto, não como um farrapo humano, esse farrapo humano que se olha ao espelho e nada vê de belo.

Será que estou mesmo doente fisicamente? Será que não é o meu psíquico que assim sente e transmite para o corpo?

Eu quero melhorar meus Deus, eu quero voltar a sentir as forças de antigamente, eu quero voltar a sentir dentro de mim a mulher alegre que sempre fui, eu quero voltar a sentir a criança que há dentro de mim, mas que se escondeu, lá no fundo e deixou vir a tona a mulher revoltada, a mulher desinteressada.

Dá-me uma prenda de natal este ano, a única que quero, não material, não luxuosa, eu quero como prenda de natal a mulher que se perdeu, que desapareceu por entre os anos, por entre o sofrimento, eu quero como prenda de natal a mulher que eu sei que ainda existe dentro de mim, a mulher alegre, meiga, carinhosa .

Será meu Deus que é pedir muito? Saúde?, felicidade? Paz interior?, eu não quero mais nada, eu só quero para mim, como prenda de natal

Não me largues a mão.......564

Não me largues a mão.......Não quero voltar de novo a cair.

Tenho medo desse poço donde saí, por favor dá-me tua mão, aperta-me forte, diz-me que não estou só e que bem longe de mim, está esse poço de horrores, negro, que foi meu leito, durante tanto tempo.

Abro a janela, vejo um raio de luz por uma fresta, mas logo de seguida, a esse raio de luz se sobrepõe esse poço, essa escuridão...

Dá-me tua mão, e na falta dela, deixa-me sentir um dedo, a me proteger de meus medos, de minhas escravidões.

Não me largues tua mão.... Estou a cambalear, sinto uma tontura, vou cair...dá-me tua mão.

Chega... 565

Chega... não quero mais escrever, a escrita está a fazer-me mal, meu cérebro não pára, saem as palavras em forma de uma chama, que me obriga a libertá-las.

Não quero mais escrever, uma linha que seja, cansei de limitar minha à alma à escrita, aos meus gritos mudos, em forma de linhas.

Deito-me e logo as palavras veem à ideia, não me deixa descansar, tenho que vir escrever, para me aliviar, para deixar de chorar, para deixar de sentir.

Há tanta gente que gostaria de escrever e eu tenho tanta raiva à escrita, a estas idiotices que me saem da alma, que me queimam, que me humilham, que me deixam fraca, sem forças, sequer para respirar.

Porra sou humana, quero viver, como uma pessoa normal, não quero escrever mais, parar com esta corrente de palavras, que saem sem eu querer, que me obrigam a vir aqui deitá-las cá para fora.

Estive tanto tempo sem escrever, porquê agora não consigo parar? Porque não posso sair, não posso ver nada e logo me apetece escrever?

Tanta pergunta sem resposta, tanta resposta sem perguntas, apenas uma certeza...Não quero escrever mais.

Nas asas do vento...566

Do pó vim...

Para os braços dele vou voltar

Cada partícula de meu ser

Irei transformar naquilo que gosto

Desse pó...

Farei uma rosa amarela

Um bocadinho do mar

Um lírio roxo

Teu rosto numa tela

Um boneco de neve

Um pássaro livre

Uma criança sorrindo

Esse pó...nunca vai voar

Nas asas do vento

Ficará nele minha dor

Minha alegria

Meu sentimento

Minha prosa

Minha poesia

Nas garras do medo...567

Hoje....infelizmente cheguei à triste conclusão, que o medo é o sentimento mais forte que poderemos ter, ao longo de nossa vida pela terra.

Hoje testei alguém, para ver até que ponto, o medo era mais forte que a amizade e cheguei a esta triste conclusão: - Quem tem medos, não pode ter amigos sinceros, não pode ouvir as verdades, não pode ter sempre alguém pronto a ajudá-los. porque o medo não os deixa ver, para além desse sentimento tão pequenino e tão forte ao mesmo tempo.

Ou se tem amigos, ou se tem medos, e quando se ama e não se pode ter amigos, que digam o que sentem, então mas vale ficar sozinhos com esse amor e não chamem os outros de amigos.

Mais triste que isso, é amar alguém ou melhor dizer que ama e não deixar essa pessoa ter amigos, isso não é amor, é egoísmo, é sentimento de posse. Lamento ter encontrado aqui, algo desse género, ter encontrado "amigos", que sentem medo de ter amigos, porque a pessoa que amam, não o deixa viver livremente, os aprisionam nas garras do egoísmo, nas garras da parvoíce.......

Nos ventos do mar....568

Nos ventos do mar, deixo-me ir, à deriva, algum sítio eles hão-de me levar.

Pedi aos ventos que me levassem a viajar, eles sorriram, pegaram em mim, suavemente, colocaram-me em seus lençóis e aí partimos sem destino.

Viajei por mares desconhecidos, por terras de sua majestade, pelas ondas e seus navios gigantescos.

Nessa viagem sorri, chorei, tive coragem, mas também tive medos, mas enfrentei o mundo, nas asas dos ventos.

Vi coisas que jamais imaginaria ver, sorri aos céus, falei com o mar, brinquei na neve, subi montanhas, percorri vales, mergulhei em charcos de águas, umas sujas, outras límpidas, como a alma duma criança.

Nessa viagem vi o filme de minha vida e tive vergonha da minha cobardia, das minhas fugas, dos meus devaneios, das minhas neuras, das minhas lágrimas, dos meus medos.

Voltei...os ventos, trouxeram de volta à terra e estou aqui agora, segura que o meu manhã, vai ser tão diferente do meu ontem, do meu hoje.

Neste arrancar de mim...569

Neste arrancar de mim, na procura da verdade, da paz, sinto todos os fios de meus sentimentos, se entrelaçarem, formando uma bola, que rola, que se autodestrói, deixando correr os anos, ao sabor de dias cinzentos, de dias negros, tão negros, como esta alma que os sente, que os vive, que vive em constantes contradições, sempre na busca da felicidade, essa palavra, que busco em todos os dicionários e que não encontro, em língua alguma.

Procuro no mar, na neve, num cair de orvalho, na gota de um oceano, num desfolhar de árvores, num Outono ainda por chegar, num verão luminoso, com seus raios de sol, que vertem lágrimas rebeldes, silenciosas, amaciando o rosto, com seu sal de dor, de desilusão.

Procuro nas valetas, em escombros acabados de serem descobertos, em alma sensíveis, em mentiras piedosas. Tanto procuro, tão pouco encontro.... Tanto que sinto...Tão pouco o que esqueço

Noite Serrada...570

Noite serrada, não consigo dormir, os pensamentos, giram dentro de mim num torvelinho que encanta, que desencanta, não sei definir esse sentimento, levanto-me, olho à minha volta, a escuridão é grande, abro a luz do candeeiro, 4 da manha?

Que faço aqui deitada? Dou um salto da cama, meto-me debaixo do chuveiro, com um pensamento fixo, vou ver o mar, vou ganhar energias, vou desanuviar estes pensamentos, pego no carro e a alta velocidade me dirijo à praia, que encontro lá? Um mar deserto, umas areias revoltas pela tempestade do dia anterior, mas que paz... deixo-me ali ficar, com o olhar mergulhado naquelas ondas medonhas, e quando dou por mim estou lá dentro, nadando dum lado para outro, apreciando aquela beleza sem fim, olhando dum lado para outro, até que alguma coisa me toca, sinto medo, mas... domino, olho e vejo aquele peixinho lindo que me acaricia com as sua barbatanas, como que dizendo, amiga, não estás só, eu estou aqui, aliviando os teus pensamentos, a tua alma, vem... vem comigo, mergulha neste mar imenso que é o meu mundo, vem....vou-te mostrar as algas que falam, os recifes que choram de solidão, os meus semelhantes que festejam a passagem da tempestade, olha....aprofunda e deixa-te levar por mim, mergulha cada vez mais fundo, olha vês aquele polvo?

Ele te chama, ele te dá as boas vinda, deixa-te ir, não tenhas receio, vem até junto dele,...

Eu vou, um sorriso, uma paz se apoderou de mim, aproximei-me do polvo, que me agarrou com os seus tentáculos, como que me protegendo do meu próprio medo, o peixe aranha se aproxima e me estende seu corpo, as andorinhas do mar me encantam com a sua cor, e um sem número de peixes se aproximam de mim, me sorriem, me embalam com os seus cânticos, me vestem com uma grande cauda vermelha como o fogo, onde o manto era azul celeste, contrastando com o azul/cinzento do mar e me rodopiaram, as raias começaram a cantar, o som da musica foi aumentando, o meu cabelo foi coberto com algas marinhas, lindas, caindo em cascatas ondulantes, com a estrela do mar a fazer de coroa, eu era uma princesa sereia, onde os meus príncipes eram os seres do mar, onde o carinho deles era a minha musica, as barbatanas deles o manto, as ondas revoltas, a carruagem e....

Fui me deixando levar por aquela ilusão linda, profunda, mas a paz tinha voltado ao meu espírito, uma paz que agora sei, me encantava, senti novamente uma caricia, era o meu amigo peixinho que me acordava, com palavras suaves, acorda princesa, teus pensamentos estão limpos, em tua alma se encontra em paz, a paz que vieste procurar aqui nas profundezas do nosso mar, regressa a casa, e volta sempre, sempre que precisares, porque eu estou cá a tua espera, nós estamos aqui para te proteger, adeus....

Com essa palavra acordei e olhei em volta e já era de dia, os pescadores já estavam na faina preparando as suas redes para mais uma labuta, dei uma volta, peguei no carro regressei a casa, deitei-me e adormeci com um sorriso de felicidade, felicidade essa que só a consegui, porque a soube procurar.

A busca...571

Acordo após uns dias de indiferença, de pseudo-vivência e vejo que meu mundo é igual ao de muita gente.

Buscas...buscas... que buscamos? Paz? Essa... só tem uns minutos contados, Felicidade?..... Um sopro que nos tocou nessa hora. Saúde?..... Essa vai desaparecendo com o correr da idade.

Mas por mim falo, essa busca que me acompanha a toda a hora... nos meus sonhos busco a felicidade, a ilusão, o sorriso, busco um mar radioso, que me aconchega, que me dá seu ombro para chorar.

Busco um rosto meu, que inspire paz, luz, alegria.

Busco um braço, que não me deixe cair, nos momentos em que a vida me é madrasta.

Busco uma criança, para me ensinar de novo a crer na humanidade, para acreditar que a verdade ainda existe.

Isso tudo em meus sonhos.... E quando chego à realidade? Ai Jesus, como o acordar é doloroso.......meu coração quer saltar do peito, minha alma chora, em busca desses sonhos, que acreditei serem reais.

Busco através de minhas palavras em forma de escrita, soltar toda essa angústia, toda essa desilusão que a vida me vem dado, no meu dia a dia.

Nessa busca da realidade, não encontro a verdade das crianças, mas sim...a dor...a desilusão, a realidade nua e crua...que um dia nasci...mas que depressa morri...que um dia sorri...mas depressa chorei.... Que um dia voei nas asas da ilusão...mas depressa caí, nos espinhos da vida.

Nessa busca, eu quero crer, que ainda existe gente feliz.... Que o mundo abraçou, nas asas da paz, nas asas do vento, nas asas do amor e da alegria.

Nem sei que te dizer.......572

Dizer que não vejo tuas dores? Estava a mentir

Dizer que sinto tuas angústias, tua solidão, tuas noites sem dormir - não é preciso, porque sabes tão bem como eu.

Dizer que nada posso fazer por isso - também sabes.

Que posso fazer por ti? Só se arrancar dentro de teu peito essa dor, e trazê-la para o meu, porque ele, não iria ficar pesado, já não tem peso e medida, chegou uma altura, que meu coração já aceita tudo, de bom e de mau.

Se tivesse a certeza, que ficarias aliviado, feliz, se levasse comigo tuas tristezas todas, então eu correria para ti, e roubava-tas, como se rouba algo precioso.

Mas nada sei, as tuas dores são minhas, as tuas lágrimas caem por meu rosto, quando estão a correr pelo teu também, queria ser alguém superior para te afagar o rosto e dizer... A partir de hoje estás livre de qualquer tormento, mas não sou.

Sinto-me impotente perante tanta tristeza, ouvir teus desabafos e nada poder fazer por ti, sentir que choras e não poder substituir essas lágrimas, numa rosa amarela, perfumada.

Estou contigo nas horas boas e nas más também, assim tu queiras, tens meu carinho, meu sorriso, meu apoio, minha amizade e... tudo o mais, que há de bom e puro nesta vida.

Não tenho forças para mim, mas.... Se precisares do pouco que me resta, eu te dou, posso cair, mas se for para te dar força e coragem, eu lutarei contra tudo e contra todos, irei ao fim do poço para aguentar tuas mágoas, para te libertar dessa pressão que me oprime também a mim.

Nunca...573

Nunca...mas nunca. Caia chuva, caia pedras, vou-me afastar daqui, vou ver as pessoas a correrem, a sentir o seu stress, vou ver olhos tristes, andando por essas ruas, caras crispadas, pela dor da vida, vou sentir o choro de cada criança que não têm um pai, um mãe, vou sentir o gelo da noite, meu corpo enregelando, porque deixei o casaco em casa, deixei o abafo que me ia aquecer, nesta noite de espera.......

Foi aqui que te perdi, foi aqui que te vi pela última vez, foi aqui que ouvi tua voz, sumida pelo vento do adeus....mas eu sei que voltarás um dia... e nesse dia, estarei aqui, talvez já sem vida, mas minha alma te esperando, para te dizer, que nunca acreditei no teu adeus, porque sabia que um dia voltavas, tarde.... Sim, porque já cá não estou para te abraçar, teus lábios beijar, teu pescoço afagar, porque a morte me levou com ela, nesta espera longa, dorida, nesta espera sem fim.

Foi aqui que senti teus passos, lentos, pesados, cabeça virando para trás, teu olhar de desprezo. E....será aqui, que te vou esperar, será aqui, que irei te encontrar, porque já não consigo estar longe de ti e aqui... estou contigo, com teu rosto, com teu olhar de adeus...até sempre.

Nunca....mas nunca alguém me irá arrastará deste canto, desta rua, onde... um dia te vi partir, onde um dia, verei te chegar, cansado, arrasado, pelo abandono, mas... eu aqui estarei, para te receber, para te proteger.

O abandono da lágrima rebelde...574

Esta lágrima rebelde, que ontem, teimou em cair novamente, por meu rosto, quando a noite caiu, quando a lua espreitou por minha janela, chamando-me à realidade, esta lágrima, que me revoltou, e.... Num desespero, coloquei-a em minha mão, olhando-a, disse - lhe:

Fazemos um pacto, não me persegues mais e eu prometo não mais te cantar, não te poetizar, nesta mão, te transformo agora, numa pérola rosa, pintada com o sangue de meu coração, tu me lembrarás que um dia foste branca e eu te lembrarei que não mais me irás perseguir, deixando-me liberta de ti, que darás lugar ao sorriso, que te acompanhará, que te limpará, até te tornares novamente branca.

Olhou para mim, intensamente, sentindo-se endurecer, com o frio de minhas mãos e com esse olhar de promessa que me iria deixar, ela se transformou numa pérola rosa, que colocá-la-ei em cima de meu PC, para que nem eu, nem ela, nos possamos esquecer que um dia, fizemos um pacto de abandono.

Lágrima minha companheira

Que tanto me acompanhaste

Deixa-me, solta-te de mim

Deixa de ser minha feiticeira

Lembra-te, que hoje, agora

Abandonaste-me

De ti me libertei

Que sem ti... feliz

Ficarei.......

O acordar...575

Quando se acorda dum sono letárgico de anos, sente-se um rasgar nas entranhas, um tropeçar de ideias, como se quiséssemos pensar e não fôssemos capaz.

Sente-se um frio instalar dentro de nosso coração, o frio do medo, desse acordar, o medo da descoberta e no fim sentimos que de nada valeu esse medo, ele, esse acordar, veio e se instalou, já nada o pode arrancar, já nada o pode adormecer.

Um dia damos por nós, a pensar de que como foi vazia, a nossa vida, nesse sono profundo, nesse ninho de medos e terrores, pelo belo, pelo desconhecido, tão presente, dentro de nós, mas também, tão adormecido, tão ausente.

Acordaste-me, vim desse poço, onde um dia adormeci, nas asas do irreal, nas asas dum morcego.

Não me deixes dormir de novo, quero acordar e estar presente, em tua vida, em teus desassossegos, em teus pensamentos, em todos teus medos.

Nada te irei pedir, nada me irás dar, a não ser aquilo, que tanto já me dás, que é um tudo, é uma rosa amarela que sorri em meu jardim, é uma onda do mar que acaricia meu espírito, é uma gaivota que poisa em meu ombro.

Tudo isso me deste, sem nada te pedir, tudo isso senti dentro de mim, tudo isso, sei que não me vais retirar, agora que já é meu.

Se me perguntarem se quero voltar a dormir, digo NÃO, quero viver, quero acordar, quero te amar, quero contigo sonhar.

O amor quando puro...vence sempre...576

Como ela era linda, oriunda duma família riquíssima, sempre com os melhores trajos, cobiçada por tudo que era homem, invejada por tudo que era mulher, e toda a população comentavam - como deve ser feliz esta criatura - Vejam como ela se veste bem, olhem aqueles olhos lindíssimos..........

Os homens das melhores famílias faziam tudo, para a conquistarem, mas... todos eles eram recusados por aquela beleza de mulher, sempre um sorriso em seu rosto, sempre um gesto meigo para todos, apenas com aquele sorriso, dizia não.

Sua natureza, sua alma linda, tal como seu rosto, sofria em silêncio, ninguém sabia que aquele sorriso, escondia um coração sofredor.

Alguém daquela vila, a conhecia tão bem, alguém que em silêncio a olhava e nada dizia, nem um sorriso lhe dirigia em público, nem um cumprimento, alguém que a amava, no silêncio, próprio dos mendigos.

Esse alguém, era um mendigo, que conquistou aquele coração de rainha, e que seu coração de rei também estava conquistado. Mas, havia um mas.... Como em todas as histórias, o vil metal os separava, o vil metal servia para cobrir as lágrimas que corriam por aquele rosto lindo, o vil metal que fazia com que seu mendigo sofresse no silêncio sem poder confiar a alguém seu amor.

Passaram-se dez anos, essa beleza, transformou-se numa bela mulher de trinta e cinco anos que continuava só, sem ninguém a seu lado, porque seu amor de adolescente não podia amá-la aos olhos do mundo.

Um dia.... Já desesperada de tanta solidão, saiu de casa, com um vestido lindo, com seus cabelos soltos, seus olhos verdes, resplandeciam de felicidade, de esperança.

Encontrou uma mendiga que vivia perto de seu amor. Entrou em sua humilde casa, falou com ela e meia hora depois, viu-se sair dessa casa, uma mulher com trajes pobres, com os cabelos desgrenhados, mulher essa, que nunca a tinham visto na vila e andando devagar, sem pressas, bateu à porta do mendigo, que em silêncio sempre a esperou.

Passou-se os dias, ninguém naquela vila, voltou a ver a mulher bela e o mendigo que nunca falava com ninguém, que andava sempre só e um jovem, na sua inocência disse: - Estão juntos, e sorriu, um sorriso inocente, mas malandro, repetindo de seguida - estou a brinca e saiu a correr.

Esse jovem foi testemunha ocular, desses encontros que se repetiram diariamente, ao longo daqueles dez anos e no seu coração rebelde, mas que já conhecia o que eram sentimentos, percebeu que finalmente aqueles dois poderiam viver sua vida em paz e amor, se soubesse silenciar, como assistiu em silêncio, àquele amor sofredor, durante anos e anos

Nossa forma de amar...577

Sempre que quiseres

Podes atravessar

Este rio, que nos separa

Para te ver, para te tocar

Quero teu olhar

Fixo no meu

Nossa forma de amar

Tão especial

Como seres imortais

Nossos beijos

Num toque suave

Únicos....não há iguais

Nossas mãos se tocando

Quando estamos quase a partir

Quando estamos nos afastando

Meu olhar a sorrir

Minha boca a te beijar

Num doce que não há igual

Somos um só....

No querer, na forma de amar

Num arrebatar de emoções...578

Num arrebatar de emoções

Num desejar o que não sei

Num viver de recordações

Vivo uma vida constante

Do que fui, do que sou

Do que serei

Sou a tua trovoada

A tua faísca

A tua relva

O teu rouxinol

Que canta de madrugada

No silêncio do renascer

Sou tua águia

Para contigo voar

Teu adormecer

Teu acordar

Teu reviver

Num comboio de palavras...579

Num comboio de palavras

Num comboio de emoções

Deixei-me levar.......

Descarrilei.......

Pensei não mais levantar

Pensei nada mais sentir

Mas estava enganada

Levei noites sem dormir

Para os carris arranjar

Consegui.......

Meu comboio de silêncio

Voltou a andar, a correr

Na paz do sossego

Na paz do meu querer

Percorro este país

Percorro tudo....

O meu belo prazer

Vejo rios, vales

Vejo o que quero

Percorro palavras

As que falam de dor

As que falam de amor

Meu comboio descarrilado

Anda de mão em mão

Num sentir liberto

Dessas emoções

Dessas angústias

Dessas sensações

Num dia de Inverno...580

Num dia de Inverno

Tremias de frio

Ardias de febre

Gemias de dor

Pedia-as o sol

Não to podia dar

Fui buscar um lençol

Fui buscar um cobertor

Abracei teu corpo

Para te amparar

Aqueci-o com meu amor

Acariciei tuas costas

Beijei teu rosto

Deixaste de tremer

Assim fiquei até o sol-posto

Fiquei até adormeceres

De mãos dadas....

Para te proteger

Num ontem....Tão curto, tão longo...581

Foi ontem que te conheci

Num ontem, tão curto....

Mas tão longo de emoções

Tanta coisa por ti já senti

Tão longo de sensações

Não vou citar esse tanto

Não vou citar

Todo meu pranto

Não vou citar

Todas minhas ilusões

Não vou citar

O quanto te vou amar

O quanto te vou esperar

Não vou citar

Que foi nesse ontem

Que te vi, que te encontrei

Mas vou sim... citar

Que foi nesse ontem

Que te senti, te amei

Nunca deixei de ser "EU"...582

Já sorri

Já chorei

Já fugi...

Mas voltei

Já gritei

Já falei baixinho

Já amei

Com intensidade

Já odiei...

Até que alma me doesse

Já corri....

Já andei devagarinho

Já bebi, até perder a razão

Mas recuperei

Já senti uma grande pressão

Mas também a aliviei

Já me sacrifiquei

Por alguém, que não merecia

Mas de seguida a desprezei

Porque tinha o coração magoado

Já me senti...

Junto de muita gente

Mas também...

Sem ninguém a meu lado

Já fiz amor....

Com a maior das paixões

Mas também, já o fiz

Com a maior das desilusões

Já beijei com intensidade

Já beijei por caridade

Tanto que já fiz...

Tanto que já perdi

Tanto que ganhei

Tanta coisa me fez bem

Tanta coisa me doeu

Mas... posso dizer também

Nunca deixei de ser "EU"

Senti.......583...

Senti que eras importante

Senti que eras algo precioso

Senti que eras meu amante
Senti que te perdi

Senti um aperto doloroso

Mas.........

Nunca digas adeus

Não suporto essa palavra

Sai da minha vida

Mas sai sem deixar rastos

Mesmo que eu sangre uns dias

Mesmo que eu chore

Mas sai sem dizer nada

Viveste para mim

Viveste o nosso momento

Deste-me o que de bom eu senti

Deste-me o mais lindo sentimento

Nada, Nada quero mais

Mas......

Nunca digas adeus

Nunca...584

Nunca...mas nunca. Caia chuva, caia pedras, eu vou-me afastar daqui, vou ver as pessoas a correrem, a sentir o seu stress, vou ver olhos tristes, andando por essas ruas, caras crispadas, pela dor da vida, vou sentir o choro de cada criança que não têm um pai, um mãe, vou sentir o gelo da noite, meu corpo enregelando, porque deixei o casaco em casa, deixei o abafo que me ia aquecer, nesta noite de espera.......

Foi aqui que te perdi, foi aqui que te vi pela última vez, foi aqui que ouvi tua voz, sumida pelo vento do adeus....mas eu sei que voltarás um dia... e nesse dia, estarei aqui, talvez já sem vida, mas minha alma te esperando, para te dizer, que nunca acreditei no teu adeus, porque sabia que um ia voltavas, tarde.... Sim, porque já cá não estou para te abraçar, teus lábios beijar, teu pescoço afagar, porque a morte me levou com ela, nesta espera longa, dorida, nesta espera sem fim.

Foi aqui que senti teus passos, lentos, pesados, cabeça virando para trás, teu olhar de desprezo. E....será aqui, que te vou esperar, será aqui, que irei te encontrar, porque já não consigo estar longe de ti e aqui... estou contigo, com teu rosto, com teu olhar de adeus...até sempre.

Nunca....mas nunca alguém me irá arrastará deste canto, desta rua, onde... um dia te vi partir, onde um dia, verei te chegar, cansado, arrasado, pelo abandono, mas... eu aqui estarei, para te receber, para te proteger.

O amanhecer...585

Hoje acordei....

Com sabor a mar

Com sabor a maresia

Esse sabor que me deu

Tanta paz, tanta alegria

Que bom me sentir assim

Com um pé na terra

Outro no horizonte

Com olhos na serra

Então... para mim jurei

Desta paz....

Não mais me afastar

Esta calma....

Com sabor a alecrim

Com cheiro a jasmim

Meu coração a assobiar

Eu vou conseguir

Eu vou ser capaz

De ir em frente

Sem nada tropeçar

Não vou mais fugir

Não vou mais chorar

O amarrar...586

O amarrar uma corda

O desancorar dum barco

Um vestido, uma camisa

Até mesmo um trapo

São quotidianos da vida

São prazeres do dia a dia

Uma carta... em voz alta lida

São passos que eu, tu, seguia

São vidas que vivemos...

São passagens....

Que vemos, que sentimos

São sentimentos pequenos

Mas....

Que jamais fugimos

Isso sim... é viver

É sorrir, é chorar,

É andar, é correr

O amor adoeceu....587

Cansado de andar

Pelas ruas da amargura

O amor adoeceu

Já não sente carinho

Enfraqueceu....

Já não sente ternura

Hoje sente-se cansado

Sem forças para lutar

Tudo o que tinha, se perdeu

Sente-se desamparado

Num mundo muito triste

Num mundo....

Que não é seu

Um mundo afastado

Suas cores estão a faltar

Está-se a tornar negro

Num dia tão tarde

Num dia tão cedo

Como ele lutou

Para ser forte

Como ele jurou

Nunca adoecer

Mas a vida....

As voltas, lhe trocou

Hoje triste e cansado

Com a vida a fraquejar

Se entregou à solidão

Não quer mais se dar

Não quer mais viver

Um beijo...588´

Pediste-me um beijo
Com tua voz ternurenta
Olhei para ti docemente
Juntei meus lábios aos teus
Senti tua boca sedenta
Teu olhar de desejo
Acariciei tua pele
Num toque suave, delicado
Saboreando nosso beijo
Num trago, doce, a sabor a mel
Fechei meus olhos
Nada queria ver...
Tudo queria sentir
Tuas mãos, teu olhar
Tuas carícias, teu ser
Foi assim...
Que de ti me despedi
Foi assim....
Que não mais te vi
Um adeus doce, sofredor
Mas.... Tinha que acontecer
Ficando apenas minha dor

O desconhecido...589

O desconhecido

O mistério

A fantasia

Coisa linda

Um sonho

Uma alegria

Um olho fechado

Tudo finda

Num olhar trocado

Tudo acaba

Num frente a frente

Acaba-se a ilusão

Um bater de coração

E...vem a realidade

A luz em nossa mente

Vem a saudade

Vem a dor

A flecha atirada

Não somos nada

Vem a verdade

Somos uma passagem

Somos um rio

Somos uma margem

O amor que se transformou em fumo.....590

Passeávamos à beira ma, de mãos dadas, descalços, sentindo as ondas do mar, massajar nossos pés, caminhávamos passo a passo, teu rosto estava calmo, sorridente, falavas muito e eu escutava-te entusiasmada.

De repente paravas, olhavas-me fixamente, e sorrias para mim, retribuía-te o sorriso e continuávamos o nosso passeio.

Tinha passado umas duas horas e não sentíamos cansados, estávamos felizes de encontrarmo-nos só os dois, à beira mar, só nós e o mar.

Mas lentamente foste parando, pegaste em minhas mãos, dizendo-me com voz rouca: - Amo-te tanto.

Ia sorrir ao ouvir tua voz a dizer-me isso, quando, olhei para teus pés e vi um fumo vindo deles, e meu sorriso ficou a meio, dando lugar a um ar assustado.

Gritei - Que se passa, donde vem esse fumo? Onde estão teus pés?

Agarraste meu rosto suavemente, encostaste teus lábios aos meus e beijaste-me, como nunca o tinhas feito, com o sabor de teu beijo, senti um sabor salgado, das lágrimas que corriam por teu rosto, misturando-se, com o molhado de tua boca.

De novo, agarraste minhas mãos, apertaste-as com forças, teu corpo tremia e com voz tremente disseste-me: - Amo-te, mas está na hora do nosso adeus. Senti dor nessas palavras, que se misturavam com o fumo, que já subia até tuas ancas.

-Não, não podes me abandonar, olha para mim, não me deixes sozinha, mas tu já não poderias responder, com um barulho forte, teu corpo se transformou em fumo.

Deixei de te ver, chorei, gritei, mas tu já não ouvias, tinhas desaparecido.

Sentei-me na areia com as mãos tapando os olhos e quando os destapei, olhei para o buraco que havia na areia feita pelo fumo que te levou e no lugar onde estava teu corpo, tinha nascido uma rosa amarela, que retirei de lá com carinho, cheirando-a.

Tinha teu perfume, o cheiro de teu corpo, a suavidade de tuas mãos e trouxe-a comigo.

Hoje está em meu quarto, sempre olhando para mim, maravilhosa, vistosa, sempre linda, e todos os dias a beijo, como se beijasse tua boca e é com esse beijo que a rego e a mantenho viva, como vivo, está esse meu amor por ti.

O amor que tudo dá, sem nada esperar em troca...591

Cindo da manhã, tocou a campainha, fui ver quem era, ainda ensonada, esfregando os olhos e quando deparei contigo todo esfarrapado, sangrando no rosto, no peito, nos braços, assustei-me, pensando que estava a ter um pesadelo, mas não.... A realidade estava ali diante dos meus olhos.

Estavas ali diante de mim, magoado, gemendo de dores, com os olhos semicerrados, e só tive tempo de te olhar e agarrar-te, tinhas acabado de desmaiar.

Não me assustei, reagi, estavas ali, precisavas de mim, e não podia negar essa ajuda, estavas muito mal, deitei-te no sofá, fui buscar uma toalha molhada e passei-a por teu rosto, dei-te um beijo para reagires, e senti que mexias os olhos, mas ainda semi-inconscientes, continuei a limpar o resto do sangue que percorria em tuas feridas, sempre em silêncio, nada te dizia, não te reconhecia, assim nesse estado, mas meu coração reconheceu-te logo.

Ainda demoraste a reagir, a acordar de vez , quando o fizeste, perguntaste o que te tinha acontecido e eu suavemente respondi que desconhecia, que a única coisa que sabia é que tinhas batido à minha porta, nesse estado lastimoso.

Tentaste te levantar do sofá, mas tuas forças, foram-se abaixo, e eu novamente em silencio fui limpando-te e saí devagarinho, quando vi que adormeceste.

Preparei uma roupa lavada, um fato de treino, a única coisa que tinhas cá deixado, que eu religiosamente o guardei, talvez com a esperança, que um dia te visse vestido com ele e assim ia acontecer.

Uma hora depois acordaste e viste-me ali sentada no chão a olhar para ti, e como se tivesse sido ontem, que me tinhas abandonado, sorriste para mim, apertando minhas mãos, pronunciando a palavra - desculpa-me.

Perguntaste porque te ajudei, não respondi, olhei para ti, e como conhecias meu olhar, soubeste de imediato porque te recebi de novo em casa. - Tão simples....quem ama, perdoa, esquece o passado feio, as lágrimas, as dores, os dias de solidão que pesavam como chumbo, mas...o amor supera tudo quando é incondicional, quando se dá, sem nada esperar em troca.

O arco-íris....592

Um dia chove torrencialmente, outro, faz um dia radioso, como este tempo anda trocado, anda sem sentido, e este tempo se chama "Elisabete", ontem o mundo ruía a meus pés, hoje acordei e vi a vida por um prisma diferente, a um canto desse prisma vi uma cor - o rosa, já não vi a escuridão de ontem e sorri, pela 1ª vez, minha alma, estava quieta, sem dor, sem mágoas, sem revoltas.

Peguei nesse prisma e corri cada canto dele e em cada um deles, vi uma cor, o verde, o azul, o amarelo, um cem números de cores, uma mistura que fez meu espírito se infiltrar num arco-íris.

Voltei a pegar na máquina de fotografar e captei essa imagem maravilhosa, para que num amanhã, que me sinta no poço novamente, na escuridão, possa ir buscar essa foto e ver que houve um dia recente, vi, senti a vida, com outra liberdade, com outro sentimento, o não de repulsa por mim, não sentimento de cobardia.

Vou escrever...à terra, vou escrever às nuvens, escrever ao mar, vou lá deixar minha mensagem e dizer-lhes que cumpri a minha O dinheiro ....esse vil metal finalmente.

Vou dizer ao mar que ontem fui egoísta, que fui rebelde, vou dizer ao mar, que te encontrei, que contigo falei, que contigo desabafei, que tuas palavras eu ouvi, que teus conselhos os senti...

Vou dizer ao mar, que não vou deixar chover mais dentro de mim, vou procurar a primavera, o sol, vou procurar esse pássaro que teimou voar para dentro de mim, esse pássaro que queria voar alto, nas asas do sonho, nas asas da liberdade.

TE AMO, MEU MAR, MEU AMIGO, MEU CONFIDENTE....te amo, por aquilo que me mostras ser, por aquilo que me dás, pelas horas que comigo passas, obrigada por existires dentro deste ser pequenino, que se intitula por "Elisabete"

O dinheiro ....esse vil metal ...593

O dinheiro ....esse vil metal, destruidor da paz, do carinho, da felicidade.

A ganância, essa ordinária, que entra na nossa vida, como por encanto, que nos desfaz descer à escala zero.

Apetece-me gritar......Porra...acabem com o dinheiro, quero paz. Quero sons à minha volta, quero harmonia, mas por favor...tirem-me dessa coisa suja, que me queima as mãos.

A vida é tão calma, até que ele, entra nela, destruindo todos os valores, que nos ensinaram em crianças.

Fecho os olhos e não oiço uma palavra, só o som desse porco, que me quer destruir, que me quer afastar daquilo que mais quero na vida, desse ser, que um dia, alguém se lembrou de lhe dar demasiada importância, que se intitula de dinheiro.

As lágrimas correm-me pelo rosto, e em vez duma rosa amarela, como se costumam transformar, vejo dinheiro, e.... Com raiva pego nele, rasgo-o, destruo-o por entre os dedos, num grito de raiva, de dor....fora daqui...não te quero ao pé de mim.

Desaparece, porque não tens lugar na minha vida.

Quero paz, quero um sorriso, que me ilumine a alma, quero um som meigo, que acarinhe meu coração, não quero dinheiro, não..........

O homem...594

Ontem falei da mulher, hoje falo desse ser chamado homem....

O homem é outro ser tão enigmático como a mulher, tão completo como a mulher, mas duma fragilidade, sem limites.

O homem como a fama o diz... não tem o sexo, como horizonte, mas sim, um carinho, a felicidade, umas mãos suaves para o acarinhar, um olhar para o deliciar.

Como mulher afirmo, que gostava de desvendar o interior (alma) do homem, e garanto-vos que, jamais me iria desiludir, aquele ar de dono da casa, dono do mundo e da força, não existe.

Dentro desse mundo chamado homem, eu encontraria uma lágrima rebelde, que teima em não cair, para lhe desanuviar as cargas do dia a dia, porque o mundo ignorante diz : - O homem não chora.

Mas no seu leito, quantas lágrimas molham suas almofadas, no silêncio da noite pesada, que teima em não passar.

Não sou feminista, não...eu admiro esse ser, que nos completa, que nos faz sorrir, que nos dá a mão, quando dela precisamos, que nos faz sofrer também....mas se ele é tão ruim, como reza a história, porque nós gostamos deles? Porque os procuramos, os aceitamos? Porque no fundo de cada mulher, há uma admiração por esse ser que chamamos de "HOMEM".

Fecha-se uma porta...595

Fecha-se uma porta

Logo outra se abre

Para quê sentirmos dor

Para quê essa saudade?

Que nos destrói

Nos tira a vontade de viver

Nos tira a liberdade

Não vale a pena sofrer

A saudade nos mata

A lembrança nos dói

Temos que aceitar

Com um sorriso nos lábios

Uma lágrima no coração

O que a vida que quer dar

Ou alegrias, ou solidão

Temos que ser sábios

Não nos deixar trair

Ela é falsa....

Nos prega partidas

Nos dá dor....

Nos faz feridas

Felicidade...596

Um dia conheci uma menina chamada "FELICIDADE"...era tão pequenina, tão frágil, que me apaixonei por ela, tentando agarrá-la só para mim.

Ela... como ser indefeso que era, deixou-se agarrar e vivia comigo, dias e dias a fio, sem reclamar, sempre feliz.

Mas certo dia... viu que era demais para mim, e tentou me avisar que se ia embora, eu não percebi e continuei iludida, que ela iria viver para sempre comigo.

Mas... como estava enganada, não tinha sido feita, para estar junto a mim, e aos poucos, foi-se afastando, com mentiras, com falsas ilusões, com a palavra " hoje...não posso estar contigo".

Não quis aceitar, que a felicidade um dia, se ia para sempre e comecei a pressioná-la, mas que tolice a minha, ela já não vivia dentro de meu ser, ela aos poucos já se tinha desligado de mim.

Hoje... encarei a realidade e vi que quis aquilo que não me estava destinado, quis ser feliz, quis sorrir, quis pular, quis voar, mas quem voou foi essa menina " a felicidade" que um dia pensei, fosse parte integral de meu ser.

Fugiu.... E nesse dia que ela fugiu, lutei, gritei de desespero, procurei-a no mar, nas pedras, na neve, no sol, entre as selvas, entre o universo e a realidade.

Nessa busca ansiosa, em vez de encontrar essa menina, que batizei de felicidade, encontrei outra em seu lugar, não tão linda, não tão luminosa, mas que me implorou que a aceitasse, que a deixasse viver dentro de mim.

Não a quis, empurrei-a, mandei-a embora, mas ela, teimosa, se instalou e não mais saiu de mim, um dia ela pediu-me para eu lhe dar um nome, e nesse dia a batizei, tal como tinha feito com a pequena felicidade e dei-lhe o nome de "TRISTEZA" .

Hoje, vive comigo, na esperança que nunca mais encontre, a menina frágil, sensível, procurando, que nunca venha a conhecer outra menina, com o nome de felicidade.

Porque não ficamos em casa?...597

Estou cansada de ficar em casa, quero espairecer, ver o mar, falar com pessoas... Vê-las, tocá-las....

Quanto milhões de pessoas não têm este pensamento permanentemente? Muitas... Mais do que sonhamos...

Mas vamos imaginar que lá fora, está um temporal medonho... caem telhados, candeeiros, árvores deitadas a baixo, o vento assobia com a força dum leão, tão forte que mete medo.... aí...não saímos de casa, com medo de morrer. O terror de levar com um telhado,, uma árvore em cima.

Ou que estamos em guerra, vamos à rua, sujeitos a levar um tiro , uma guerra que não poupa inocentes e com medo ficámos em casa.

Tal essa guerra, a que nos avizinhou neste momento, também não poupa inocentes...esse temporal, essa guerra, está lá fora... Invisível, mas terrível, que dia para dia está a matar mais pessoas...mas nós não vemos esse monstro e queremos sair de casa.

Mas ele está lá, à nossa espera, à espreita dum descuido nosso e não pede por favor...para entrar nas nossas vidas, para matar inocentes.

Dum momento para outro, sentimos, como já milhares de pessoas sentiram, que nos tiraram parte do nosso ser,,, levando nossa família, sem dela, podermos dizer "adeus"...porque esse familiar, foi tomado por esse temporal invisível, que o minou, obrigando-o a ser cremado, sem uma lágrima nossa de despedida.... Mas.... "Ninguém" o respeita, porque ele é invisível.

Porque não ficamos em casa? Esse temporal chamado Covid-19, vai desaparecer, e com ele surgirá em nosso rosto um sorriso de alegria, porque o vencemos de maneira tão simples....FICANDO EM CASA....

Coronavírus....598

Como todos que me conhecem, sabem que adoro estar em casa, mas.... desta vez estou a começar a sentir fobia, vejo na televisão as pessoas de fatos como se fossem uns astronautas, de máscaras e começo a sentir falta de ar.

Sinto que estou a ser castigada de algo que não cometi, infelizmente um castigo que está a abranger todo o mundo, um castigo imponente, um castigo que magoa a carne, e magoa a alma.

As noites, já as estou a dormir mal...Adormeço e vejo-me de máscara, dói-me o corpo, e sinto falta de ar.... sinto um bastão, tocando minhas costas, como se as ferisse, vejo sangue em minhas costas e acordo assustada.... e pergunto...Porquê?

Não tenho respostas, porque todo o mundo está a sentir esse bastão em sua vida, esse castigo maldito, que em muitas famílias está a ser a destruição completa...perdas de empregos...perdas de vidas...e quantas....muita fome.

Monstro maldito, que nos estás a fazer tão mal...afasta-te...não vás para longe...destrói-te mesmo, para que nunca mais entres na vida de toda a gente.

Já não consigo ,ver televisão, ver essas forças do bem...( médicos, enfermeiros, trabalhadores do serviço nacional de saúde, forças de segurança e afins)...a darem sua vida, seu suor, em prol da nossa saúde, do nosso futuro bem estar.

A todos a minha oração mais profunda....os meus mais sentimentos positivos, para que vossa força, continue a resistir e nada de mal possa acontecer convosco.

Resumindo...Tenho medo, não por mim, mas por minha família, por meus amigos, pelo mundo inteiro. Vamos dar as mãos e juntos conseguiremos vencer essa força do mal, chamado "coronavírus".

Sonhos perdidos...por aí ..599

Sonhei a vida toda, num dia de chuva, sair à rua e não ver ninguém...andar por aí, só eu e a chuva e um mundo lá dentro escondido, hoje esse sonho tornou-se realidade.

Saí por aí, sufocada, queria apanhar ar, o da varanda, não me satisfazia...sair por aí...

Mas como estava enganada, esse sonho não se tornou realidade, mas sim um sonho perdido, porque via as pessoas nas janelas, com o mesmo sufoco que eu, a mesma vontade que a minha...sair por aí...para onde? Tanto faz...

Esse sonho, chamo de perdido, porque a realidade é mais grave, mais dura e cruel.

Cá fora está o mundo que sonhei, mas dentro das casas há o terror de ir à rua, o medo de ser apanhados por esse vírus maldito.

Parei no meio da estrada...meu olhar percorreu tudo o que minha vista abrangia e tive medo...muito medo... Meus sonhos eram falsos, eram egoístas, como eu fui ao sair à rua.

Voltei para casa, tomei um duche e com essa água do duche, minhas lágrimas misturam-se, como se cravassem em minha alma, e fizessem doer meu corpo.

Gritei...Egoísta...sonhos realizados? Não...teu sufoco aumentou, porque um dia sonhaste e hoje, esse sonho, tornou-se numa realidade terrível... Eu não posso sair de casa...porque lá fora predomina o mal, a proximidade da morte...um sonho destruído.

UM SONHO APENAS.... NÂO SAÍ DE CASA...

A Aldeia de meus sonhos...600

Um aldeia pequenina, uma casa de Pedra, rodeada de um pedregulho como a dizer à velhinha casa, eu vou-te proteger, desço as escadas e à minha volta encontro pedras, uma das minhas paixões, rodeadas dumas ervas daninhas, que lembra uma infância perdida, que não foi minha, mas que sempre esteve presente em minha mente.

Um sonho perdido, envolto dumas chamas vindas duma larareira, também construída de pedra e deixo voar minha mente, sonhando comigo sentada no chão em cima duma manta velhinha mas muito limpa, com um livro nas mãos e meu olhar se perdendo por suas linhas alternando-o com as chispas que saem dessa lareira.

Sonho, sonho alto, sou a personagem desse romance e sinto que minha vida é linda, vivendo nesta casinha humilde, rodeada apenas do belo da natureza, construída por pedras, ervas e céu limpo de nuvens, mas o frio entrando no corpo aquecendo a alma, da paz que este recanto traz ate mim.

Amanhã....601

Amanhã quando acordar, quero pensar que há um mundo lindo à minha volta, quero crer, que voltei duma viagem longa, onde o cansaço, o desânimo, o medo, a fobia, foram a minha bagagem.

Amanhã quando acordar, quero sentar-me na cama, erguer os olhos e dizer para dentro de mim - obrigada, porque lutaste, obrigada por me tirares essa carga pesada que levavas na tua viagem

Amanhã quando acordar quero beber o néctar da vida, acordar com o apetite de outrora, o apetite da vida.

Amanhã quando acordar, quero ouvir......ouvir.... o que a Televisão tem para dizer....Acabou..

Amanhã quando acordar, quero sentir os pés no chão e sorrir...

Amanhã quando acordar.......Quero viver...

Amanhã quando acordar, quero ver o mar, quero correr, quer sair....

Amanhã quando acordar............Quero ser eu de novo...a criança de outrora... que hoje...ainda não sei onde mora...

Tudo ou nada....602

Eu quero amar-te, independentemente do teu estado físico, da tua cor, do teu sorriso, da tua roupa.....

Quero abraçar-te, quando me abraçares, quero teu beijo, quando me beijares, quero teu amor, se me amares, quero teu sorriso, se me sorrires....

Quero tudo o que me dês, sem ter que te pedir, quero que adivinhes meus desejos, meus quereres... Quero tua mão, se ma quiseres dar, quero teu olhar fixo no meu, se ele estiver predisposto a olhar-me...

Quero tua paz, se ma quiseres dar, para que a mesma eu possa sentir, quero teu colo para adormecer, se ele for forte suficiente, para acalmar minhas dores...

Quero que teus passos acompanhem os meus, se eles souberem ser tão lentos, como os meus são neste momento....

Quero acordar com o toque do telefone, se nesse momento, estiveres disposto a acordar-me...

Quero acordar com tua voz carinhosa, se estiveres disposto a dar-me todo esse carinho que tanto necessito...

Eu quero tudooooo.... e não quero nadaaaaa...se esse tudo fores tu... e se esse nada, não for a tua pessoa.....

Um arrancar de mim....603

Se fosse arrancar tudo o que já vi, o que já senti, tudo o que já chorei, tudo o que já sorri, tudo o que nunca dei por egoísmo, tudo o que vivi, tudo por onde passei, por caminhos, tortuosos, caminhos de cravos, caminhos de espinhos.......se fosse arrancar tudo o que escrevi, tudo o que dei, tudo o que tirei, todo o amor que senti, todo o rancor que dei a quem não merecia.......

Se fosse arrancar tudo isso e muito mais.....ficaria a viver num mundo raro, num mundo que acabei de construir, belo? Simples? Complicado?

Não sei....mas se for arrancar tudo da minha vida, quem serei amanha? Deambulando por esse mundo fora, sem passado, sem presente, sem uma perspectiva de futuro.

Se fosse fazer a vontade a meu espírito rebelde, iria agora, arrancando cada pedaço de meu ser, iria me tornar naquela pedra linda, que encontrei há pouco à beira mar, mas fria, sem vida, iria me tornar naquela rosa amarela, que sempre a desejei, iria me tornar numa asa, pegar em ti e voar por esse horizonte fora, iria me tornar nessa cadeira de baloiço que vejo em teu terraço, sentar-te-ia nela e adormecia-te, com sussurros, com palavras doces e de seguida, sairia devagar, para não te acordar, deixaria só o sabor de meu regaço.

7 de Abril de 2019....604

Hoje.... 7 de Abril de 2019.... hoje.... meu Deus.... como hei-de dizer-te adeus, se agarrada a teu corpinho inerte, a chorar desconsoladamente, não consegui.... não soube dizer-te adeus?

Diz-me meu amor... como vou viver sem ti? Como vou chegar a casa e não poder ouvir teu choro, como a ralhar comigo, pelas horas que passei longe ti?

Diz-me... o que vai ser da minha vida daqui em diante, sem tua presença...
Diz-me porque partiste? Não eras feliz comigo? Não te dei parte da minha vida? E agora? Não tinhas o direito de me abandonar, porque se me dessem a escolher, eu preferia ir no teu lugar.

Um ano se passou após a morte de tua irmã.... e agora tu? Digam-me.... que tanto mal fiz nesta vida para perder os meus dois filhos queridos? Devo ser um monstro que não tem direito de ser amada, porque todos que amo... mos tiram, não sabendo que com isso, estão desgastando minha alma... essa alma que está tão destruída hoje, com tua partida meu amor pequenino.

Se fosse arrancar tudo de mim.... Hoje gritaria baixinho - sou uma rocha, sou uma flor, sou teu perfume, que entranha por teus sentidos.

Seria teu pensar, seria aquilo que sonhas, mas não queres, seria a escrava de teus pecados, seria aquilo que queria ser.........teus lábios feridos, teus olhos sofridos. Seria - Um arrancar tudo de mim.

Não era para escrever nada sobre ti, meu amorzinho, uma vez que eras uma menina muito reservada, mas...esta dor está a tornar-se insuportável, tenho que passar para as teclas a ver se consigo dissipar toda angústia, dor, saudades que tenho de ti.

Sabia que não ias durar muitos mais anos, mas nunca julguei que fosse tão cedo, um AVC, vindo do nada, que te deixou sem andar, depois a médica que quase me deu a atender, que te iria dar outro, mas eu, no meu egoísmo de mãe, recusei aceitar, apenas dando-te colinho, beijos e todo o amor, que brotava deste peito tão amargurado.

Vinte e uma e cinco, do dia 16 de Abril deste ano olhei para ti, peguei-te ao colo, senti uma dor aguda no peito, no momento que vi que te estava a dar o segundo AVC, mas continuando egoísta, gritei apenas," MIMI" não me deixes, vive para a tua mamã e teu mano, mas tu já estavas quase do outro lado deste mundo e cerraste os dentes e ficaste-te no meu colo, já sem vida, um ar calmo, a contradizer com tormento vindo de dentro do meu ser.

Chorei muito, muito, depois, peguei numa mantinha e deitei-te, na esperança que horas depois já estavas a dar-me os teus beijinhos doces, que só tu,. sabias dar, mas meu Deus.... Tu não me beijaste, estavas já tão gelada e aí....acordei....Nunca mais irias ser minha, nem do mano. Foste para outro mundo, quem sabe, junto do papá.

Peguei no mano ao colo, que já andava triste com a falta da tua presença e falei com ele, como se me fosse compreender...a mana já cá não está, deixou-nos, morreu, foi para outro mundo....ele, agarrou-se a mime não suportei seu olhar de tristeza, mas a realidade estava ali diante de nós...dura e crua...tu morreste minha Mimi, e a vida sem ti, já não tem o mesmo sentido, tanto para mim, como para o mano.

Tanta saudade, tanta dor....eu mereço que me tirem todos os seres que adoro? Talvez...serei má? ...talvez....Mas meu xikinho não merece mesmo, esse tormento de viver sem a tua presença.

Até um dia Mimi, meu amor lindo, minha menina pequenina e branquinha, como sua alma pura,